Capítulo 1

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-Bom dia Princesa, é hora de acordar_ A voz melodiosa de minha Dama de Companhia preencheu o quarto

Como todos os dias Ninfadora, Dora, como ela preferia ser chamada, me arrastava dos lençóis de minha cama para me forçar a entrar na banheira que me esperava

Para minha sorte havia uma janela de frente para a paisagem externa de jardins quilométricos a se perder de vista, que me distraiam da citação rotineira de toda as minhas obrigações diárias

-Ler para os órfãos, bordar, aulas de etiqueta, lembrou-se de em algum momento encaixar um horário para eu caçar?_ Perguntei abraçada aos meus joelhos enquanto minhas costas eram banhadas com a água turvada por sais e essências aromáticas, Dora parou por um momento e me olhou com tédio

-E você acha que as aulas de bordado são oque? Acha mesmo que ia obrigá-la a aguentar essas tarefas horríveis de corte? Não Minha Princesa, as aulas de bordados são para treinarmos suas habilidades com espadas e as de etiqueta para irmos caçar!

-E a leitura para os órfãos?

-Essa é realmente oque parece ser, alguém precisa ler para as crianças!_ Não pude conter a risada ao ouvi-la me dizer que burlou todos os protocolos reais para encaixar as atividades que eu tanto queria

-Não sei oque seria de mim sem você_ Me levantei sentindo a água escorrer por entre minhas pernas, meus ombros foram cobertos por um robe e então guiada até a penteadeira demasiadamente grande- Nada muito espalhafatoso, por favor_ Disse me referindo ao penteado que ela faria

-Como se eu soubesse fazer penteados espalhafatosos

Ri novamente. Meu Reino, o Reino da Terra, se orgulhava da diversidade que possuía. Fossem nascidos da Terra ou viajantes a procura de um recomeço, alguém a procura de esperança ou condições melhores, todos teriam lugar sob o manto de nossas terras, contanto que não contribuísse com a semeadura do caos, todos eram aceitos

Graças a nossa forte cultura agrícola, muitas coisas eram distintas de outras cortes; Entre elas, a adesão a calças e túnicas tanto para homens como para mulheres, a cultura do matriarcado dentre as famílias partindo do princípio de que nós eramos abençoadas com o dom da fertilidade, e qualquer terra que fosse manuseada por nós estaria embebida em prosperidade

Ninfadora fez um lindo e prático penteado em mim, sua especialidade eram tranças, já que segundo ela era fácil enrolar minhas mechas de cabelo em padrões diferentes e colocar alguns grampos

Ninguém questionaria o penteado da princesa e era capaz até mesmo de ser replicado entre os aldeões, segundo ela. Então, fez uma trança firme começando no inicio de meu cabelo até o inicio de minha nuca onde o restante de meu cabelo era amarrado e preso com um adorno de ouro

Para vestimenta, uma calça de chiffon pêssego e uma blusa de mesma cor com mangas bufantes porém mais justas nos punhos, além disso, uma faixa de pele aparente entre meu umbigo e o início da calça de cintura alta, meu quadril estava adornado com um cinto também de ouro para que eu colocasse meu punhal

Descemos pelas escadas espiraladas do castelo até a escadaria principal, nós a descemos e viramos no corredor a esquerda para chegarmos até o salão externo de refeições, quando chegamos, meu pai me aguardava tomando café da manhã com o Conselheiro Real e seu amante, Sirius, e o Líder da Guarda Real e meu Irmão de Criação, Tom

-Bom dia_ Os cumprimentei com um sorriso os tirando de sua conversa anterior

-Bom dia, Princesa_ Os três se levantaram para me cumprimentar ao mesmo tempo

Tom, o jovem poucos anos mais velho que eu veio até mim para puxar a cadeira na outra extremidade da mesa para que eu me sentasse. Todas as manhãs ao ver Tom eu me lembrava do jovenzinho que conheci a anos atrás, revoltado com o mundo. Um produto de uma família instável

O Herdeiro do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora