Capítulo 1 - SEM REVISÃO

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COMENTÁRIOS AO FINAL DO CAPÍTULO.

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Eu poderia convencer facilmente qualquer um de que isso aqui é vida. Eu estava me sentindo tão relaxada, o ambiente era preenchido apenas pelo som das nossas respirações e o batuque leve e ritmado dos dedos dele na base do banco carona do carro. Certamente acompanhando alguma música que estava muito ao longe para que eu pudesse registrar.

Os dedos dele..

Sua mão esquerda acariciava e transpassava entre os fios do meu cabelo — eu ainda podia sentir um pouco do gelado em seus dedos causado pelo pote de sorvete — enquanto minha cabeça e parte do meu tronco estava encostado em seu colo, minha pernas estavam cruzadas em direção a janela do carona e, por incrível que pareça, sentia-me profundamente confortável assim.

Tínhamos acabado de sair pra comprar sorvete, a ideia era conversar sobre o que evitávamos há mais de 2 meses, mas devido ao feriado as ruas encontravam-se tão cheias — preenchidas por crianças, seus familiares e jovens — que ficava difícil ter essa conversa em um ambiente público.

Compramos nossos sorvetes — Devo admitir que acabei comendo o dele também— e decidimos parar próximo à praia e recostarmo-nos no carro, tendo uma visão do céu por conta da abertura no teto do mesmo.

Senti que ele parou o batuque e recostou sua cabeça no banco, mirando diretamente o teto aberto. Ele não disse nada, mas eu quase podia ver a mente dele rebatendo se devia dizer algo ou não. Ele não disse, e eu também não me sentia corajosa o suficiente para ser a primeira a dizer. Aproveitei a oportunidade para observar melhor suas feições. Eu gostava genuinamente de observá-lo, mas ainda não tinha tido a oportunidade hoje. Era como se ainda não quiséssemos mexer com o "elefante na sala", evitando chegar ao assunto. Deitada em seu colo eu tinha a visão perfeita da linha de sua mandíbula, parte de sua barba por fazer e seu pescoço. Eu podia ver seu pomo de Adão trabalhando, como se ele estivesse buscando palavras, cogitando dizê-las e as engolindo antes que as mesmas tivessem oportunidade de serem ouvidas por mim. Seu cabelo preto estava um pouco maior do que de costume, já era possível ver, nas laterais, pequenos fios brancos e dourados, ele costumava dizer que era o charme dele, assim como seus olhos. Até agora não sei distinguir exatamente a cor, mas eu gosto de pensar que são densos como mel e quentes como Whisky. Eu não conseguia vê-los desse ângulo, infelizmente.

— Eu posso sentir você me observando, pequena. — Disse ele com sua voz grave, mas com um tom preguiçoso.

Eu não respondi, e ele não parou suas carícias em meu cabelo e nem desceu seus olhos até os meus, mas sua outra mão que antes estava batucando levemente no banco do carona foi de encontro a concha de minha orelha. Seus dedos, ao contrário da mão esquerda, estavam quentes, ele traçava desenhos irregulares na borda de minha orelha, enquanto eu conseguia ver seu anel prata.

Quando ele respirou fundo e olhou pra mim, seu rosto estava inexpressivo, mas seus olhos continham tantas emoções que era difícil distinguir o que ele estava tentando passar. Ele analisou detalhadamente meus traços, seu olhar se transformando em terno e penetrante, desviando lentamente para a minha boca e voltando aos meus olhos. Era como um pedido silencioso dele para me beijar. Completamente inconsciente de como aquilo enviou uma onda de desejo instantaneamente ao meu núcleo, e eu já podia sentir a minha vontade por ele vir a tona novamente.

Ele era sutil na maior parte do tempo.

Eu me controlava a maior parte do tempo.

Mas quando ele me dirigia esses olhares, olhares que pareciam reservados a mim, era como se eu estivesse tentando segurar uma represa e ela finalmente rompesse o muro. A diferença é que diferente da água que ultrapassaria a barreira de maneira violenta, mas, ainda assim, parte do ambiente ainda permaneceria de pé, era como se fosse de lava pra mim. Corroendo tudo pelo caminho, acendendo todo o desejo que eu segurava secretamente por ele. Eu me sentia quente e podia sentir a sensação latejante abaixo de minha barriga, meu próprio sexo esbravejando através de pequenas contrações o quanto desejo ele. Exigindo silenciosamente o toque dele.

Sua falta de palavras acabou me deixando um pouco enrubescida e eu desviei meus olhos dos dele enquanto tirava sua mão da minha orelha e passava a brincar com seus dedos.

Sua mão era, no mínimo, fascinante pra mim. Ele realmente tinha mãos bonitas, eu não sabia que tinha um certo fetiche em mãos até conhecê-lo. Seus dedos eram proporcionais a sua palma, com contornos gordinhos, mantendo suas unhas curtas, perfeitamente cortadas e arredondadas. Eu conseguia sentir seu olhar ainda queimando o lado direito do meu rosto, mas eu ainda não queria olhar pra ele, não até que algo em mim decidiu permitir que meu desejo por ele transbordasse um pouco, deslizando entre as lacunas do muro que construí cuidadosamente para evitar que nós cruzássemos essa linha.

De alguma forma era como se ele tivesse sentido isso, visto de algum jeito, pois sua mão direita se soltou da minha e desceu de encontro ao meus lábios.

Era uma carícia leve com seu dedão, como se ele tivesse receio de que pudesse me machucar. Desenhando o contorno dos meus lábios, imaginando que sua digital fosse sua própria boca. Movimentando-se , lenta e graciosa.

Seus outros dedos repousavam na lateral do meu rosto, era um toque tão leve que quase poderia-se dizer que seus dedos não estavam lá, mas eu podia senti-los, eu sabia que ansiava por eles, ansiava por ter o fantasma de suas digitais em cada parte do meu corpo através do seu toque. Ansiava que seus dedos fossem de encontro ao meu núcleo, ansiava que ele me fodesse ali mesmo com eles.

Eu parei de respirar assim que senti seu toque em meus lábios. Ele nunca tinha tocado lá — assim como nunca tocou em outras partes do meu corpo — seus toques sempre foram limitados ao meu cabelo, pescoço e ombros. Nunca tão perto, nunca íntimo demais de forma que pudesse levantar suspeitas. Nunca até hoje.

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Olá, minhas queridas. Como têm passado?

Devo dizer que passei bastante tempo sem trabalhar minha mente em novos escritos pra vocês, mas como "bom filho à casa retorna" estou de volta e, como sempre, por conta de um acesso de criatividade durante minhas "lavadas de louça". Parcialmente, é claro. Trouxe esse trecho pra vocês de algo que tenho tentado trabalhar faz pouco tempo, e temo em dizer também que eu, sinceramente, ainda não tenho ideia de até onde irei com essa, mas prometo que será breve. Breve e...prazeroso.

Esse é um rascunho de uma AU SehYam a qual eu gostaria de saber se vocês querem que eu continue, a narração está um pouco diferente do que eu trouxe nas minhas duas últimas obras, ainda não decidi se gostei desse estilo primeira pessoa, mas pretendo continuar se for bem visto por vocês. Isso inclui fazer uma capa, pois sou ansiosa demais para segurar até que eu faça uma.

Me deixem saber o que vocês pensam!

Até breve, senhoritas.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2022 ⏰

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