004 • novo inimigo?

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As coisas não estavam correndo exatamente da maneira como eu achei que iriam correr.

Em todos os meus planos bem calculados, não imaginava que ficaria amarrada a uma viga no meio do navio durante todo o dia, com o sol forte queimando minha cabeça. Muito menos que receberia logo de cara a antipatia de Lionel, mas não podia culpá-lo. Tinha usado seus homens, penetrado seu navio e agora estava fazendo de tudo para tirá-lo do sério.

Mas eu precisava sair daqui para começar minha investigação. Precisava fazê-lo acreditar na meia verdade que era meu plano maluco, e fazer de tudo para que ninguém desconfiasse de meu real interesse. Mas não podia encontrar nenhuma prova de que o capitão realmente matou a minha irmã se continuasse presa aqui. Eu precisava agir rapidamente, conseguir o que queria e ir embora quando eles atracassem em Arielle.

Observo o capitão de longe. Ele está rosnando ordens a seus homens com a mesma expressão irritada de quando veio falar comigo. Uma ruguinha se formou entre suas sobrancelhas, e mesmo de longe qualquer um pode dizer que ele está puto. Percebo que a maioria dos marinheiros se mantém afastados dele, que está, nesse momento, carregando barris de cerveja para o andar de baixo que suspeito ser a cozinha. De vez em quando seus olhos batem em mim, mas ele só franze os lábios em irritação e desvia o olhar, me fazendo sorrir interiormente.

Minha confissão o arrasou, eu percebi isso. Ele está claramente lutando contra o dilema em sua mente: deve ou não acreditar em mim?

Bem, a proposta não foi inteiramente uma grande mentira. Eu queria, sim, matar James, mas não agora, e certamente não com Lionel. Mas foi a única coisa que consegui planejar quando descobri que ele nutre o mesmo ódio que eu pelo capitão. Mas a minha raiva estava muito, muito além da dele. E estar diante de meu possível maior inimigo agora e ainda não ter tentado matá-lo já era motivo de comemoração.

Vejo Kellan surgindo das escadas com um barril pequeno no ombro. Ele abre um sorrisinho quando me olha, mas desvia o olhar quando Lionel se aproxima para falar com ele. Os dois conversam por uns minutos, e não tenho dúvidas que o assunto da conversa sou eu. Isso porque Kellan não sabe disfarçar e olhou para mim várias vezes. Mas quando se separam, ele vem diretamente em minha direção, o sorriso idiota ainda grudado nos lábios.

— Se você parasse de insistir com a ideia de irritar o capitão a cada chance que tem, podia ganhar um pouco de bebida e, quem sabe, um chapéu — ele diz, depositando o barril perto de mim, onde vários outros estão empilhados e bem amarrados. Quando abre a torneira que até então eu não tinha visto nele, cerveja começa a jorrar. Quase faço uma careta com o cheiro.

— E essa bebida é feita de quê? Urina? — pergunto e ele ri.

— As vezes, eu acho que sim. Mas apenas o primeiro copo é ruim, então depois essa se torna a melhor cerveja que você pode encontrar.

No Coração da Tempestade (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora