I: dinner and a glass of wine.

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i think he did it, but i just can't prove it.

— Eu fiz algo ruim, mas eu não sinto o mínimo de remorso — disse, observando o sol misturando-se ao mar longínquo através da janela do carro — Isso faz de mim uma má pessoa?

— Depende.

— Do quê? — desviou o olhar, encarando o homem ao seu lado pela primeira vez desde que havia entrado naquele carro.

O pôr do sol atingia suas mechas encaracoladas, pintadas de castanho às pressas — as pontas de seus dedos ainda estavam sujas com a tinta marrom — e deixava seus cabelos em um tom quase ruivo. Seus olhos brilhavam com a adrenalina e o rapaz sentado ao banco do passageiro pensou que talvez o homem sentado ao seu lado nunca tivesse quebrado as regras de tal forma. Estava o corrompendo, pouco a pouco, faziam meses, e aquele era o estopim.

— Do motivo que te levou a fazer isso.

O loiro soltou uma risada.

— Do que está rindo? — perguntou, encarando-o de soslaio para não tirar os olhos da estrada em sua frente.

— Não sei. É uma frase estranha de ser ouvida saindo da boca de um policial.

— É estranho que eu acredite mais na justiça do que na lei?

O silêncio tomou conta do carro por alguns breves segundos. O de cabelos castanhos se recusou a encarar o rapaz ao seu lado outra vez, mantendo-se focado no caminho estreito e esburacado que estavam percorrendo, enquanto esperava a resposta do mais novo.

— É.

...

MinHo colocou as mãos dentro de seu sobretudo marrom enquanto encarava a entrada do Olive Garden. A semelhança da coloração de seu casaco com as cores das paredes da construção que dava lugar ao seu restaurante favorito lhe causavam um estranho sentimento de acolhimento; mesmo que ele soubesse que, na verdade, sentia-se acolhido por passar todas as terças-feiras à noite durante seus últimos seis anos sentado na mesma mesa daquele estabelecimento. Era uma tradição que compartilhava com seu melhor amigo, Han Jisung, desde os tempos de ensino médio. E, pela primeira vez em seis anos, Jisung estava atrasado.

Lee tirou o celular de seu bolso para checar a hora e murmurou um palavrão quando percebeu que os minutos ainda não haviam passado desde a última vez que havia pego o aparelho em mãos. Sua barra de notificação estava vazia, significando que não havia nenhuma chamada perdida ou mensagem de Jisung avisando que ele não poderia comparecer à reunião semanal.

Ele só está atrasado. Pensou MinHo, em uma tentativa de se acalmar, mas essas palavras causavam um gosto ruim em sua boca. Han Jisung nunca havia se atrasado antes. Ele poderia ser ingênuo demais — e talvez um pouco atrapalhado — mas sempre levava seus compromissos muito a sério; e isso significava: pontualidade acima de tudo.

MinHo passou a mão pelos cabelos castanhos e deixou um longo suspiro escapar, sua respiração se tornando uma fumaça ao deixar seus lábios, devido ao frio que abraçava Seoul naquela semana. O outono ainda não havia terminado, mas o frio já se acomodava lentamente, ordenando seu espaço, enquanto as folhas secas das árvores criavam um tapete vermelho — ou, talvez, um laranja amarronzado — para que o inverno pudesse passar.

Ele checou o horário pela vigésima vez desde que chegou ao restaurante — desta vez, um minuto havia se passado desde a última vez; MinHo não saberia dizer se isso o causou alívio ou ainda mais preocupação. Seus dedos longos e gélidos seguravam firmemente o aparelho, mas isso não era capaz de impedir que sua mão tremesse. Apesar do casaco grosso, estava sentindo frio, e isso o deixava ainda mais impaciente.

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⏰ Última atualização: Aug 22, 2022 ⏰

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