Prólogo

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Desde que eu respondi a mensagem de Thomas naquele fatídico dia, minha vida mudou completamente. Em outra ocasião certamente teria apenas ignorado e bloqueado o número, mas naquela vez algo me impedia de fazer isso. Sinceramente? Foi a melhor escolha que eu já fiz.

Com o passar dos meses desde o incêndio da mina, as coisas foram aos poucos se ajeitando, na medida do possível. Richy felizmente estava bem, porém ainda se encontrava em coma no hospital sem risco de perigo. Phil foi solto e já voltou ao seu trabalho no Aurora. Jessy se demitiu da Roger's e passou a trabalhar junto com Lilly no hotel da senhora Walter. Dan de muito bom grado a acompanhou pois a ruiva foi certamente a mais afetada com toda a situação. Cleo e Thomas ajudavam Hannah em seus tratamentos psicológicos e nós já trocamos mensagens algumas vezes. Foi assim que eu descobri que o número que ela enviou na verdade era do recibo de Richy e coincidentemente era exatamente meu contato. Foi uma feliz coincidência.

Nesse meio tempo minhas conversas com o grupo haviam diminuído gradativamente. Cada um lidava com tudo da melhor forma que conseguia e nenhuma delas envolvia passar tanto tempo com a cara no celular. Eu realmente não os julgava por isso e se pudesse iria pessoalmente para Duskwood prestar todo o apoio que precisassem. Só que eu sabia que se o fizesse meu foco mudaria drasticamente, principalmente quando me lembrava que o FBI ainda patrulhava com veemência os arredores na tentativa de prenderem o Jake.

Jake... certamente era o nome que mais ecoava em minha mente. Minha preocupação com ele não poderia ser descrita em palavras por mais que eu tentasse. Sentia uma angústia enorme no meu peito só de pensar que algo possa ter acontecido com ele e a pior parte disso era ser forçada a aguentar sozinha. Não queria incomodar meus amigos com isso e não é como se eu tivesse contado para mais alguém que havia me envolvido em uma investigação de sequestro e no meio do processo me apaixonei por um hacker procurado pelo governo.

Em mais uma noite em que minhas paranóias me atomentavam, decidi sair para espairecer um pouco. Novamente fui a uma praça que havia se tornado meu refúgio e me sentei na fonte quebrada que refletia meu reflexo junto ao luar. Eu aperto meu celular nas mãos torcendo para que a qualquer momento eu escute um som de notificação e que de preferência seja de Jake me avisando que está a salvo. Me sinto tão imponente nessas horas que já virou um costume deixar lágrimas solitárias caírem sobre meu rosto e embaçar minha visão conforme o tempo esfria cada vez mais e mais.

— Você não deveria estar por aqui sem ninguém por perto. — Uma voz masculina se pronuncia atrás de mim me assustando. Um rapaz se senta ao meu lado na fonte, mas devido as minhas lágrimas não passa de um borrão escuro.

— Sugere algum lugar melhor para eu continuar me lamentando? — Pergunto despreocupadamente sem me importar com a presença do estranho.

— Preferia que não se lamentasse, mas se quiser um lugar melhor, eu poderia sugerir uma ilha deserta que magicamente tivesse eletricidade. — Fala me fazendo encará-lo imediatamente.

Limpo meu rosto e agora o vejo claramente. Um belo homem de pele pálida, cabelos pretos e olhos azuis. Usando um moletom que eu já havia visto antes em uma ligação que a princípio considerava assustadora devido a voz modificada que era intimidante, mas que depois eu reassistia sempre que sentia falta dele e queria vê-lo:

— Jake...

— Olá S/n. — Ele sorri docemente me fazendo sentir fogos de artifício dentro de mim.

Sem aviso prévio, eu me jogo em seus braços ansiando por todo contato possível. Com o ato faço ele se deitar quase caindo dentro da fonte, o que o provoca uma risada maravilhosa de se ouvir. Me sinto chorar novamente, mas dessa vez de alegria. Sinto um completo alívio por ele estar a salvo, bem na minha frente preso no meu abraço.

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