Poder Indesejado.

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Star não sabe o que fazer, ou se deve mesmo fazer alguma coisa.

Há um homem sem vida na sua frente; seu pai — a garota acabou de matá-lo. Quase agora. No chão da cozinha.

Contra sua vontade, ela estende os braços, focando a atenção em seus dedos. Acha que o fogo que percorreu pelo corpo do homem saíra dali.

O cômodo está coberto por uma fumaça cinzenta, que aos poucos abandona a cena.

Star e seu pai sempre tiveram a pior das relações. O homem sempre a odiou, por mais que a garota nunca entendesse o motivo. Sempre que ela pensava em fazer algo errado, ele estaria lá para repreendê-la.

— Estou feliz que esteja morto.

Sussurra, se escorando na parede. Está chorando, mas não pergunte o porquê, pois Star definitivamente não vai saber responder.

O cadáver está completamente desfigurado. Os olhos já não estão mais em seu rosto, que mais parece palha. Nem mesmo sabendo que aquilo é um humano, você poderia acreditar.

Star abandona o local, caminhando lentamente até o quarto. Chegando, se joga na cama, tampando o rosto com o travesseiro.

— Por que eu estou chorando? — Soluça aos berros. Seus gritos saem abafados, já que a fronha do travesseiro cobre seus lábios. Agora ela arremessa o objeto contra a parede, saltando da cama logo em seguida. — O que há de errado comigo?

A garota estende os braços, visualizando novamente as mãos. Voltando seu pescoço lentamente contra a direção do espelho que fica próximo ao guarda-roupas, se observa no reflexo.

Se olhar nunca foi tão difícil, e Star já enfrentou outras situações desagradáveis.

— Fogo? Isso é definitivamente impossível.

— Por que a surpresa?

Uma voz macia surge no pé de seu ouvido. No mesmo segundo ela se vira, ficando frente à frente com uma garota.

— Quem é você? — Star recua com passos desesperados. — O que está fazendo no meu quarto?

— Eu me chamo Maggie. Desculpa chegar desse jeito — estendeu sua mão, na esperança de que Star a cumprimentasse.

Tudo que a garota faz é enfrentar a mão de Maggie com seu olhar assustado.

— Por que está aqui?! Quem é você? Some do meu quarto!!

— Espera, podemos conversar. Eu irei te explicar tudo. Sei que há um homem morto no chão da cozinha.

Star já estava pronta para acertar um soco no rosto de Maggie, mas agora fica estática. É como se, por um segundo, perdesse a força do corpo.

— Por favor, não conte a ninguém — pede a desesperada. — N-Não... na verdade, eu vou te matar! Eu vou acabar com você, porra!

— Não irei. Star, você precisa tentar se acalmar. Eu devo te contar algo.

— Contar algo? Quem você pensa que eu sou, cacete?!

Maggie sente vontade de fugir, mas não irá fazer isso.

— Você é uma jovem diferente. Você nasceu com uma dádiva. Um dom. Tem habilidades anormais e não é uma humana — ela faz uma pausa, conseguindo recuperar o fôlego — ou seja, você tem superpoderes.

Star não poderia estar mais perplexa. Nenhum membro de seu corpo se mexe; até mesmo seus olhos não fazem quaisquer movimentos.

— O quê?

— Há muitas coisas para lhe contar, eu preciso que você venha comigo.

— Está brincando com a minha cara, porra? — Star avança contra Maggie, a acertando um soco no estômago — você acha que vou acreditar nisso?

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