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KEISUKE BAJI não sabia ao certo quando havia perdido o controle da sua vida. Talvez, quando fosse criança e percebeu que nem ele e nem Mitsuya eram bem vindos na casa perfeita que seu pai havia projetado para abrigar sua grande familia dos sonhos. Duas filhas caçulas  de um casamento abrigado por amor e ternura, e é claro havia ele e o irmão que não eram bem vindos de modo algum naquilo tudo, apenas mantidos em fotografias jogadas no sótão e um passado conflituoso na mente de seu progenitor. A madrasta não era a parte ruim, na realidade ela era uma mulher de poucas palavras e emoções e agia como se nenhum dos dois estivesse sujando seus quadros de familia com suas presenças meramente incômodas. Tudo que Baji sabia, era que sua mãe não o amava, e que ele particularmente detestava o dia dos pais 一 não tanto quanto o das mães 一 , igualmente o das crianças e qualquer data de merda que fosse comemorada em familia, porquê ele não tinha esse prazer. Não existia nada de especial para seu progenitor e protegenitora nessas datas, então também não deveria haver felicidade de sua parte para com todas elas. Entretanto, seu irmão parecia repudiar a ideia de não pensar com ternura em tais feriados, ele igualmente amava ambos seus pais e mesmo que nunca estivessem afastados da verdade sobre sua mãe, Mitsuya era capaz de agir como se ela estivesse lá e fosse presente em seus dias.

Quando descobriu que sua mãe era Atena, havia acabado de completar seus sete anos. Percebeu que o mundo era uma merda e que sua familia não era perfeita, que o pai desgostava de sua presença e que sua mãe provavelmente o considerava um erro. Que aparecer enrolado em mantos olimpianos na porta de seu progenitor junto com seu irmão não era significado de milagre. Ser um semideus para muitos era motivo de orgulho, ter sangue olimpiano correndo em suas veias e habilidades que outros humanos não tinham, mas para Baji ser filho de um deus era motivo de asco. Ser privado de festas de aniversários com pais presentes, ter monstros em sua cola o tempo inteiro e a desgastante sindrome de autoconfiança, tudo arruinado. Ele não se sentia auto confiante, na realidade se sentia um fracasso. Odiava Atena e o fato dela nunca ter o amado, se odiava ainda mais por saber de tudo isso e esperar que mesmo assim ela fosse aparecer em sua porta, com um sorriso tão parecido quanto o seu 一 como seu pai costumava citar 一 e uma boa desculpa para todos esses anos de ausência, e finalmente poderia abraça-la e lhe contar que a coisa mais dolorosa da qual fora privado, foi de seu amor.

Seu pai não era o problema, nem sua madrasta, muito menos Mitsuya e seu senso familiar desgastante e nem o fato da pessoa que ele amava, amar a outra.

E sim, a falta evidente que o calor dos braços de Atena faziam.

Porquê naquele segundo, com os pés balançando sobre a varanda do chalé 6 e observando o acampamento inteiro, enquanto pensava sobre cada bronca que Mitsuya lhe dera mais cedo, só queria uma resposta para a falta de afeto de sua mãe. Baji tinha seus olhos grudados neles, sorrindo e se abraçando como se fossem perfeitos 一 porquê eram 一 fazendo cada semideus amargurado como Keisuke os olharem e invejarem cada centimetro daquele amor, com bochechas coradas e lábios vermelhos de tanto se beijarem, era triste mas lindo ao mesmo tempo.  Keisuke Baji amava Chifuyu, que por sua vez amava Kazutora e essa era só mais uma tipica história clichê de um romance que não deu certo. Não se recordava ao certo quando percebeu que seu coração estava nas mãos do filho de Apolo, talvez quando chegou ao acampamento com seus doze anos e a coisa mais especial que pode notar fora o sorriso do loiro, ou quando percebeu que também, a coisa mais especial que tinha sob si mesmo era o amor que possuía por Chifuyu. Porquê todas as coisas especiais que já haviam acontecido consigo, eram de responsabilidade de Matsuno Chifuyu. E sabe, mesmo com o gosto amargo da rejeição e com a dor evidente do amor que nunca poderia provar, não conseguia odiar Kazutora por lhe "roubar' seu amor. Talvez tivesse perdido Chifuyu a muito tempo e não queria enxergar, quando suas fodas casuais foram diminuindo porquê ele sempre estava muito preocupado sobre como Hanemiya se sentia depois do acidente, ou mesmo quando não quis perceber, notou o clima romântico pairando sob o ar todas as malditas vezes que os dois se esbarravam pelo acampamento, com as bochechas corando e desviando os olhares como dois idiotas apaixonados 一 afinal de contas eles eram isso.

EVIL SON, manjiro sano.Onde histórias criam vida. Descubra agora