04 de outubro.
Uma data especial para o casal que além de completarem um ano e meio juntos, comemorariam o aniversário de Jeonghan, ou como Seungcheol preferia chama-lo, anjo, o mais velho havia planejado tudo para o dia perfeito.
Eram 07h da manhã de um belo domingo, o moreno já estava de pé, já havia se banhado e tomado o remédio que deveria, afinal aquelas dores tinham se tornado mais intensas, desde que resolveram ficar juntos muita coisa mudou, primeiro de tudo, decidiram abandonar o consultório médico e seguir a vida, afinal seria torturante ter um raio x mostrando que a cada dia a maior porcentagem de seu corpo eram raizes e brotos. Se formaram e até tinham empregos, conheceram pessoas incríveis, Cheol se sentia maravilhado por conseguir dar ao mais novo um motivo para sorrir todos os dias, assim como este que seria apenas mais um.
Se aproximou com delicadeza sobre o ser que dormia calmamente, com certeza aquela sempre seria uma das visões que mais amaria admirar, deixou um selar na testa quentinha então saiu, naquele dia as coisas fechavam cedo, então preferiu se adiantar e comprar tudo bem cedo, só não esperava que mesmo naquele horário já tivesse um trânsito horrível, não querendo se estressar, colocou uma música passando a cantarolar esperando pacientemente, apesar de estar feliz, sentia que algo estava estranho, uma sensação ruim desde que acordou.
- Finalmente!
Disse assim que conseguiu chegar até a loja, seus amigos se ofereceram para ajudar, mas o rapaz queria que aquilo fosse especialmente feito por suas mãos, além de serem convidados, o maior iria pedir o loirinho em casamento, queria que fosse especial e uma grande surpresa para todos.
[...]
- Amor? - a voz sonolenta chamava em tom baixo. - Cheol?!
Suspirando o homem se levantou, estava com dor, talvez por ter passado do horário de tomar o remédio, levantou irritado pelo outro não ter o acordado, então caminhou até o banheiro para fazer suas necessidades e tomar o remédio. Enquanto escovava os dentes notou algo estranho, do pescoço até o peito inteiro, suas veias estavam mais saltadas que o normal, por ter uma pele muito pálida tinha naturalmente muitas veias destacadas por todo o corpo, porém não daquela forma, ainda assim não parecia ser grave então ignorou.
Penteava seus cabelos com calma, amava tanto aqueles fios sedosos, como seu noivo dizia, era o seu charme, sorriu com os próprios pensamentos. Sentiu um aperto forte no peito, acabou soltando o pente e pondo a mão no local para que amenizasse.
- Ah!
A dor se intensificava cada vez mais, a ponto de fazer o rapaz passar a se encolher até sentar no chão sentindo agora uma tremenda falta de ar, queria alcançar o celular para que conseguisse avisar alguém, quem quer que fosse, mas mal conseguiria se manter de pé, foi então que uma tosse forte veio, e junto dela uma pétala manchada de sangue.
[...]
Havia pego as alianças prateadas que tanto demorou para escolher, agora pigarreava na filha do mercado, sentia uma coceira horrível na garganta, tentava segurar para não incomodar as outras pessoas mas estava difícil, aquela fila estava gigantesca, provavelmente demoraria um pouco, esperava que seu pequeno não acordasse até que voltasse, sabia que ele ficaria irritado ao ver que o outro saiu sem avisar, mas era por um bom motivo. Aquela coceira se intensificava causando uma dor desconfortável não só na garganta como também no peito, considerou algo normal pois ultimamente vinha sentido isso frequentemente, então ignorava, ou tentava já que a pontada que sentiu fora o suficiente para não despertar somente sua atenção, como também a das pessoas presentes ali.
- Com licença moço, seu nariz...
- Hm? Meu nariz? O que-
Disse ao passar a mão e ver que sangue escorria dele, talvez estivesse começando a se preocupar, aquilo nunca tinha acontecido antes.
- Está tudo bem?
