1 - Um Passo de Cada Vez

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Ítalo

Já são quase cinco da manhã quando o último convidado deixa minha cobertura. O síndico já ligou algumas vezes, exigindo que eu encerre a festa e toda essa barulheira que causei. Óbvio que ignorei suas lamúrias, afinal, paguei caro por esse apartamento e continuo pagando uma grana de taxa de condomínio. Será que não tenho o direito de dar uma festa de aniversário só porque os vizinhos são ranzinzas demais pra suportar uma noite feliz do vizinho que nunca dá trabalho?

Quero nem saber. Eles que me multem se quiserem.

Bato a porta e me jogo no sofá, olhando a bagunça caótica em minha sala. Pra cada canto que olho, tem latinhas de cerveja, garrafas vazias - algumas quebradas - incontáveis marcas de bebidas alcoólicas e resto de aperitivos sofisticados.

- Amanhã cuido disso. - resmungo, tentando não me afetar com o caos.

Detesto bagunça. Minha mãe diz que sou compulso por organização e limpeza.

Vou para o banheiro e quando abro a ducha quente, percebo alguém abrindo a porta do Box. Antes mesmo de me virar, as mãos de unhas vermelhas tocam meu peito.

- Vim te ajudar nesse banho.

É a Paloma. Essa garota bagunça meu juízo. Só que dessa bagunça eu gosto.

Ela e eu nos pegamos de vez em quando. Isso é o mais próximo que eu já cheguei de um relacionamento longo. Paloma não quer nada sério e temos uma química boa. Pra quê mais do que isso? Nos divertimos assim.

- Que bom que veio! Achei que tinha ido embora sem me dar os parabéns...

Ela dá um sorriso sacana e abaixa, pronta pra tudo.

- Isso, garota. Adoro essa boca no meu... - nem termino a frase, pois ela fez uma manobra com a língua que me fez perder o raciocínio.

Finalizamos nossa transa tórrida na cama e assim que se veste, ela avisa:

- Agora eu vou.

É, gosto dessa nossa dinâmica. Sexo louco e cada um vai pra sua casa no final. Ninguém cobra nada, ninguém espera que o outro seja um parceiro perfeito. O que mais posso querer?

- Quer que eu fique e ajude a arrumar aquela caos lá fora?

Eita! Alerta de perigo.

- Não. Amanhã a faxineira vai chegar cedo e lidar com isso. Pode ir sossegada.

Ela sorri, piscando pra mim, mas sinto uma pontadinha de frustração... Acho que é hora de parar de sairmos. Bem que imaginei que repetir a mesma garota por mais de três vezes, daria merda.

***

(Algumas semanas depois...)

Meu celular toca assim que o telefone fixo para de chamar.

É a Paloma. Atendo depressa, pois faz três dias que ela está atrasada e com medo que isso signifique um bebê. Só de pensar nessa possibilidade, meu cérebro dá um curto circuito. Um bebê a essa altura da minha vida? Nem pensar! Daqui uns dez anos talvez eu pense nisso.

- Oi. - atendo.

Não seja um bebê. Não seja um bebê. Não seja um bebê...

Repito o meu mantra dos últimos dias, apavorado com essa ideia.

- Estou aqui fora, posso entrar?

Penso por alguns segundos. A Paloma nunca veio ao meu escritório, isso vai contra as nossas regras não ditas, mas foda-se. Preciso saber de uma vez que merda que o destino está fazendo comigo. Eu sempre sou cuidadoso, ela também. Nunca transamos sem preservativos.

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