Prólogo

62 8 19
                                    

Elena

Vovó terminava de tirar o bolo do forno a lenha que ela tinha na varanda de sua casa, enquanto Manuela, minha sobrinha, corria animada atrás de Marley, nosso cachorro de estimação. As tardes de domingo eram sempre calmas e confortáveis, a família toda se juntava na casa da vovó Maria, ela fazia questão de ter a família reunida todos os domingos. Era uma tradição.

Após o almoço, vovó sempre fazia alguma coisa para o café da tarde, fosse um bolo, uma broa ou até mesmo pão de queijo, ela sempre dizia que demonstrava seu amor através da comida e então sempre se dedicava ao máximo para dar o seu melhor em todas as refeições.

— Manu, deixe Marley em paz. — Vovó pediu enquanto colocava o bolo na enorme mesa de madeira.

Manuela imediatamente deixou Marley descansar e correu para a mesa ao perceber que vovó colocou o bolo no local. Manu foi a primeira a se sentar, animada para comer o bolo da bisavó, ela dizia ser o melhor do mundo.

— Tia Lena, vem comer, a bisa fez o seu favorito.

Minha sobrinha me olhava com um sorriso animado, deixando suas covinhas aparentes. Manuela se parecia comigo quando criança, o cabelo preto liso sempre preso em um rabo de cavalo, os olhos castanhos curiosos, embora os de Manu fossem mais claros que os meus. Vovó costumava dizer que minha sobrinha se parecia mais comigo do que eu mesma e eu tinha certeza de que sentiria falta da garotinha assim que embarcasse.

— Minha filha, prova. — Vovó se aproximou com um pedaço do bolo em um prato e eu sorri.

— Obrigada, vovó. — Agradeci e experimentei o bolo. Estava divino como sempre. — Está maravilhoso.

Vovó sorriu e se afastou, indo servir o resto das pessoas que estavam presentes. Continuei a comer meu bolo e era sempre a mesma sensação de estar no céu, vovó conseguia atingir seu propósito de transmitir o amor através da comida todas as vezes. Dona Maria, como os outros a chamavam, estava no auge de seus 76 anos, embora sua aparência juvenil continuasse, a senhora sempre estava usando algum de seus vestidos floridos, usava seus brincos de pérola e suas sandálias pretas, além de seu inseparável batom vinho, que em qualquer pessoa ficaria estranho, mas em vovó ficava sempre incrível. Ela dizia que a vaidade era uma dádiva, por isso estava sempre arrumada. Minha avó encantava a todos e sempre esbanjava alegria por onde passava.

— Elena, querida, vem aqui. — Vovó me chamou na porta da sala e eu prontamente fui até ela e a segui até seu quarto. — Eu quero te dar uma coisa.

— Vovó, sabe que não precisa me dar nada.

— Mas eu quero, querida.

Observei minha avó abrir sua caixa de joias e retirar uma caixinha vinho desbotada. Me sentei na cama e logo a senhora veio até mim e me entregou a caixinha.

— Abre.

Rapidamente obedeci a minha avó e abri a caixinha. Dentro havia uma aliança fina de ouro, com uma pequena pérola a enfeitando.

— Seu avô me pediu em casamento com essa aliança, eu a usei por muito tempo, pedi que um joalheiro a recuperasse e deixasse bonita de novo. — Vovó falou. Seus olhos praticamente brilhavam ao me contar. — Quero que fique com ela e a leve junto com você para a viagem, algo me diz que você vai encontrar o seu amor.

— Vovó, eu não posso aceitar, é muito importante para a senhora. — Afirmei.

— Querida, essa aliança é muito especial para mim e eu quero que fique com ela, você irá dar para a pessoa que você amar. — Vovó segurou minhas mãos entre as suas e sorriu. — Lena, promete para mim que irá dar essa aliança a pessoa que você amar tanto quanto eu amo o seu avô. Ele pode não estar aqui agora, mas eu tenho certeza de que ele iria querer que você ficasse com ela.

Minha avó tinha a voz suave e transmitia paz, seus olhos sempre brilhavam quando ela falava de meu avô, eles passaram mais de cinquenta anos juntos e foram um casal lindo. Infelizmente faziam quase cinco anos desde que vovô morreu em um acidente de carro enquanto voltava para casa e desde então vovó falava que um dia iria reencontrá-lo, mesmo que levasse anos. Olhei para minha avó e assenti. Eu não poderia negar seu pedido.

— Eu prometo, vovó e eu espero um dia amar alguém dessa forma. — Sorri olhando para a senhora, embora lágrimas escorressem por meu rosto. Minha avó me abraçou e eu tive a sensação de estar em casa. Era sempre assim.

— Minha doce Elena, você ainda vai conquistar o mundo. Eu te amo e sempre irei torcer por você. — Vovó sussurrou enquanto me abraçava.

— Eu te amo. — Sussurrei de volta e a abracei mais forte, inspirei seu perfume e mais uma vez aproveitei a sensação de estar em casa.

O perfume da vovó ficou em minha roupa naquele dia, ela cheirava a lavanda e lar. Ela significava aconchego e seus abraços eram os melhores do mundo, eles conseguiam curar qualquer tempestade que estivesse me habitando. Era para ela que eu corria todas as vezes que me sentia perdida. Uma semana depois eu embarquei para os Estados Unidos e um mês depois vovó morreu após sofrer uma parada cardíaca.

No dia que minha mãe me ligou com a voz embargada, eu soube que tinha algo de errado e após a notícia, me senti sem rumo e senti como se tivesse perdido tudo e quase desisti do meu sonho, então pensei que vovó não iria querer que eu desistisse e sim continuasse tudo de cabeça erguida.

Demorou alguns dias, mas eu me recompus, embora doesse cada vez mais. Emma tinha entrado em minha vida fazia pouco tempo, mas ela me ajudou em tudo e por isso eu seria eternamente grata a minha amiga.

— Elê, isso é seu? — Emma perguntou erguendo o saquinho de cetim branco. Estávamos terminando de arrumar nosso apartamento. Ao ver o saquinho, meu coração se apertou.

— É sim, Em. — Me aproximei e o peguei.

Abri o saquinho sob o olhar curioso de Emma e mostrei-lhe a caixinha vinho que minha avó havia me dado, a abri e mostrei a aliança para minha amiga.

— Era da minha avó, ela me deu antes de eu vim.

— Ela é linda, Ele. — Emma elogiou e me ofereceu um sorriso triste.

— É sim.

Sorri para acalmar Emma e demonstrar que eu estava bem, e guardei a caixinha novamente no saquinho, em seguida a guardei em um pequeno baú em meu closet, prometendo que só tiraria a aliança de lá quando fosse para dá-la a pessoa certa.



Essa é minha primeira obra aqui no wattpad e eu gostaria de pedir a compreensão de todos, pois eu ainda estou me adaptando a essa forma de escrever.

No mais, espero que vocês gostem e acompanhem a história, estou escrevendo com muito carinho e esse livro é muito importante para mim.

Bem-vindos a Uma proposta de amor ❤️

Uma proposta de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora