QUARTO ESCURO

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O cheiro de mofo misturado com sangue era insuportável ao ponto de me fazer tossir. A ânsia de vômito vinha e voltava, era quase impossível respirar ali dentro, em um espaço sujo, escuro e totalmente claustrofóbico. O homem sai do quarto batendo a porta com força, fazendo um barulho alto soar pelas paredes. Assim que ele sai, me levanto tendo dificuldade de ficar em pé -ele me jogou no chão como se eu fosse um saco de batatas- assim que consigo ficar em pé procuro urgentemente por uma saída, uma janela, um buraco, qualquer coisa que poderia me tirar de lá. Tento abrir a porta, dou vários chutes na tentativa de arromba-la, porém, nada funciona. Depois de várias tentativas acabo me cansando, me encolho em um canto e começo a chorar.

19:45

Já deviam ser umas oito da noite, eu estava na mesma posição em que me encontrava. Chorei até que não me sobrassem mais lágrimas. De repente, uma luz se projeta à alguns metros de mim, a porta se abre fazendo a claridade surgir, me levanto rapidamente dando um passo para trás, fico imóvel ao ver quem era. O grande homem fechava a porta atrás de si, ele segurava uma bandeja metálica a mesma continha comida em sua superficie. Ele se aproxima de mim colocando-a no chão cautelosamente. Eu o encaro com muito medo, mesmo sem esboçar nem uma emoção. Ele se posiciona em pé na minha frente me encarando como se quisesse me dizer algo, ficamos assim por alguns segundos, o homem dá um leve chute na bandeija como se estivesse me dizendo para comer, me abaixo ainda o encarando, eu estava em total alerta. Ao olhar para a bandeija, vejo um copo de suco, o qual parecia ser de laranja e, um sanduíche de geleia de amora. Assim que pego o pão em minhas mãos, o homem me dá as costa virando-se em direção a porta, neste momento me levanto ficando de pé em uma posição defensiva:

-o que você vai fazer comigo? –pergunto ainda com muito medo.

O homem para por um instante. Ele inclina a cabeça e olha para baixo ainda de costas para mim. Não obtenho nem uma resposta, ele apenas ignora minha pergunta e continua seu caminho até a porta, logo saindo pela mesma.


8:00

já havia se passado muito tempo desde que fui jogada ali. Não sabia se já era de manhã, ou se ainda era noite ou tarde, mas sabia que deveria sair daquele lugar. Olho ao redor do quarto, desta vez com calma tentando novamente achar uma saída. As paredes feitas de madeira eram sujas e úmidas com resíduos de fungos. O chão também se encontrava úmido, molhado por uma água suja avermelhada, o que aparentava ser sangue. A parede era manchada por o mesmo. No meio da sala havia um grande balcão, em cima haviam várias ferramentas, iam de martelos a cordas, de cordas até mesmo ganchos de açogue.

De repente, começo a escutar o que pareciam ser passos, o barulho ficava mais alto a cada passo que a pessoa ou coisa, se aproximava. A porta se abre lentamente, do outro lado sai o mesmo homem que me colocara la. Ele entra caminhando em minha direção, se abaixa pegando a bandeija de comida a qual entes havia um pão e um suco, agora se encontrava vazia. O homem segura a bandeija em suas mãos virando-se em direção a porta. Ele já estava no meio do caminho quando resolve me levantar rapidamente a fim de lhe fazer uma pergunta:

-onde estão minha mãe e minha irmã?! –o home apenas ignora minha pergunta. Resolvo lhe perguntar de novo –o que vocês irão fazer com elas? –sem sucesso novamente. –EU TE FIZ UMA PERGUNTA, COISA FEIA! –dou lhe um grito. Diferente das outras três vezes, desta vez o homem se vira furiosamente, ele joga a bandeija que segurava em minha direção, esquivo-me fazendo a bandeija bater na parede e o copo que havia em cima se espatifar. O homem caminha rapidamente em minha direção, ele agarra meus braços colocando-os para trás de minhas costas, ele estica sua mão até o balcão pegando uma corda. O homem amarra meus braços ainda em minhas costas dando um nó bem apertado. Ele me joga no mesmo canto em que me encontrara antes, então sai batendo a porta.

14:55

Eu estava morta de fome, o homem não voltou mais depois daquilo.

Uma chuva muito forte estava caindo, eu podia ouvir os relâmpagos e o vento. Sinto algo cair em minhas testa, era uma gota de chuva, não me surpreendi pois ali havia diversos buracos no teto. Olho para cima ao sentir outra gota cair em mim, nisso, acabo me deparando com uma pequena portinha no teto, ao notar, começo a pensar como poderia usar aquilo para fugir. Primeiro: eu estava amarrada. Segundo: como eu iria alcança-la?

Ao procurar o que fazer, acabo me deparando com abancada, a qual era a solução para os meus dois problemas. Me levanto andando em sua direção, viro-me para um dos ganchos de espetar carne, o qualestava pendurado, começo a roçar a corda na ponta na tentativa de rompe-la,demoro alguns minutos mas finalmente consigo! Jogo o que sobrou da corda nochão, subo na bancada tentando chegar naquela pequena porta. Estico meu braçotentando alcança-la, dou vários pulos até que finalmente consigo. Coloco meusbraços para fora me sustentando no que quer que fosse. Faço força tentando meempurrar para fora, meu braço doía muito mas eu não me importava, tinha quesair dali. Quando consegui, coloco minha cabeça parafora, logo depois tirando meu tronco e minhas pernas. Ainda chovia muito forte,o céu estava escuro, era de dar medo, mas como eu disse, não me importava, sóqueria ir embora daquele lugar horrível. Quando fico de pé, começo a correr omais rápido que posso. Quando já estava aproximadamente a um metro de distânciada casa, esbarro em algo grande que me faz cair no chão. Olho para cima commuito temor ao ver o home mascarado na minha frente.

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