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- Com licença Senhor - chamou o homem que passava mais próximo a gente - o senhor poderia me dar uma informação?

- Claro senhorita - o bem vestido homem olhou Connie da cabeça ao pés,  logo ficou muito animado - todas possíveis.

- ótimo,  como posso fazer o meu guia aqui dar pelo menos um sorriso?  - apontou pra mim.

- Connie - repreendi.

- Não entendi - o homem riu.

- Bom, é que passei o dia perambulando pelas ruas frias e lindas de Londres com ele - agarrou meu braço - e ele não conseguiu dar uma simples e singela risada. Começo a pensar que a culpa de tal feito é minha.

O sotaque francês da loira deixava tudo que falava mais bonito. Eu não estava muito confortável com isso.

- Deixe de besteiras Connie - a puxei na direção oposta do homem que estava muito bem se divertindo com a situação.

- Bom, moça... o leve para tomar um vinho,  tenho certeza que conseguirá mais que um sorriso dele - o homem gritou.

- Merci et bonne nuit Merci, je vais prendre soin de lui. Je promets! - Connie respondeu.

- Não sei se devo, mas vou perguntar: o quê tu respondeu a ele? - Quis saber.

- Que eu daria um jeito em você - Sorriu.

- Ah, tá.

- Onde vamos agora?

Andávamos pelas ruas molhadas da cidade em um contraste enorme. Ela parecia brilhar e eu era uma massa cinzenta no meio da multidão. Mas isso fazia com que as pessoas nos notassem, Connie era de uma beleza invejável,  então era pouco provável que passasse desapercebida por qualquer lugar

- Já está escurecendo. Vou te deixar em casa.

- hm, na sua? - riu.

- Você é assim mesmo? - eu queria muito partilhar da alegria dela, mas me proibia de sentir qualquer alívio do peso que tinha nas costas -porque é tão feliz? Tão animada?

Ela me fitou ainda sorrindo, aproximou - se de mim e colou seus lábios nos meus. Seu beijo era terno, quente e puro. Connie era uma pessoa diferente, disso eu tinha certeza.

- O porquê perpetuar uma dor se vivemos apenas uma vez e não sabemos o que acontece no amanhã?

Eu nada respondi, apenas fitei seus olhos azuis. Ela acariciou minha bochecha e continuou.

- Vamos, Benedict. Eu quero ir pra sua casa, tomaremos uma xícara de chá e partilharemos nossas dores.

Eu nada falei, apenas acenei para o primeiro táxi, e me meti com ela no caminho de casa.

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