Capítulo 1

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Lalisa Manoban não era uma garota comum de vinte e seis anos.

Nascida e criada em Upper East Side, um dos bairros mais ricos, não só de Nova York, mas de todos os Estados Unidos da América, e membro de uma das famílias judias mais conhecidas da cidade, poderia ter se tornado a típica patricinha gastadora e fútil, totalmente dependente dos pais, e que se prepara para, no futuro, ser dependente também de um marido.

No entanto, desde o começo da adolescência, tinha decidido que uma mulher moderna não podia depender de ninguém e se, por um lado, aproveitava a gorda mesada que recebia dos pais, na época, para se vestir como patricinha e frequentar os mesmos lugares que seus colegas, igualmente filhos de famílias ricas e poderosas de NY, frequentavam, por outro, fazia grandes planos e se preparava para seguir uma brilhante carreira no futuro.

Seu pai, Marco, era empresário. Tinha estudado administração para abraçar, sem hesitação ou ressentimentos, o destino que tinha sido traçado para ele desde seu nascimento, que era o de cuidar dos negócios da família.

Nascera filho único de Adena e Caleb Manoban, e a única irmã de seu pai não pudera ter filhos, então, se não tivesse assumido a administração das fábricas e lojas de tecido criadas por seu bisavô, aquele seria o fim da prosperidade dos Manoban.

Sua mãe, Soyeon, tinha sido modelo fotográfico e largara a carreira para se dedicar ao marido e aos filhos, mas, quando Lisa tinha dez anos e a bela mulher vira seu segundo casamento fracassar, se arrependera muito de ter feito tal escolha e não deixara de demonstrar a frustração à filha que, com isso, tinha mais um motivo para julgar que ser independente era sempre a melhor opção.

Lisa não queria ser modelo como a mãe fora, apesar de ser tão linda quanto ela tinha sido na juventude, e muito menos cuidar da próspera empresa da família, o que, felizmente, não precisaria fazer, porque Jiyoon, seu irmão gêmeo, parecia ter toda a inclinação necessária.

Percebera, com facilidade, que escrever era sua maior paixão, e decidira, logo no começo do ensino médio, que se tornaria jornalista.

Ficara sabendo, durante o período escolar, que era considerada a melhor faculdade de jornalismo do mundo a The Queen's School of England, em Londres, então ir morar no Reino Unido e concluir seus estudos naquele país tinha se tornado o seu sonho.

Sonho que ela de fato realizara, tendo se mudado aos dezoito anos, pouco depois da formatura do ensino médio, para só voltar aos Estados Unidos recentemente, depois de um triste acontecimento familiar e de uma proposta de trabalho irrecusável.

Exatamente como imaginara, tinha se tornado uma mulher bem sucedida na carreira que escolhera, com um cargo muito mais importante e um salário muito mais alto do que o da maioria esmagadora das garotas da idade dela.

Conseguia manter o mesmo estilo de vida que tinha quando vivia com os pais, praticamente contando somente com seu trabalho.

A única coisa que ela tinha, naquele momento, que não fora conquistada por esforço e talento próprios era o apartamento em Los Angeles, para o qual tinha se mudado semanas antes, que fora adquirido graças à venda de um outro, localizado em NY e deixado para ela, em testamento, pela avó.

O que ela jamais poderia imaginar era que poucos meses depois de seu retorno, em uma sala de reunião em que deveria encontrar seus admiráveis empregadores, se depararia com ninguém mais ninguém menos que Kim-Jeon Jungkook.

Kim-Jeon Jungkook não era um cara comum de vinte e nove anos.

Nascera e crescera em Nova York, tendo vivido até os dezesseis anos em Williamsburgh, um dos bairros mais pobres do Brooklyn na época, na companhia apenas de sua mãe, Kim Haenim, uma batalhadora e solitária mulher, que ele sempre admirara.

