Capítulo 5

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Ao chegar em seu apartamento, Kazutora foi direto para o seu quarto, retirou suas roupas, deitou em sua cama, pelado, e demorou para dormir. Seus pais, como sempre, não estavam em casa. Ele não sabia onde sua mãe estava e com certeza ela havia colocado algum bilhete em algum canto avisando que estava fora e que não sabia quando voltaria. Kazutora já não ligava mais.
Seu pai ainda estava trabalhando fora.

Kazutora ficou pensando por um bom tempo, no sorriso triunfante de Smiley, que infelizmente (com certeza, felizmente, mas Kazutora não queria admitir) não saia de sua cabeça, a voz do garoto o chamando de bonitinho e o convidando para sair, para se conhecerem melhor, ele dizendo que Kazutora era interessante, o toque suave e gentil de sua mão na dele. Tudo aquilo deixava Kazutora ridiculamente animado.

Ele queria dar gritinhos toda vez que pensava em Smiley se aproximando minimamente e o provocando com o apelido de bonitinho. Não conseguia evitar.

Até que um momento, ele parou, começando a analisar a situação.

"Será que, se eu não soubesse que sou uma menina, eu agiria assim?", perguntou a si mesmo.

Não havia ninguém ali para lhe responder, deixando-o apreensivo. Ele queria conversar com alguém; e esse alguém era Baji, pois era o único que sabia de seu segredo.

"Mas, se eu ainda achasse que era homem e ficasse assim toda vez que penso nele, eu seria gay?"

Silêncio de novo.

"Se eu continuo achando que sou um homem e penso em Smiley, então… Eu sou gay."

O coração de Kazutora acelerava a cada palavra que surgia e formava uma dívida em sua cabeça bagunçada.
"Mas, se eu fosse realmente um garoto e Smiley quisesse sair comigo, se nos beijássemos, seríamos gay?"

Ele se sentou na cama.

"Smiley é gay também?"

Ele começou a bater o pé no chão repetidas vezes.

"Ele não parece ser… E talvez a forma como ele falava comigo, era pra me provocar."

Ele se levantou de vez da cama após respirar fundo. Parecia que o chão estava puxando-o para baixo. A gravidade parece se divertir com o esforço de Kazutora para se manter em pé.

"Mas, por que ele faria isso? Ele não fez isso com mais ninguém."

Ele começou a andar ou sua ansiedade o faria desmaiar.

"Ele disse que eu era interessante, bonito. Ele estava falando sério ou queria brigar comigo?", ele coçou a nuca, "Se ele tava procurando briga comigo, não conseguiu, então ele desistiria. Mas, ele continuou."

Ele deu um pequeno sorriso.

"Ele tá a fim de mim!"

Porém, seu sorriso sumiu tão rápido quanto surgiu.

"E se ele continuou porque Baji caiu na provocação?"

Um vento leve e fresco apareceu, dando calafrios no corpo magro de Kazutora, que havia se esquecido de que estava nu.

Ele voltou a se deitar e cobriu-se todo.

"E por que Baji estava agindo daquele jeito? Ele nunca agiu assim…"

Seu celular estava em cima de sua mesinha, do outro lado do quarto. Ele olhou para aquela direção, não sabia se pegava e mandava mensagem para Keisuke ou não.

"Não custa perguntar."

Ele suspirou fundo, pegou suas roupas que estavam na beira da cama e as vestiu. Caminhou ainda descalço até sua mesinha e pegou o celular, mandando mensagem para Baji.

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