E então, atração

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O sol voltou a brilhar na manhã seguinte, e com o seu nascer, novos preparativos se mostraram necessários. Era o segundo dia de festa para comemorar o aniversário de minha sobrinha, e Namjoon, como no dia anterior, tinha milhares de coisas para fazer. A festa era um tanto diferente e precisava se iniciar ainda durante o dia, e para que tudo ocorresse bem, mais uma vez me juntei a ele para prestar auxílio. Sem a companhia do Rei Consorte, nosso pai, entretanto.

Naquele dia nossos pais e as mães de Seokjin estavam reunidos, realizando passeios junto a outros membros reais das famílias, conhecendo o Reino de Gwacheon. Eu deveria ter ido junto, mas preferi o ambiente fechado do Palácio a ter que caminhar entre alfas e ômegas como se fosse invisível. Ao menos ali, ajudando na arrumação, minha invisibilidade social era útil, e não motivo de indiferença.

Tal qual no dia do Baile Inaugural, terminamos os afazeres quase no horário de comparecer à festa, e nos apressamos para nos arrumar. Faltava muito pouco para que eu estivesse pronto quando escutei batidas na porta de meu aposento. Atendi-a, esperando ser Namjoon, meu pai, ou até mesmo a Rainha, mas a visita era outra. De certa maneira, assumo que fiquei surpreso, porém, não exatamente chocado com a presença diante de mim.

— Hoje o baile é voltado para as crianças, por isto se inicia mais cedo. — O Conde disse após me fazer uma reverência. — As formalidades são menores e geralmente o salão fica habitado por casais que possuem filhos pequenos. Imaginei se não gostarias de continuar a conversa de ontem ao realizar uma inspeção na estufa do Rei. Há espécimes peculiares que não vais a ver em nenhuma outra parte.

— E por que eu o faria? — Segurava a porta em frente a meu corpo, por razão alguma. — Hoje seria o dia perfeito para conhecer melhor a Princesa. Mal tive contato com minha sobrinha desde que cheguei.

— Terás tempo para tanto, Príncipe, assim que o poente acontecer. Uma criança pode ser admirada em qualquer hora, afinal. O que te peço é a oportunidade de te mostrar a estufa durante o dia, já que a lamparina não lhe faria justiça alguma.

Pus-me, pois, a considerar o que havia escutado. Não seria muito polido de minha parte aceitar a proposta. Como irmão do Rei do Continente, era esperado que estivesse presente de forma integral na totalidade das festividades. No entanto, não seria, também, como se minha presença fosse indispensável desde o princípio do segundo dia de festa. As apresentações e cumprimentos já haviam sido feitos na noite anterior. A mim bastava comparecer, no instante que fosse.

Talvez não fosse de todo mal aceitar a oferta do Conde naquele momento. Lidando bem com tudo, a ninguém haveria de machucar.

Sem apresentar resposta pedi-lhe licença, e terminei de me vestir, a portas fechadas. Em poucos minutos eu já estava do lado de fora do quarto, sendo recebido por um ruivo bastante contente por me ver cedendo a um pedido seu, ao menos assim supus.

Caminhamos lado a lado, e após sair do Palácio, ele começou a discursar sobre as plantas pelas quais passávamos. Muitas já haviam sido admiradas durante a noite, mas, na claridade do dia, tinham aspectos bem mais formosos. Exatamente como ele dissera, a ausência da luz natural não fazia justiça alguma àquelas plantas; estavam todas ainda mais belas com a iluminação solar.

Bem mais breve do que minha expectativa, já estávamos à porta da estufa.

— Depois do Príncipe.

Hoseok disse ao me fazer uma reverência e indicar, com as mãos, que eu tomasse a dianteira. Agradeci silente e então segui em frente, abrindo a porta e entrando no ambiente. Era bastante bonito e plenamente diversificado, à primeira vista.

— Bastante imponente, não concordas? — Questionou ao se aproximar de mim.

— Por certo.

— É como o Rei gosta. Este é um ambiente muito pessoal e de enorme predileção de Nossa Majestade Real. — Colocou-se à minha frente, virando-se para me encarar. — Existem espécimes aqui de lugares distantes, bem como há os que são representativos de nosso reino. Ele mesmo escolheu a maioria de acordo com seu próprio gosto. O Rei é um grande admirador da beleza natural, dedica-se bastante ao cultivo de suas plantas.

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