Capítulo 02- A floresta do Desespero pt1

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- Acorde! Acorde! - a voz de Sarah ecoou longe na cabeça de Suzanne.

Agora não, ela estava tão distante, tão tranqüila, no mundo dos sonhos. Com um murmúrio incompreensível, ela balançou a cabeça e sem abrir os olhos perguntou:

- Que horas são?

- Não sei, perdi meu relógio ontem, correndo feito uma louca pela floresta, graças ao seu irmão.

Suzanne abriu os olhos examinando o lugar ao seu redor, tudo ainda estava na mais completa escuridão de antes, somente a luz da fogueira as iluminava e então ela percebeu que nada havia sido um sonho, tudo realmente havia acontecido, seu irmão havia se transformado em algo estranho que Sarah chamava de lobisomem, oh Sarah, afinal quem era aquela mulher?

Sentando-se ela a fitou, Sarah estava de pé, os olhos fixos no nada, por que ela parecia nunca estar olhando para nada especifico? Ela era muito estranha, e pensar que a única pessoa que tinha ali como companhia era ela.

Franzindo a testa ela olhou novamente ao redor, estava escuro, realmente escuro.

- O dia ainda não amanheceu, por que me acordou?

Sarah suspirou, como se ela tivesse feito a pergunta mais idiota do mundo, então respondeu ainda sem fita-la.

- Não é noite. Estamos na Floresta do Desespero, aqui o sol nunca chega, o que causa a falsa ilusão de que é sempre noite. Devemos ter muita atenção ao andar por aqui, porque este é o local onde vivem as almas que não foram aceitas nem no céu ou no inferno. Elas ficam vagando por aqui esperando um corpo humano para possuí-lo.

Suzanne piscou os olhos varias vezes, que conversa era aquela? Primeiro a mulher a fazia acreditar que seu irmão era lobisomem e agora vinha com esse papo de que nessa floresta viviam almas que não foram aceitas nem no céu ou no inferno. Há aquilo já era demais.

Levantando-se ela começou a caminhar em direção a algumas arvores, ela iria para casa, encontraria seu irmão e esqueceria daquele dia. Mas antes que desse três passos, a mão de Sarah segurou seu braço.

- Onde pensa que vai?

Suzanne puxou o braço assustada, a menos de dois segundos Sarah estava encostada em uma arvore do outro lado, e agora estava tão perto dela. Como ela se movimentava com toda aquela rapidez? Ela não se lembrava de ter ouvido um só ruído de seus passos sobre a grama seca.

- Pra casa. - ela respondeu, cruzando os braços para ter mais impacto contra aquele olhar frio.

- Você não faz idéia de para que lado fica a sua casa.

- Eu descubro.

- Não, o máximo que você conseguiria é morrer.

Suzanne ficou parada pensando, ela encarou a floresta escura, de fato ela não estava enxergando praticamente nada a frente e se perderia com facilidade, talvez se Sarah concorda-se em levá-la de volta para a cidade.

- Me leve de volta pra casa. - o pedido saiu de seus lábios antes mesmo que o pensamento fosse concluído.

Sarah a encarou como se estivesse pensando na possibilidade, então desviando os olhos para as arvores, respondeu simplesmente:

- Não posso.

- Como assim não pode?

- Não faço a mínima idéia de para que lado fica.

Suzanne franziu a testa, dando um passo em falso e esbarrando em uma arvore, se ela não sabia, então como elas sairiam dali?

- Mas não se preocupe, eu tenho alguma idéia de como voltar para onde vivo. - Sarah respondeu, dando-lhe as costas e apanhando sua bolsa no chão.

O Enigma da Mamba NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora