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Miguel estava confortável com a escolha que havia feito de trabalhar como mecânico na concessionária de Daniel, sempre havia gostado de entender como as máquinas funcionavam e solucionar problemas. E teria ligado para o futuro chefe para aceitar a proposta assim que o fim de semana terminasse se não fosse aquela ligação. Tory estava trabalhando como cozinheira na casa de um milionário e ligou para avisar que havia uma vaga de motorista disponível. Miguel amava dirigir, quase tanto quanto consertar carros, e o salário era muito melhor do que qualquer outro que ele pudesse ter. O Sr LaRusso era justo e pagava bem, mas não era rico daquele jeito.

Ridiculamente rico, Miguel pensou quando parou em frente à entrada da mansão. Era uma dessas casas gigantes à beira da praia, daquelas vistas em filmes e revistas de decoração. Paredes de vidro, piscinas, jardim planejado. A garagem sozinha era maior que a casa de Carmen e o flat em que Miguel estava morando de aluguel juntos, ele nem conseguia imaginar morar num lugar desses sem se perder pelos corredores.

A porta se abriu e um profissional que só poderia ser descrito como um mordomo abriu a porta. Que tipo de pessoa teria um mordomo nessa economia, Miguel se perguntou. Pelo menos ele não estava de terno e gravata, Miguel não teria conseguido segurar o riso e perderia a chance de conseguir o trabalho antes mesmo da entrevista. Foi levado a uma varanda que tinha uma belíssima vista para o mar e orientado a esperar alguns minutos, pois o dono da casa chegaria em breve para entrevistá-lo. Não demorou muito, além de não ser sovina, era pontual. E era uma figura impressionante, vestido de forma impecável e muito alto, sabia que ele tinha pelo menos sessenta anos, mas parecia muito mais novo, apesar do cabelo completamente branco. Tinha uma postura imponente e estava em plena forma.

"Miguel Diaz?", perguntou casualmente.

"Sim, Sr... Silver, certo?"

"Sim. Terry Silver. Se está aqui, acredito que tenha achado o horário de trabalho e o salário convenientes, mas podemos negociar se for necessário. O que preciso é ter alguém com boa disponibilidade. Vou pagar o suficiente para que não precise de outro emprego e possa atender a todas as minhas demandas." 

"Certo. Não tenho filhos e moro sozinho, não acho que vou ter problemas de disponibilidade, Sr Silver", Miguel afirmou.

"Ótimo. Eu tenho uma empresa de energia. Preciso que me leve e me traga do trabalho todos os dias. Eu gosto de dirigir, mas infelizmente não posso fazê-lo agora. Ordens médicas", Silver lamentou.

"Sem problemas. Pela manhã e pela tarde, imagino?"

"Exatamente. Depois de me buscar, você vem pra cá. Seu horário de trabalho vai ser passado aqui, pro caso de haver qualquer eventualidade. Tudo bem?"

"Sim, claro." Miguel tinha muitas perguntas, mas ainda não era o momento.

"Claro que não espero que você fique aqui sem fazer nada. Vou pedir para mostrarem as dependências para você e como tudo funciona por aqui. Pode ser que meu marido precise ir a algum lugar, então você irá levá-lo também."

"Tudo bem. Os senhores têm preferência de veículos diferentes?" Miguel perguntou.

"Boa pergunta, Diaz." Disse com aqueles olhos azuis brilhando de forma intensa. "No meu carro, sempre que possível. Vou te mostrar qual é. Robert tem o carro dele, mas ele nunca usa." O homem disse num tom de reprovação.

Miguel quase perguntou se o outro não dirigia por ordens médicas também, mas o cérebro foi mais rápido que a boca e ele resistiu. "Vou apresentar vocês e depois o Kyler te leva para conhecer a casa. O mordomo." Adicionou ao ver o olhar confuso de Miguel.

O patrão usou o celular para pedir ao marido que viesse encontrá-los na varanda e Miguel apenas pensou em quão grande a cada deve ser por dentro pra que eles se comuniquem por telefone. Era um mundo completamente novo para ele. Alguns minutos depois, Robert adentrou a varanda e Miguel usou toda a pouca capacidade de atuação que tinha para disfarçar o choque. Para começar, o marido parecia ter a idade de Miguel, no máximo 30 anos. E além de ter a metade da idade do Sr Silver, também era absolutamente lindo. Tinha olhos verde-claros, nariz delicado, cabelos claros, sedosos e ondulados e uma boca que parecia ter sido desenhada no rosto dele, além de sardas que tornavam sua aparência ainda mais jovial e delicada.

Segredos Perigosos (kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora