Capítulo 2

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( Juliana Lueni - Brasil )

Chego em casa e o telefone fixo toca, atendo e sinto meu corpo tremer ao ouvir a voz dele, grave e arrogante. Saudade de ouvir sua voz gemendo baixinho.

- Ela já embarcou?

- Sim, acabei de voltar do aeroporto - esclareço, enrolo meu dedo no fio do telefone e mordo meu lábio inferior - Quando a gente vai poder se ver de novo...

- Bom trabalho - ele desliga o telefone. Grosso do caraí!

Por que os caras mais gostosos tem que ser tão arrogantes? Enfim, vida que segue, só pude ter ele na minha cama uma única vez. E essa vez foi suficiente para esse desgraçado saber tudo sobre minha vida e me ter nas palmas da mão.

Desgraçado! Me obrigou a virar professora naquela merda de faculdade só para me aproximar dessa garota. A atriz que mora dentro de mim merece ser aplaudida, suportar aquela favelada tão próxima de mim foi sufocante demais, só de sentir o cheiro dela me dava enjoo. Durante um semestre inteiro tentei entender o que ela tinha para conseguir chamar a atenção daquele homem, mas não conseguir descobrir nada.

Como uma faveladinha como ela conseguiu ganhar a proteção daquele demônio em forma de gente? O que será que ela tem de tão especial? Ou... Será que ela é uma mercadoria?

(Renata Pellegrini - Estados Unidos)

- Você vai se sair bem - Carol tenta me passar confiança.

- Obrigada por tudo, senhorita Carol - agradeço mais uma vez, mesmo que eu não consiga passar na entrevista, o que ela e a minha professora estão fazendo por mim, não consigo encontrar uma maneira digna de agradecer.

- Não esqueça de respirar, está bem?

- Por que eu me esqueceria disso? - pergunto confusa.

- Na hora você vai saber - pisca e caminha para longe de mim, me deixando na frente desse enorme prédio.

As cores azuis dominavam, mal se podia ver as partes de metal, o vidro espelhado cobria tudo como se fosse um lençol, com certeza aqui tem mais de quinze andares.

Respiro fundo, não tem nem duas horas que eu pisei em terra firme e já sinto como se estivesse me afogando. Do aeroporto até o apartamento - no carro - levou trinta minutos, só tive tempo de tomar um banho, vestir as roupas sociais e pentear o cabelo em um rabo de cavalo ( a senhorita Carol que disse para arrumar o cabelo dessa maneira, ela disse que o patrão gosta assim).

Queria que meus pais estivessem vivos, queria muito poder trazê-los comigo, dá uma vida melhor para eles. Queria muito vê-los sorrindo, nem que fosse só mais uma vez...

"Não é hora de ter pensamentos tristes!" - bato em minhas bochechas e estufo o peito, agora é hora de ter coragem.

Abro as portas e seguro firme as alças da minha bolsa, preciso encontrar com o gerente e entregar a carta de recomendação a ela, a minha professora me disse que assim que eu entregasse, estaria praticamente contratada, era só eu dizer o nome do amigo dela: Matteo Valentini.

Será que esse homem é algum parente do Filippo? Eles têm o mesmo sobrenome, mas eu nunca encontrei nada sobre esse Matteo. Não importa, apenas quero ser contratada, e se este nome irá me garantir isso, que assim seja.

Abro as portas e entro no edifício, por dentro é bem mais luxuoso que por fora, preciso me controlar, esse ambiente agora vai ser o meu local de trabalho, tenho que tratá-lo como se fosse um lugar qualquer.

Caminho até o balcão, minhas pernas estão moles, mas à medida que vou me aproximando, meu maxilar vai ficando mais rígido.

- Como pode ser tão incompetente, sua imbecil...

Ele É Mesmo Um Magnata?Onde histórias criam vida. Descubra agora