capítulo quatro.

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Uma semana antes.

Olívia e Isadora caminharam até a sala da Camargo mais nova, em um trajeto que não demorou muito. Havia uma pequena amostra do tafetá escolhido em sua mesa, as três fizeram um ótimo trabalho.

- Como posso te ajudar dessa vez? - Olívia questionou, sem esconder a curiosidade.

- Bom, vou ser direta. - Isadora sentou em sua cadeira, gesticulando para que a moça fizesse o mesmo. - Eugênio vai para o Rio de Janeiro, está negociando a compra de uma nova máquina, diferente das que temos aqui. Ele precisa de alguém que o acompanhe e aprenda a usá-la, para que possa repassar tudo para os outros. E claro que ninguém discordou da ideia de te chamar.

- Quer que eu vá até o Rio de Janeiro com o doutor Eugênio? - era uma pergunta óbvia, mas foi força do hábito.

- Sim! Mas não se preocupe, eu irei com vocês. - Dorinha garantiu, mesmo sabendo que essa não era a preocupação da moça. - Os tecelões vão ficar bem na sua ausência, Olívia. Minha mãe não vai deixar que Joaquim os importune.

- É isso mesmo que me preocupa, mas se dona Violeta está disposta a ajudá-los, então eu fico mais tranquila. - o sorriso da moça contagiou Dorinha, que comemorou animada.

- Eu sei que você ainda não disse sim, mas saiba que não irei desistir.

- Fico feliz que confiem em mim, de verdade, Dorinha. Isso é muito importante! - ela mordeu a bochecha, apreensiva. - Mas seria em apenas um dia? Seria bem puxado entender como tudo funciona e...

- Ah, quanto a isso, me desculpe, acabei esquecendo de explicar. Será, basicamente, uma semana e meia de treinamento. A dona da tecelagem é amiga de Eugênio e ela prometeu que te daria todo o suporte. Além disso, será remunerada pelo seu trabalho extra. E claro, não terá que se preocupar com hospedagem ou qualquer outra coisa.

- Uma semana e meia? Um dia é pouco tempo, mas uma semana...

- Olívia, pense por este lado, é uma ótima oportunidade de expandir seus conhecimentos, sua posição na tecelagem. - Isadora tentou.

- Eu sei, entendo e agradeço pela oportunidade, mas ainda acho que é complicado ficar longe por esse tempo. Também tem os meus pais...

- Uma semana passa rápido, quando se der conta, já estaremos de volta. E tenho certeza que Benê e dona Fátima ficarão muito bem, além de apoiarem a sua viagem.

- Apoiam? Como? - Olívia ergueu a sobrancelha, confusa.

- Talvez eu tenha conversado com eles antes de te encontrar. - Dorinha sorrriu, buscando com os olhos a reação de Olívia.

- Não sei o que eu faço com você, Isadora Camargo! - uma risada baixa escapou pelos seus lábios. - Tudo bem, você me convenceu. Quando viajamos?

- Sabia que você iria aceitar! - soou convencida. - Eugênio acredita que na próxima semana esteja tudo pronto para que possam nos receber.

As duas ficaram de pé, se preparando para deixar a sala. Olívia acreditava que era realmente uma boa oportunidade, e queria abraçá-la sem medo. Não era do tipo que fazia as coisas para provar nada para alguém, pelo contrário. Entretanto, a tecelã esperava que assim Joaquim e Onofre pudessem enxergá-la como igual. Não precisava de aprovação ou algo do tipo, só queria respeito.

- Bom, qualquer mudança ou decisão definitiva, é só me procurar. Você sabe onde me encontrar. - Olívia mordeu levemente o lábio.

- Pode ter certeza que sei! - Dorinha garantiu, fazendo a mais velha rir.

Depois da conversa com Isadora, Olívia finalmente estava livre para deixar a fábrica. Seu corpo pedia um momento para relaxar e, claro, um jantar divino preparado pela mãe. A tecelã apressou os passos quando lembrou qie Tenório queria encontrá-la antes de sentarem à mesa.

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2022 ⏰

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