Save Your Tears | KinnPorsche The Series: KimChay

I'll Be Okay

PORSCHAY 

Após a sufocante conversa do café da manhã, minha mente estava completamente debilitada, como se não bastasse descobrir que minha mãe estava viva e que agora meu estimado irmão era oficialmente parte da máfia, eu teria que enfrentar a dor de estar perto da pessoa que eu tanto amo e que tanto me machucou.

Entrei em meu quarto e só consegui me jogar na cama, envolto em um vendaval de emoções, desde a noite passada, meu coração está mais inquieto do que nunca, eu havia me preparado tanto para este momento, o momento em que nos veríamos novamente, o momento em que nossos olhos se encontrariam novamente,  eu até consegui manter a compostura durante o evento, mas no fundo só eu sabia o quanto meu coração estava acelerado e dolorido por vê-lo de novo, não é fácil esquecer um amor assim, como se não fosse nada, pelo contrário, é praticamente impossível tentar arrancar à força esse sentimento de dentro de si.

Se você me perguntar se eu ainda o amo, a resposta é sim, desde o dia em que ele me enviou aquele maldito vídeo, cantando para mim com tanta emoção e dor em seus olhos, eu pude confirmar que o que eu sentia por ele ainda estava ali, foi praticamente impossível segurar as lagrimas que insistiam em sair, ele havia me machucado, me destroçado em vários pedaços mas mesmo assim, meu coração insistia em continuar batendo por ele.

Eu tentei de todas as formas esquecer a sua existência, ignorar a conversa fixada no meu Line, apagar as fotos da galeria do celular, rasgar todas as letras e canções que eu havia composto para ele, mas nada nunca adiantou e nem vai, por que mesmo que eu apague todas as suas lembranças físicas, as lembranças em minha mente nunca desaparecem.

Eu estava completamente confuso, não sabia mais o que fazer, eu teria que enfrentar a dura realidade de continuar mantendo esse sentimento enclausurado e fingir que estava tudo bem na frente da minha nova família, eu nunca havia me sentido tão sozinho antes, mesmo quando Hia estava trabalhando de guarda costas, mas agora ele está cada vez mais ocupado com seus afazeres dentro da segunda família, meus amigos estão ocupados com a faculdade e minha mãe não recorda nem o meu nome, era somente eu naquele quarto, trancado em meio aos meus pensamentos. Até que sou retirado do meu mártir pelo som da porta sendo batida.

-Pode entrar.- eu gritei, enquanto ajeitava minha postura para parecer o menos derrotado possível.

-Chay? Você está melhor?.- A voz vinha da pessoa que agora eu considerava como um amigo.

Na noite passada após meu discurso, Macau foi ao meu encontro para me elogiar, nós conversamos durante horas sobre nossas famílias e tudo que havia acontecido, sobre como nossos gostos musicais eram parecidos, sobre como ele aprendeu desde cedo artes marciais e como atirar com todo tipo de armamento possível. Era uma realidade bem diferente da minha, desde criança Hia sempre me protegeu até das facas que tinham na cozinha, das quinas das mesas e das pessoas na rua que se aproximavam para pedir informação, ele sempre me protegeu, diferente de Macau que teve que aprender a se proteger sozinho até do seu próprio pai, estávamos no mesmo mundo agora, mas nossas historias eram completamente diferentes.

-Estou melhor.- tentei forçar um sorriso agradável.

-Isso é bom, se você não se sentir bem pode conversar comigo sobre qualquer coisa.- ele fala enquanto gentilmente senta ao meu lado na cama.- somos amigos agora.

-Obrigado Macau, eu estou bem, só estou cansado pela noite anterior.- menti, eu estava abalado não só pela noite anterior mas por tudo que aconteceu em minha vida nesses últimos meses.

-Então, já que você está bem, que tal se eu te levar em algum lugar? Nós podemos ir ao cinema, ou ao PUB se você quiser.- ele se levanta e fica em frente a mim, esperando pela minha resposta.