Estava absorto olhando o sangue em sua mão, então veio a mente algo muito mais importante, Jeonghan. Sequer respondeu a mulher, deixou suas comprar saindo correndo daquela fila desesperadamente, rezava para que ele estivesse bem, sentia a dor aumentar conforme se aproximava da casa dirigindo feito louco, assim que estacionou o carro de qualquer forma, tossiu novamente, espirrando sangue carmesim com mais pétalas pelo chão, aquilo o assustou, mas não por sua própria condição, e sim daquele que tanto amava.
- Jeonghan! - gritava olhando os cômodos da casa desesperadamente, ainda tossindo as pétalas e aguentando a dor - Amor onde você está?! Me responda!
O fato de seu chamado não ser respondido piorava tudo, ja sentia lágrimas descerem freneticamente por seu rosto, foi então quando ouviu um suspiro baixo vir do quarto, assim que entrou, seu peito doeu ainda mais com o que viu, não a dor física e sim na alma, o menor estava jogado ao lado da cama em uma poça de sangue e pétalas, em seu corpo inteiro haviam espinhos e raizes agora por fora, assim como alguns brotos.
- Cheol? Amor...Onde você estava?
Praticamente sussurrava, sua pele que ja era alva, perdia cada vez mais a coloração, os cabelos se tornando grisalhos, sabia que estava morrendo, mas ainda sorriu quando viu o mais velho ali, como sempre, se tivesse ele ao seu lado, tudo estaria bem, sentiu o corpo ser carregado e posto na cama, o que admirava era que o mais velho estava praticamente nas mesmas condições, era possível notar erupções que logo se tornariam em espinhos pele alheia.
- Isso não importa agora...eu estou aqui não estou? - tentava confortar o homem que tanto amava, sentia seu corpo fraquejar, sangrava pelos braços por ter carregado o garoto coberto de espinhos, mas para si aquilo não era nada comparado a dor que sentia ao ter vê-lo assim.
- Olhe para mim, vai ficar tudo bem!Não aguentando mais seu próprio peso, caiu ao lado do loiro que agora tinha rosas desabrochando em toda parte, as lágrimas não cessavam em ambos os rostos, passaram tanto tempo se preparando para aquele dia, mas na hora tudo se torna diferente.
- Então esse é o fim?
- Não, esse é o início...você está florescendo meu amor...
Segurou a mão direita fria como gelo entre a sua, sentindo a ardência na pele por conta dos espinhos, então retirou do bolso um anel brilhante, colocando no dedo anelar do seu anjo, sorrindo com a expressão alheia, mesmo em meio a todo aquele caos, Jeonghan sorriu ao olhar a jóia em seu dedo.
- Floresça eternamente meu amor...
- Eu amo...você...
Queria dizer algo a mais, porém seu corpo por completo já havia se tornado apenas galhos espinhosos com lindas rosas, apenas conseguiu aproximar o rosto do maior selando seu lábios, para que por fima virasse um completo ramo agarrado ao corpo que se transformava da mesma forma.
- Obrigado por escolher viver comigo...floresceremos juntos para sempre...
Sobre a cama manchada de sangue, agora restavam apenas ramos de rosas brancas e vermelhas misturadas, com formato humanoide, não era o fim, o amor é eterno, então onde quer que fossem, estariam juntos, pois eram como rosas e espinhos. O fenômeno ficou conhecido como "bela morte" algo sem nenhuma explicação lógica para a morte de dois jovem recém formados.
Durante aquilo tudo, havia apenas um único ser que testemunhou tudo do início ao fim, este que guardava consigo uma linda rosa branca em um vaso de vidro.
- A mais bela rosa branca de York, meu pequeno Jeonghan.
O velho médico sorria enquanto regava a flor.
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𝑴𝒚 𝒇𝒍𝒐𝒘𝒆𝒓
Fanfiction"Flores florescem, e quando caem as feridas cicatrizam e um broto nasce. Vivemos o agora como se fosse o nosso primeiro e último, é por isso que eu não posso te dar como certo Porque você ama alguém como eu". • JeongCheol 🥀Atenção: - A obra em si é...