Capítulo 0

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   Aqui te encontro caro leitor, nesta página vazia ainda. Acho por meu dever explicar o porquê do ínicio desta narração. Aqui me encontro eu nesta noite de domingo a dar um corpo a esta maionese em que tenho viajado nos últimos tempos, tudo isto ao som das "Descobertas da Semana" do Spotify, esse evento já tornado ritual semanal ao qual continuo a dar vida em memória de alguém que me foi em tempos muito querido. Não te enganes meu querido leitor, esta pessoa não faleceu corpóreamente, faleceu apenas no etéreo da minha mente pois desta pessoa apenas me resta memória. Devo no entanto agradecer-lhe pois se não fosse pela maneira tão brutal como me destruiu em mil e um pedaços, eu não teria encontrado esta nova maneira de re-arranjar as peças que me compõem. Digo com isto que os passados eventos relativos a este alguém, apesar de altamente dolorosos não foram de todo inúteis e por isso estou grata. Descobri a metamorfóse através da dor.

Estou neste exato momento com dificuldade para fazer sentido e escrever alguma coisa, tudo por causa da música nos meus ouvidos. Também te sentes assim às vezes? Com os sentidos entropecidos pela arte ou pela beleza espalhada por esse mundo fora? Não usas essas coisas, a música, a literatura, a pintura, eu sei lá mais o quê, não usas essas coisas para te fazerem sentir alguma coisa e mais tarde quando descobres que são eficazes na sua função tornas-te viciado e queres mais e mais, como se fosse uma droga? O problema deste tipo de droga é que é tão facilmente acessivel que começas a desejar mais e melhor, tornas-te um consumidor daquilo que o mundo pode oferecer e chegas a um ponto em que descobres que a tua procura é mais rápida do que o mundo é a produzir conteúdo. Aí, nalgum momento da tua existência decides tornar-te um criador, tal como eu estou a tentar agora, e decides aprender aquele instrumento que tens nalgum canto do quarto. Ou decides pintar nas aguarelas que estão engavetadas à pelo menos dois anos e tentas pintar alguma coisa. Ou decides que é o momento certo para escreveres aquele livro que sempre quiseste escrever. Ao fim de algumas tentativas, algumas pinceladas certeiras, alguma progressão de acordes que até soa bem, e outros tantos movimentos deliberadamente "incorretos". É então que te apercebes que é demasiado trabalhoso ser um criador e é melhor continuar a ser consumidor, a descarga de dopamina vem com menos esforço.

Leitor meu adorado leitor, peço desculpa por ter já começado com todo este estado melancólico sendo que estamos ainda no inicio disto que espero vir a chamar de obra/livro/o que seja. Espero que continues a ler, e embora o que possas vir a ler continue a ser ligeira a moderadamente melancólico, espero que o leias com alto astral e leveza. Prentendo que mergulhes comigo, mas não quero que afundes kkk.

Dado o quão mundana a minha vida real é, espero que compreendas que vou criar personagens e estórias fictícas aqui. Sendo assim, quero que penses em todas a palavras que foram ditas como pertencendo à nossa querida Mónica Vasquez já que é a pele dela que vou vestir.

Fica comigo então para esta viagem. Até já!

Pouco interessaOnde histórias criam vida. Descubra agora