Ela jamais se deixara abater, mesmo depois de ter perdido os pais em um acidente, quando ainda era criança, passando a viver com uma tia, ou depois de ter ficado grávida com apenas dezessete anos e de ter sido abandonada pelo namorado após se recusar a fazer um aborto.

A corajosa mulher cursara enfermagem à noite, enquanto trabalhava como vendedora durante o dia, e criava seu filho com a ajuda da tia.

E, quando finalmente se tornara enfermeira, abraçara a profissão com dedicação extraordinária, mas sem nunca descuidar da educação de Jungkook, sempre estando perto para ajudar o menino com os deveres de casa e sempre lhe passando os valores necessários para que se tornasse um homem de bem.

Quando o rapaz era adolescente, a mãe arrumou um emprego em uma casa de família em Upper East Side, que pagava quase o dobro do trabalho anterior.

O único inconveniente era que a Sra. Adena Manoban precisava que a pessoa que fosse cuidar de seu marido Caleb passasse a morar com o casal e sua família, e Haenim não queria ficar longe de Jungkook.

Já estava prestes a recusar o trabalho, quando fora surpreendida pela Sra. Manoban, que afirmara não se opor, de forma alguma, a que ela trouxesse o filho consigo.

Fora assim que Jungkook passara a conhecer e conviver com o lado luxuoso de Nova York, mas isso não subira à cabeça dele, que conhecia muito bem o seu lugar. Nem isso nem o fato de que passara, muito rapidamente, a ser tratado como um membro da família pelos Manoban.

Ele fora estudar na mesma escola em que estudavam os netos de Adena e Caleb e, quando se formara no ensino médio, tinha sido convidado a estagiar na empresa dos Manoban por Marco, enquanto cursasse administração na NYU, graças à bolsa de jogador de futebol americano que recebera.

Pouco antes de fazer vinte e dois anos, no entanto, Jungkook vira sua vida mudar de forma drástica quando fora convocado para a leitura do testamento de Jeon Minseo.

Não entendendo por que razão seria chamado para tal solenidade, pensara inclusive em não comparecer, mas a mãe o chamara para uma conversa e contara sobre as prováveis razões que haviam para que ele fosse convidado, motivos sobre os quais ficaria logo confirmado que ela estava certíssima.

O fato era que Jungkook jamais soubera quem era seu pai. Abandonada pelo homem, depois de ter sido pressionada a abortar, Haenim tinha seus motivos para querer um bem longe do outro.

E, quando ela pensara em contar a ele, finalmente, descobrira que Jeon Minhyuk havia morrido um ano antes, então pensara que não havia razão alguma para dizer nada.

O que ela não sabia, até aquele momento, mas deduzira quando Jungkook fora chamado à abertura do testamento, era que Jeon Minseo, o pai do rapaz que a engravidara, ficara sabendo, meses antes da própria morte, da existência de um neto seu.

O homem colocara meio mundo atrás do paradeiro de seu neto e, não tendo mais ninguém a quem deixar sua fortuna, fizera desse neto desconhecido o herdeiro de todos os seus bens.

Não havia tido tempo para conhecê-lo, mas ao menos faria dele um homem rico e, de onde estivesse, torceria para que o rapaz desse continuidade a seus projetos, a seus sonhos, a tudo que ele construíra ao longo de uma vida.

A pedido do falecido avô, Jungkook adotara o nome Jeon, junto com o sobrenome materno, do qual jamais poderia abrir mão, e não somente cuidara dos negócios dele com o empenho que ele esperara como, em oito anos de muita dedicação, tinha multiplicado seu patrimônio, e se tornando um dos jovens mais ricos de NY.

Não tinha sido sequer difícil, considerando que ele parecia talhado para tocar o tipo de empreendimento que fora deixado a seu cargo.

O que ele jamais poderia imaginar em seus melhores sonhos ou piores pesadelos era que, em uma reunião de negócios com uma de suas empresas parceiras, encontraria nada mais, nada menos, que Lisa Manoban.

A Chave Para o Coração - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora