Capítulo 4

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Assim que chegamos a vila a mesma se encontrava deserta, parece que os moradores que não foram levados decidiram se mudar. A situação era bem pior do que pensávamos: além do sequestro de crianças, os adultos estavam adoecendo "misteriosamente" e seus cadáveres estavam sendo roubados. Esses Onis estão a cada dia mais nojentos. "Na verdade senhor, essa doença misteriosa é ocasionada por um veneno fortíssimo que está infectando o rio" disse a morena ao chefe da vila com total convicção. "E como você sabe disso mocinha?" Tomioka só observava a cena de longe, tinha muito o que analisar. "Sou uma especialista em venenos e as minhas análises constataram isso, posso confeccionar um antídoto mas não tenho material aqui" disse profissionalmente. "E o que vocês vieram fazer aqui afinal?" Perguntou o chefe sendo grosseiro. Tomioka não aguentou aquela petulância toda e disse: "Foi você que nos chamou, você que nos diga o que de fato devemos fazer aqui" disse calmo. "Como assim?!". "Não se faça de desentendido, primeiro eram as crianças desaparecendo, agora os adultos adoecendo e os cadáveres serem levados? Claramente você está omitindo informações e não podemos ajudar se não soubermos o mínimo" assim que terminou viu que Shinobu o olhava fixamente, ela parecia admirada pelo feito dele. "Perdão, esses dias não estão sendo fáceis, mas tudo que você disse é verdade, cada palavra, não estou escondendo nada, não mais, o que eu fiz foi por medo de que após verem a realidade vocês resolvessem não vir" disse cabisbaixo. "Escuta aqui, o trabalho de um Caçador de Oni é caçar Onis, pode ser forte, fraco, muitos ou poucos, nós os caçamos e os matamos, se não os matamos morremos lutando, então não importa o estado dessa vila, eu e minha parceira iremos acabar com essa ameaça ou morrer tentando" assim que acabou o homem estava extasiado e Shinobu estava pensativa. Estranho. "Muito obrigado moço, não faz ideia de como essa vila é minha vida, e perdão moça pela grosseria". "Imagina, acontece, já estou acostumada" disse tristonha. "Ah, tem um hotel bem simples onde vocês podem repousar caso queiram". "Certo, mas preferimos começar nosso trabalho o quanto antes, até breve" disse educado. "Até!"
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Assim que saíram do local da reunião Shinobu continuava cabisbaixa. Tomioka não entendia aquilo, ela era sempre tão alegre, e sem esquecer daquela indireta de mais cedo. "Ei Shinobu, você tá estranha, aconteceu algo?" perguntou delicado. "Não Tomioka-san, só estou pensando que tenho que enviar uma mensagem pra Aoi pra que ela confeccione os antídotos" disse forçando um sorriso. "Não parece ser só isso" algo estava estranho. "Se eu estou dizendo é porque é Tomioka-san, agora preciso avisar a ela" e saiu em disparada para o hotel enquanto Tomioka ia avaliar o perímetro para achar pistas do Oni.
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Eu sempre quis que o Tomioka se importasse, de verdade, mas bem na hora que o que eu menos preciso é de alguém me questionando ele vem? Aí meu Deus, a vida do borboleta é difícil. Assim que cheguei no quarto de hotel que reservamos- e sim, estamos no mesmo quarto, mas ele não faz ideia, ele surtaria- chamei meu corvo e enviei uma carta para Aoi: Minha cara Aoi, estou enviando junto a essa carta uma amostra de um veneno que eu preciso urgentemente de um antídoto, não tenho os materiais nem o equipamento necessário para fazê-lo sozinha. Você é competente o suficiente para lidar com isso, você sabe onde guardo os ingredientes e receitas. Me envie assim que terminar. Obrigada, Shinobu Kocho.
Aoi era muito competente com esse tipo de trabalho, foi um benção ela não ter seguido a carreira de Caçadora, teria sido desperdício do seu talento com a saúde. Ela será uma boa substituta para mim no futuro, a mansão estará em boas mãos...
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Já era de noite e Shinobu tinha voltado algumas horas antes, segundo ela enviou para Aoi o veneno e ela estaria fazendo o antídoto. Passei a tarde inteira avisando os moradores para não saírem de suas casas e coletando algumas informações. O Oni não tardaria a aparecer. Shinobu continuava estranha, correção, ela era estranha. Estava quieta e mais atenta do que o normal, geralmente ele deveria ser atento pelos dois em missões desse tipo mas não era o caso. "Você vai me dizer o que tá acontecendo?" ele perguntou sereno. "E o que eu teria para dizer Tomioka-san?" forçou um sorriso. "Não sei, me diga você, tá estranha desde que falamos com o chefe da vila" ela permaneceu em silêncio, parecia pensar em uma resposta. " Eu só fiquei reflexiva sobre o que você falou com ele, sobre o papel dos caçadores, achei muito bonito, e comovente" ela aparentava estar sendo sincera. "Só estava sendo sincero, nós colocamos as missões acima de nós mesmos, e dos nossos" disse lembrando do passado. "Você parece que fala sobre algo que já viveu". "É, talvez..." falou se fechando. "Gostaria de conversar?" disse claramente querendo se aproximar. "Olha Shinobu, eu não posso me abrir com você se você não se abre comigo, essa amizade que você tanto quer nunca vai dar certo se você sempre estiver escondendo algo" ela olhou para ele com a face transtornada. "Escuta você Tomioka..." ela começou se aproximando as poucos dele. "Eu sempre fiz de tudo para tentar ser sua amiga, tudo, eu, sozinha, você nunca se esforçou, você nunca nem se importou com isso, então não aja como se você fosse uma borboleta social que sempre esteve disposto a me compreender porque você sabe que não é verdade" ela estava irada e a poucos centímetros do seu rosto, podia sentir o calor do corpo dela tamanha a proximidade. "Logo, não fale que eu posso me abrir com você, não pergunte se eu estou bem ou o que a de errado, porque você não se importa com isso e nem eu me importo com qualquer merda que acontece na minha vida" ela estava descontrolada, a raiva era tanta que seu rosto estava vermelho. "Então essa é você de verdade". "O que?!". "Você de verdade, essa pessoa explosiva e, nem sei como definir, mas você realmente finge ser alguém que não é" ela olhava para ele como ele olha para um Oni. "Agora quer me rotular não é? Como você é inteligente" estava sendo irônica. Quando ela ia se afastando ele a puxou pelo braço e ela veio de encontro ao corpo dele, e em um impulso louco e sem sentido a beijou. Um beijo muito apaixonado. Ele sabia que ia se arrepender disso, mas não podia evitar. Ela era tão bonita e estava sendo pela primeira vez conhecendo ela mesma. O beijo começou calmo o suficiente, apenas gentil. Não foi até que sua língua começou a explorar sua boca que as coisas começaram a esquentar um pouco. Ele se afastou um pouco antes de mergulhar para outro beijo. Começou devagar. Suas línguas estavam explorando suavemente as bocas um do outro. Tomioka podia sentir seus corações acelerados enquanto ambos se perdiam nele. Ambos estavam ofegantes de quanta paixão eles colocaram em seu beijo. Tomioka olhou para Shinobu com um olhar lascivo no rosto. Ele queria mais. Mas agora não é o momento certo. Não quando havia um Oni perseguindo eles, e então ela disse: "Eu vou te matar Tomioka-san" ela disse com uma cara séria, mas seus olhos diziam outra coisa. "Que momento romântico, mas eu faço as honras querida" e então o Oni apareceu.

Shinobu e Tomioka: Entre o Mar e a BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora