Prefácio

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Qual a diferença entre mitologia e folclore?

Bem, se jogarmos no Google essa pergunta, a resposta obtida é concreta e muito mais correta do que a minha, mas vou me permitir a licença poética de afirmar que o folclore é muito menos e ao mesmo tempo muito mais complexo do que a mitologia.

Enquanto a mitologia é uma estrutura de crenças, até mesmo rituais, de determinados povos, o folclore costuma se resumir a algo pontual e pouco interligado a outros contos do mesmo folclore, e ainda assim, essa pequena centelha de um credo passa de geração em geração e de região em região através do tempo e sobrevive.

O que mais me fascina na cultura japonesa é como a mitologia, o folclore e a realidade se misturam.

O Japão possui uma das religiões com mais deuses que se tem conhecimento, com mais de mil divindades adoradas. Entre elas, está Inari Ōkami, um dos principais kamis, divindade da prosperidade, da fertilidade, do arroz, da agricultura, da indústria, do êxito, e é claro, das raposas. As raposas, no folclore japonês, representam diversas coisas positivas — isso porque as raposas sempre apareciam nos campos de arroz em época de fertilidade, pois perseguiam roedores que justamente destruiriam as plantações.

Dessa forma, surge a importância da divindade das raposas, uma figura que está sempre acompanhada de suas duas raposas gêmeas, famosas em artes japonesas, de pelos brancos e detalhes vermelhos.

Dessa forma, surge a importância da divindade das raposas, uma figura que está sempre acompanhada de suas duas raposas gêmeas, famosas em artes japonesas, de pelos brancos e detalhes vermelhos

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Inari, por sua vez, já não tem uma forma definida. A divindade aparece tanto como homem quanto como mulher, apesar de sua associação às kitsunes (espíritos-raposa, elemento extremamente importante do folclore japonês, que são mulheres metade raposa, ou que se transformam em raposas, e possuem poderes mágicos inigualáveis) aparecer mais em sua forma feminina. Ainda assim, era reconhecidamente uma figura divina que transitava tranquilamente entre gêneros. Aqui, Inari será retratada em sua forma feminina, mas peço que fique claro a quem está lendo que isso não altera o fato de que a divindade não tinha apenas um gênero.

 Aqui, Inari será retratada em sua forma feminina, mas peço que fique claro a quem está lendo que isso não altera o fato de que a divindade não tinha apenas um gênero

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Twitter: exactlyaaron

Ao mesmo passo em que tudo isto são crenças da mitologia local, um dos contos mais famosos de Inari Ōkami relata sobre a forja de uma katana totalmente real, empunhada por samurais e shoguns, de qualidade impressionante e valor inestimável. Apesar de a espada ter se perdido ou mais provavelmente sido destruída quando seu último empunhador tentou parar um raio (o que logicamente o matou, uma vez que o metal da espada realmente atraiu o raio), o ferreiro que a produziu era um homem real.

É possível encontrar várias versões do mito folclórico na internet, mas apenas três elementos permanecem em todas: Inari Ōkami, a katana e seu ferreiro.

Com tudo isso esclarecido e o contexto dado, convido ê leitore a conhecer minha releitura da história desta espada.

Tenha uma boa leitura!

A Última KatanaOnde histórias criam vida. Descubra agora