Bônus

139 8 173
                                    

Robby cantava numa voz suave há quase vinte minutos tentando fazer Christopher dormir, mas o menino apenas olhava para ele e ria como se estivesse apreciando muito o show. Em qualquer outro dia, Robby teria achado engraçado e adorável, como quase tudo que o filho de um ano fazia. Desde que ele e Miguel haviam decidido adotar um filho, Robby sabia que o pequeno teria os dois na palma da mão.

Mas nesse dia, Robby estava exausto. O dia tinha sido muito ocupado, tanto que nem teve tempo de almoçar. Miguel estava tão cansado quanto ele, e tinha chegado ainda mais tarde, então o mais baixo se ofereceu para fazer o bebê dormir, do que já estava arrependido. Seus braços doíam, seus olhos já estavam pesados e lacrimejando e suas pernas estavam moles. Sentia uma fraqueza tão grande que teve medo de derrubar Chris, então o deixou no berço e se sentou na poltrona bem ao lado, para evitar cair.

O choro carente do filho assim que perdeu o lugar privilegiado no colo do homem de olhos verdes acordou Miguel, que esperou um ou dois minutos e se levantou para ajudar quando percebeu que Robby não tinha conseguido fazê-lo parar de chorar. Chegou ao quarto do filho e o encontrou chorando sozinho no berço, e Robby sentado na poltrona parecendo não estar bem. Pegou Christopher no colo, o que o fez se aconchegar em seus braços e parar de chorar, depois se sentou no braço da poltrona ao lado de Robby e correu as mãos pelos cabelos castanhos.

— Tudo bem, mi amor? — perguntou, preocupado.

Robby apenas acenou negativamente e apertou os olhos. Miguel notou que ele estava com o rosto um pouco vermelho e pôs a mão em sua testa.

— Robby, você tá ardendo! Vou te levar pro hospital — Miguel disse, aflito.

Robby tentou dizer que não era nada, mas estava sem energia para discutir, e sabia que quando Miguel entrava no modo protetor, era inútil teimar. Os dois deixaram Christopher na casa de Carmen, para a alegria dela e de Rosa, e foram para o hospital. Quando saíram de lá com uma receita e recomendações para Robby se cuidar e se hidratar bem para combater a gripe, Miguel estava bem mais tranquilo. Ele preferia exagerar e não ser nada a ignorar um problema sério. 

Pediram a Carmen que cuidasse do bebê pelo fim de semana, com medo de que ele pegasse o vírus também. Carmen com certeza os atualizaria com dezenas de fotos de Chris comendo, dormindo, brincando, rindo e tudo mais que ela achasse fofo, e eles não precisavam se preocupar. 

Quando os dois chegaram, Miguel separou roupas para os dois e depois ajudou Robby a ir com ele tomar banho, já que haviam chegado do hospital. Miguel lavou o cabelo dele e depois o secou com secador, para que não dormisse com ele molhado e ficasse desconfortável. Robby ainda tinha dificuldade de acreditar que havia encontrado alguém tão atencioso e carinhoso, sentia até vontade de chorar, o que provavelmente se devia à febre e ao estado de saúde abalado.

Robby tomou o remédio para a febre antes de dormir, após comer uma banana. Estava com dor de cabeça, e no corpo, mas havia sentido dor por tanto tempo que ainda esquecia que podia fazer algo quanto a isso. Para sua sorte, Miguel estava lá cuidando dele e fazendo tudo para que se sentisse melhor. 

Quando ele pegou no sono, Miguel ligou para Daniel e disse que não poderia ir trabalhar no dia seguinte, e o mais velho foi muito compreensivo, como sempre. Desde que haviam se casado há uns dois anos, Robby demandava cuidados com muito menos frequência, e quando acontecia, era sempre Miguel que tinha que perceber o que estava acontecendo, pois o marido ainda tinha o hábito de evitar pedir ajuda. Miguel achava que era só insegurança, mas o modo conformado com que Robby lhe contou que simplesmente havia se acostumado a estar sozinho nesses momentos partiu seu coração e ele prometeu a si mesmo que isso não aconteceria mais. 

Miguel se deitou na cama ao lado de Robby e ajeitou os cinco travesseiros e três almofadas para que os dois ficassem confortáveis, depois passou um braço ao redor da cintura de Robby e o puxou para mais perto. Além de querer lhe dar carinho e conforto, também seria útil para ficar de olho caso a febre piorasse ou houvesse qualquer mudança que ele precisasse saber. Encaixou a cabeça no pescoço de Robby e inspirou, adorava o cheiro natural dele mais que qualquer perfume. Ainda lembrava de como era estar dentro do carro e sentir o cheiro permear todo o ambiente, mesmo bem depois do jovem ter saído do veículo.

Segredos Perigosos (kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora