Era verão, as temperaturas estavam altas, e mesmo com todos buscando maneiras para se refrescarem, Shinsou tremia de frio. As três cobertas não lhe aqueciam o suficiente. O coração batia acelerado e não sabia dizer se era uma crise de ansiedade ou nervosismo psicológico de sentir frio naquele calor.
Denki estava sentado no chão em frente a televisão, os dedos remexiam rapidamente sobre o console do videogame, sequer prestando atenção no arroxeado sentindo frio na cama de seu quarto. Quando na verdade o loiro estava nervoso, ele havia decidido declarar os sentimentos para o melhor amigo naquele dia. Contudo a vergonha de continuar o manteve travado. Estava tremendo e mordendo o lábio constantemente numa forma de ficar calmo, porém em vão.
Foi quando num fio da fina esperança de se virar, recebeu o toque suave de Shinsou sobre suas costas. Assustou-se e perdeu a partida na qual jogava, acabando assim por virar mais rápido do que o normal para Shinsou. O arroxeado lhe chamou silenciosamente apenas usando a mão, e como um animalzinho obediente, Denki foi rapidamente para cima da cama, tocando logo em seguida nas mãos do melhor amigo.
Acabou se assustando pela forma que os dedos dele estavam gelados, mesmo estando debaixo de uma montanha de cobertores.
— O que foi? — Perguntou apreensivo. — Você está parecendo um pinguim na Antártica, e a temperatura está medindo quase quarenta graus...
— Estou bem. — Murmura arrastando o corpo para perto do loiro. Aquele era um gesto que fazia o coração de Denki disparar e seu raciocínio chegar a ficar retrógrado enquanto lutava para abraçar Shinsou sem desmaiar. — Posso... Posso perguntar uma coisa?
— C-claro que sim! — Gagueja, deslizando os dedos nervosamente sobre os cachinhos roxos e angelicais de Hitoshi. Estava torcendo para qualquer presença cósmica, que não fosse sobre os sentimentos sobre ele. Até para Deus rezou, e sequer acreditava naquele ser.
— Você sabe como é... Um adulto agindo como criança?
Precisou de alguns segundos para absorver a pergunta. Denki piscou os olhos rapidamente antes de olhar confuso na direção daquele ser precioso, que as vezes parecia estranho.
— É aquela doença chamada infantilismo?
— O que? Não! — Afastou-se dos braços que lhe envolviam, seu rosto contorceu numa expressão incomodada. Kaminari quis morrer por aparentemente ter falado besteira.
— Desculpa... — Coloca com cuidado a mão sobre o braço do rapaz. — Eu só nunca ouvi falar, achava que era o infantilismo.
— Não tem problema. — Suspira baixinho, não tinha como Denki saber do assunto magicamente. — É uma... É uma coisa, entendeu?
— Uma coisa... — Repete as palavras estreitando os olhos, tentando decifrar a frase que parecia um cálculo científico muito difícil. — Uma coisa que é uma coisa, coisa...
— Den. — Cutuca a bochecha do loiro, conseguindo chamar a atenção deste que realmente tentava entender o que era a suposta coisa. — Essa coisa... A pessoa regride mentalmente para uma idade onde fica consciente de ser uma criança.
— Ok... — Assente devagar, o cenho franzido e o timbre lento já denunciava sua confusão. Não demonstrava qualquer sinal de estranheza, o que era bom para o nervosismo do arroxeado. — Só não entendi direito pra que isso serve.
— É tipo... Uma terapia.
— Mas, terapia não é feita com outra pessoa num lugar médico...?
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Quando o frio acabar
FanfictionCom a chegada de um inverno rigoroso por cada canto da cidade, Shinsou estava enfrentando dificuldades em ter uma doença que o fazia sentir mais frio do que qualquer outra pessoa. Kaminari é seu melhor amigo, cultiva de uma paixão secreta pelo rapaz...