Capítulo Sete

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Amarantha ficou distraída demais pra atormentar Rhaella depois do terrível juramento de lealdade.

Isso não quer dizer que as torturas e mortes cessaram. Diariamente um corpo era pendurado no alto da parede de entrada. O sangue que escorria dos corpos sempre estava fresco, trazendo aquele cheiro nauseante no ambiente. Rhaella mal conseguia suportar ficar ali. Para evitar chamar atenção da rainha cruel daquele reino de podridão, Rhaella limitava seus dias em seus aposentos. Trancada de novo, porém por escolha própria, contava com os livros que Rhysand conseguia entregar a ela. E apesar de amar a leitura,  sentia que aos poucos estava ficando mais louca.

Ficar trancada naquele lugar era também um modo de tortura.

O único momento que trazia um pouco de tranquilidade era suas conversas com Rhysand.

E enquanto Rhaella terminava sua longa lista de feéricos em uma tarde, Rhysand falava sobre os acontecimentos recentes.

–É o que acontece com feéricos jovenzinhos que não entendem seu lugar –Rhys comentou.

Rhysand se referia a nova tortura daquela semana. Lucien, o emissário da Corte Primaveril, teve seu olho arrancado por Amarantha na frente de todos.

–Eu achei que ele foi corajoso –Rhaella respondeu.

O corajoso que perdeu o olho. Daria uma bela balada.

Rhys não aprovava quem desafiava Amarantha abertamente. Era inútil, ele dizia, e só garantia uma boa surra pelas garras de Attor ou duas semanas nas selas profundas de Sob a Montanha.

Rhys e Rhaella formaram uma aliança solida depois da promessa que marcou a pele da menina. Rhaella no começo não conseguia confiar que o primo gostasse de passar tempo com ela. Jantavam juntos na maioria das noites, e depois jogavam xadrez ou damas no quarto de Rhaella.

Por alguma razão Rhys nunca levou Rhaella até seu quarto. A menina questionou o que o Grão-Senhor guardava as gêmeas, Nuala e Cerridwen, mas ambas confirmaram que não tinha nada de especial, apenas um quarto um pouco mais espaçoso que o dela.

Isso fez Rhaella notar que Rhys mal falava com ela quando Amarantha estava perto, até mesmo a ignorava. Trouxe então a tona que Rhys não queria alimentar qualquer boato sobre os dois. Não queria dar a Amarantha motivos para achar que tinham uma relação diferente da de primos. Também trouxe conhecimento de Rhaella que Amarantha queria apenas uma brecha para machucar Rhaella de novo.

Rhaella não costumava participar dos bailes, nem do que acontecia depois. Apesar de ser convidada, não era forçada a sair do quarto e acomodou-se dentro do cômodo assim como fez em grande parte da sua vida na Cidade Escada.

A licença já não era concedida a Rhys, e o Grão-Senhor tinha participação garantida nos eventos de Amarantha, nas reuniões após estes eventos e a noite inteira também...

Rhys nunca explicou qual era sua relação com Amarantha. Rhaella também não queria perguntar.

Diziam que eram amantes, aliados, que Rhys foi quem deu a ideia para Amarantha tomar o controle de Prythian, que os dois se casariam logo e o Grão-Feérico mais poderoso sairia daquela união. Rhaella ignorava todas as fofocas, mesmo quando cuspiam aquelas maldades na cara dela. Por isso passou a evitar totalmente o convívio com outros feéricos naquele lugar maldito.

Rhys não era nada do que diziam. Ou pelo menos era isso que Rhaella queria se fazer acreditar.

O primo era o amigo mais próximo que tinha ali. Tinha as gêmeas espectros, mas Nuala e Cerridwen viviam ocupada com seus afazeres, tanto que demoravam dias para poder passar algum tempo com Rhaella.

Corte de Estrelas e TormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora