Prólogo

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Por favor!

Rhaella pediu a Mãe, ao Cadeirão. A alguma força maior que a escutasse.

–Tire-os de mim. Eu não posso ter esses poderes. Eu nunca quis... –Uma lágrima fria escorreu por sua bochecha. –O que meu pai fará se descobrir que eu os tenho...

Tremor percorreu por seu corpo.

Aquela fêmea chorosa, ajoelhada no chão do templo das sacerdotisas, implorava com toda força de seu pequeno corpo. E contrário dos outros feéricos que chegavam aquele lugar para pedir por uma vida imortal e pacifica, por um parceiro que lhe aceite, por filhos fortes e bonitos, Rhaella implorava pra que a Mãe a deixasse morrer.

Não foi um ato irresponsável, nenhum acidente ou situação de "lugar errado, na hora errada".Não precisava ser salva. Escolheu o poço de Kola porque era o maior, e mais profundo, da Corte Noturna. Também era próximo do templo das sacerdotisas, o que não causaria estranhamento ao pai, nem a ninguém, já que Rhaella passava longas tardes em orações para o Caldeirão e para a Mãe.

Quando se jogou naquele poço, estava pronta para encarar o caminho da morte. Preparou a si mesma para dor, para a loucura de se afogar, sabendo que uma hora seu corpo lutaria para salva-se apesar do desejo que tudo aquilo acontecesse. Por isso uma pedra pesada estava em seu pescoço. Por mais que o corpo quisesse lutar para respirar, ela sabia que depois da luta sentiria o alívio de partir.

Então não hesitou em jogar a pedra, não lutou quando seu corpo foi lançado nas profundezas. E assim que sentiu a necessidade de respirar, lutou contra ela o máximo que pode. Depois de alguns minutos, que para ela foram horas de tortura, sentiu sua força esvaindo e o descanso... Seus pensamentos se apagavam lentamente enquanto seu corpo era tomado pela água.

Os pulmões cheios. Ela cheia. E perto do fim. 

Até que começou a brilhar. E erguendo a mão percebeu que não era água que a invadia.

Brilho, seus dedos brilhavam. E o brilho se alastrou pelo braço, pelos ombros, o tronco. Ela toda. E o fogo invadiu-a por completo. Rhaella encolheu-se, tinha dor em todo lugar, muito pior do que enfrentava quando a água invadia seus pulmões. Seu coração era apertado pela força invasora, e o movimento de seu corpo era tomado. Ela não tinha controle. Ela só sentia a dor e gritava em sua mente.

A corda que a deixava no fundo arrebentou, a luz passou entre seus olhos. Não sabia onde estava. Não sabia quem era.

De repente tudo passou a mudar, o corpo sendo puxado pra fora d'água. Praticamente foi expulsa do poço. Quando alcançou o ar era como se o sol iluminasse a clareira.

O sol era ela. Aquele brilho estava nela.

Antes de Rhaella dizer qualquer coisa ela desabou, a força que mantinha seu corpo totalmente evaporada, e acabou rolando através das silenes campenses.

Só parou quando o brilho apagou por completo. Rhaella deitou virada para o céu. Olhando para as estrelas, suas amigas e cúmplices. Aquelas a quem sempre pedia e nunca tivera um retorno.

Uma ventania forte beijou seu rosto. Ela sabia que não era natural, que era uma mensagem. Sua salvação fora uma mensagem.

A deusa Mãe. A Mãe não a deixou morrer.

E quando Rhaella olhou para as mãos novamente. Sentindo os olhos cheios de lágrimas ao perceber que tinha controle sobre o corpo de novo, avistou uma bola de energia brilhante. O qual ela podia jurar que se parecia com as pequenas bolas no céu.

Em um ato impensável ela bateu com a mão no chão, para apagar o que quer que fosse aquilo.

A energia correu pela terra, iluminando o caminho até chegar no poço. A estrutura ao redor, mais velha que os pais dela, deu uma estremecida e uma rachadura

Corte de Estrelas e Tormento -HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora