Bucareste, Romênia. Cobertura em uma área nobre...
Ele sabia o que era quase nunca conseguir dormir. Há muito ele vivia assim, ou melhor, existia assim. Alguns dias eram insuportáveis, outros toleráveis, muitos insanamente horríveis. Mas o pior, quando finalmente conseguia fechar os olhos e repousar... Nunca repousava. Não o sentido esperado da palavra: Seus sonhos eram povoados por tragédias, sangue, dolorosamente crus e reais.
E ele merecia tudo aquilo, ele era uma das criaturas mais cruéis e fatais desse mundo. Não só por pertencer a uma raça criada com esse intuito, mas porque ele abraçou sua sina como seu destino e talvez, não se lembrava exatamente porque, não obtinha o sono dos pacíficos ou os sonhos das musas. Era assim há muitos tempo, muitas eras... O tempo passava lento diante dos seus olhos vermelhos... O tempo era seu amante mais formidavelmente cru.
E não havia sono.
Não que deixar de dormir o mataria, eventualmente. Em quatro mil anos nunca encontrou algo que destruísse ele ou os outros trinta e cinco dos seus, mas a falta de dormir refletia em sua existência como uma bigorna de aço sufocando um peito de um morcego. A agonia estava ali presente e persistente, mas ainda assim permanecia vivo, consciente.
Existindo.
No último século a dor de viver se tornou menos sufocante pois dentre restos de guerra e poeira encontrou suas filhas, suas duas meninas que o tornou menos assassino e cruel, sim, duas pequeninas humanas que se tornaram seu mundo inteiro... Mas a vida, essa maldita infame sádica veio para roubá-las dele cedo demais e ele teve de abraçar outra vez a agonia dilacerante e tomar a decisão que nenhum deles em sã consciência faria com alguém querido: Transformação.
Mas elas eram guerreiras, elas sobreviveram, e elas perseveraram.
Por manhãs sem fim ele velou o sono de ambas internamente feliz por elas mesmo sendo suas crias, pudessem dormir em paz; fechar os olhos e abraçar o sono era uma dádiva que elas foram abençoadas e só por isso não tendia mais a amaldiçoar o destino e sua própria sina.
Ele agonizaria até o fim dos tempos se isso permitisse suas filhas a viverem em paz. Elas eram os anjos do seu mundo, a luz em toda a sua escuridão, a beleza em toda a feiura do seu entorno.
O sagrado no mar profano em que caiu desde sua criação.
Sua Maria e sua Madaglena...
Ele parou de refletir e voltou a sua tentativa frustrada em ao menos tentar adormecer... E conseguiu, só por ouvir a voz lhe despertar de forma abrupta:
— Papai!
Tin ouviu a voz de Maria segundos antes dela abrir a tampa do seu caixão e colocar o rosto em seu campo de visão com os olhos preocupados.
Não era a primeira vez, porém dessa vez ele sabia que tinha se excedido... Ele sabia que os pesadelos agitados lhe fizeram gritar e ele sabia bem disso porque não eram fatos desconhecidos de nenhum dos três e muito mais dele vivendo a tanto tempo com aqueles sintomas... Era um quadro recorrente afinal.
— Estou bem - Disse se sentando e percebendo que ela não estava em seus trajes de cama e sim vestida para sair. Ele fechou os olhos e sentiu o sol do lado de fora do apartamento atual em que eles moravam, ou seja, ela pretendia sair a luz do dia - Maria...
— Eu sei o que vai dizer, mas eu tenho notícias boas, papai. Acho que encontrei a solução para o seu sono.
Tin a encarou firme mesmo sabendo que ela não se importaria com a sua repreensão, nenhuma das suas filhas o temiam e parte disso era sua culpa; elas eram sua fraqueza e também seu bem mais precioso. E sabiam muito bem daquilo. Ainda assim reagiu sobre o assunto.
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Dormindo com Vampiros
RomanceTin era um vampiro perturbado pela insônia que descobre que talvez haja solução em seu tormento em uma técnica incomum, dormir com um inocente virginal, mas seria aquilo possível? Um humano religioso de alma pacífica dormindo com um vampiro profano...