Professor Athos | Exclusivos Amazon

Capitulo 4

— Alguns dias depois.

— Muito bem, turma, notebooks ligados e modulo 6.5: comunicação entre redes segmentadas.

Tenho muito conteúdo para hoje, a minha mente está o máximo focada aqui, mas também estou pensando no que fazer depois. Sou do tipo de pessoa que não consegue deixar coisas pela metade, sem conclusão. O tipo de pessoa que gosta de fazer perguntas e ter respostas imediatamente sobre elas.

E, apesar de estar pensando na mensagem que Shao deixou no meu celular dizendo que aconteceria hoje à noite o que deveria acontecer, aquilo, aquela sensação de estar com a cabeça cheia me tirou a minha impecável concentração.

— Professor? — chamou Penny.

— Sim? — voltei a realidade.

— Perguntei se usaremos o simulador.

— Sim, sim, sim... já... deixem carregando.

Olhei para cima, na direção do relógio em números romanos. As 9h00 começaríamos a prova. Com cinco minutos de sobra, eu peguei o meu celular despretensiosamente e vi que tinha uma mensagem de Maclara.

Ela dizia:

"Me liga com urgência — 7h48am"

"Está tudo bem? Estou em aula agora, Maclara. Vi sua mensagem por acaso — 8h56am".

Soltei o celular e me sentei na ponta da mesa, ouvindo os coolers dos computadores aquecendo sobre as mesas, os alunos trocando ideias. Então a resposta veio com brevidade.

"Faz tempo que estou querendo perguntar algo, mas só recentemente notei que você tem, por acaso, me dado mais atenção. Claro, sabe que eu gosto de atenção e gosto que VOCÊ me dê atenção, mas... eu não sou boba, Athos Miller. Eu te conheço há muito tempo. Muito mesmo. E eu não quero estragar a nossa amizade — 8h59am".

Olhei para a turma, certo de que já tinham carregado o programa e estavam prontos.

— Já podem começar — ditei.

"Do que você está falando? — 9h00am".

"Você sabe — 9h00am".

"Não sei, me fala — 9h00am".

"Eu amanheci me sentindo meio culpada, sabe? Acho que... acabei estragando vários dos seus relacionamentos por ser tão... eu — 9h00am".

"Maclara, qual é, deixa disso. Sabe que não é culpa sua — 9h01am".

"Já sei, vamos transar. Isso é uma afirmação — 9h02am".

Eu desci da ponta da mesa, com os olhos esbugalhados.

— Professor, está tudo bem? — perguntou Brec.

— Está. Está, sim. Só... resolvendo uma urgência. Um instante, por favor.

"Maclara, vamos conversar sobre isso a noite. Você não está raciocinando bem — 9h03am".

Mandei outra mensagem logo em cima da anterior.

"Aliás, a noite de hoje não da, te disse que tinha um compromisso — 9h03am".

A pior parte de toda aquela estranha conversa nem era o fato de que ela praticamente sugeriu sexo como se fosse a coisa mais natural sendo que eu mal tinha planejado o que faria depois, sobretudo depois da conversa no carro na festa de casamento.

A inconstância de Maclara fazia com que ela fosse uma das poucas pessoas que eu não conseguia prever, não conseguia criar um direcionamento, porque ela sempre sabia o que fazer e sempre eram coisas que eu não imaginava que faria. Com o pouco tempo em que efetivamente convivemos um com o outro — fisicamente, sob o mesmo teto — eu realmente me pergunto o que mudou de uma hora para outra, sendo que agora ela era quem queria conduzir essa situação e na mente dela já imaginava que eu tinha alguma intenção.