2 - Cuidados

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Robby estava nas últimas. Pelo menos tinha um emprego decente e conseguiu juntar algum dinheiro para deixar de herança, morrer falido e fazer Miguel pagar o funeral sozinho seria muito triste. E por falar em funeral, bem que podia resistir até sexta, assim os amigos iam poder ir ao enterro e chorar por ele. Se bem que Sam era rica, Demetri e Hawk eram autônomos e Tory e Shawn eram loucos o bastante para mandarem seus chefes pro inferno e irem ao enterro em plena quarta-feira. É, ele ia ficar bem. Morto, mas feliz. E querido. Por falar em querido, estava começando a se sentir sozinho. 

Respirou fundo para conseguir usar suas últimas forças e fazer algum som sair da garganta irritada. "Migueeeeel" chamou naquele tom prolongado e lamentoso, a voz ridiculamente fanha por conta do nariz entupido. Estava uma derrota só, fungando igual a um touro, mas com a força e energia de uma lesma. Coitado de Miguel, devia estar sendo uma droga aturar ele desse jeito. Mas não estava nem aí, não queria ficar sozinho.

Estava quase chamando de novo quando Miguel entrou no quarto, com uma caneca na mão. "Oi, amor. Desculpa a demora, estava fazendo um chá pra você. Gengibre, mel e limão, vai aliviar sua garganta e descongestionar um pouco seu nariz." Robby deixou a xícara por um momento na mesinha de cabeceira e estendeu as mãos, fazendo beicinho. Miguel abriu os braços para ele se aninhar e o abraçou bem apertado. Robby aproveitou que já estava fungando mesmo para disfarçar o quanto estava sensível e emocional. "Miggy… você pode esperar um ano antes de casar de novo? Só pra garantir que eu vou ter mudado de plano e tudo mais. Não quero ficar aqui assombrando você."

Miguel queria muito resistir, mas não deu. Soltou uma gargalhada enorme. "Para com isso, Swayze! Filme errado. Você tá mais pra Dirty Dancing que Ghost." 

"Não debocha de mim! Você promete?" Robby pediu, fazendo aquela carinha adorável de cachorro chutado do caminhão de mudança.

"Eu prometo. Você não vai morrer, mas eu prometo. Aliás, eu prometo nem casar de novo. Você sabe que eu não quero mais ninguém." Miguel fez carinho na cabeça de Robby e deu um beijo na testa dele. "Agora para de pensar besteira e toma seu chá." Robby começou a beber o chá, devagar. "Miguel…" "hm?" "Você é muito jovem, bonito e tem um bom emprego. Não precisa ficar sozinho o resto da vida. E você pode adotar um cachorrinho bem fofo e botar o nome dele de Robby." 

"Sabe, eu acho que você devia falar com o Daniel e pedir demissão. Você claramente tá desperdiçando seu talento pro teatro fazendo esse drama todo de graça." Miguel disse rindo.

"Como você pode ser tão mau comigo? Eu tô falando sério!" 

"Pior ainda. Você só tá gripado e dengoso. Vai passar em um ou dois dias, docinho. Eu vou cuidar direitinho de você, tá? Você tá com fome?"

"Não… não sinto gosto de nada e tô enjoado com todo esse catarro." Robby reclamou.

"Certo. Mais tarde eu faço uma sopa de tomate pra você, quer?" Robby confirmou, com um sorrisinho. "Quero. Minha preferida."

"Eu sei, bebê. Dorme um pouquinho, você precisa descansar." 

"Não quero ficar sozinho…"

"Eu deito aqui com você, de conchinha. Eu até deixo você ser a conchinha de dentro dessa vez."  Miguel amava ser abraçado, mas também amava abraçar Robby. Deitaram juntinhos e Miguel estava quase cochilando… 

"Miguel?" Robby raramente o chamava de Miguel, só quando queria falar sério. "Sim?"

"Eu tô feio, nojento e chato? Pode ser sincero." Robby perguntou, fungando de forma suspeita, Miguel suspirou e respondeu, paciente: "claro que não, meu amor. Você é sempre lindo, fofo e gostoso. E um amorzinho." 

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