Manhã de Inverno

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Era uma manhã de domingo e as ruas de Londres encontrávam-se cobertas de neve. Na livraria de A. Z. Fell, tudo estava silencioso... até demais.
Mas esse silêncio nos é explicado ao vermos Aziraphale e Crowley dividindo uma mesma confortável e grande cama, onde mesmo com tanto espaço disponível, os dois dormiam abraçados embaixo dos cobertores quentinhos.
Aziraphale acorda com os feiches de luz que adentram pela janela do quarto e esfrega os olhos de forma cuidadosa. Virou-se para o parceiro e puxou-lhe levemente o pijama de cor preta.

- Crowley... Crowley, acorde, querido. Já está de manhã.

- Ngh... - Resmungou o outro sem nem abrir os olhos. - ... Anjo, volte a dormir. Está cedo demais, ok?

- Mas... - Não pôde terminar a frase quando sentiu os braços ao redor de sua cintura o segurarem com mais força por uns instantes.

- Fique comigo apenas por mais uns minutinhos, Aziraphale. Por favor.

O anjo não conseguiu recusar ao pedido do amado. Deu um sorrisinho, fechou os olhos novamente e quando se deu por sí, já estava em sono.

Uma hora se passou e, desta vez, quem acordou foi Crowley. Bocejou e espreguiçou-se enquanto direcionava o olhar para a luz do dia que entrava pela janela e irritava seus olhos. Criou coragem, levantou-se e fechou as cortinas. Ouviu então a voz de Aziraphale o chamando e, ao olhar para trás, encontrou o parceiro o chamando de volta para cama com um olhar sereno e sonolento.
Retornou para os cobertores e sorriu ao sentir os braços fortes de pijama azul-claro à sua cintura.

- Pensei que até pouco tempo atrás não quisesse dormir tanto, Anjo.

- Quieto, me deixe te dar afeto, oras!

- Como quiser. - Riu baixinho e acomodou-se nos braços de seu anjo, recebendo um beijo na bochecha em seguida.

- Eu te amo.

- Eu também, anjo. Eu também. - Fecharam os olhos e novamente caíram no sono.

Ao acordar, horas depois, um cheiro bom tomava conta do lugar e Crowley percebeu que Aziraphale não mais se encontrava deitado, mas sim sentado ao seu lado com uma caneca de café em mãos.

- Finalmente acordou, meu dorminhoco. Dormiu bem?

- Sim. Você fez café para mim? Você sabe que não precisa.

- Eu sei. Só achei que seria o ideal para você tomar um café quentinho em um domingo tão preguiçoso e frio como esse. E achei que seria romântico, estou certo?

- Totalmente. - Deu um beijinho demorado nos lábios de Aziraphale, que sorriu com a ação. - Como é possível? São mais de 6000 anos juntos e eu gosto de você ainda mais a cada dia que passa! - Pegou o copo de café e começou a beber.

- Eu posso dizer o mesmo à você, meu querido. Desde que te conheci minha existência tem sido mais agradável. Sou inseguro com minha aparência e você sabe disso, mas com você ao meu lado eu não tenho medo de ser eu mesmo e......

- E...?

- ... isso me faz o ser mais feliz do universo. Eu te amo, Crowley.

Crowley não pode evitar de sorrir de orelha à orelha. A maneira tão fofa e verdadeira como Aziraphale disse aquelas palavras o fez sentir como se houvessem borboletas em seu estômago. Colocou a mão no rosto de Aziraphale, que a beijou e a segurou de forma gentil.

- Aziraphale? - Disse Crowley, terminando seu café.

- Sim?

- .................

- Crowley?

- ........ Eu também te amo. - Sussurrou e virou o rosto corado.

Aziraphale riu com o constrangimento do outro. Se levantaram e finalmente começaram o dia às 11:37 da manhã. O anjo compreendia que Crowley não estava acostumado à dizer palavras tão fortes, mas sabe que nem é nescessário um "eu te amo" nesta relação para se saber o que o outro sente.
Se conhecem tão bem após longos 6000 anos de história e convivência que um simples gesto ou olhar já diz tudo. E os olhares que trocaram ao sair do quarto claramente diziam:
"Você é a melhor coisa que já me aconteceu.".

Fim.

Manhã de Inverno - Good OmensOnde histórias criam vida. Descubra agora