Afogado (com carinho)

Capítulo 2

Minha tarde deveria se basear no esteriópo de um nerd normal. Chegar em casa, ler quadrinhos, assistir animes, jogar The Legend of Zelda enquanto come salgadinho. Mas já que sou gay, o que faço para aproveitar minha tarde?

Assisto a equipe de natação no treino. Sendo sincero, assisto Theo de sunga. 

Ele não tinha muitos músculos, mas um tanquinho de outro patamar. Além de seus cabelos molhados que me deixava em delírio. E a melhor parte, o conteúdo entre suas coxas, agora entendo o porquê natação, anaconda gosta de água.

Deveria ser tudo muito bom se Brian e Spancer não estivesse com ele até nisso. Eles eram lindos também, Brian tinha uma pele escura e cabelos cacheados, era um pouco mais baixo que Theo, já Spancer era mais alto e tinha um rosto perfeitinho. 

Toda tarde fico nessa janela que dava vista para a piscina quase olímpica que tinha na escola, o bom era que enquanto eu via todos os eles, ninguém me via. A melhor parte do dia me resumia nessas 2 horas admirando a o deus grego em forma de aluno. 

O culpido que me atirou a flecha deve me odiar.

Já havia passado 10 minutos e nada do treinador ou do seu assistente chegar. Já estavam todos de sunga e esperando na beira da piscina. Algo que percebi era que Theo estava calado, muito calado, e seus amigos panacões não calavam a boca.

Aproximei mais com minha cabeça para enxergar eles, mas no mesmo momento, não vi quem se aproximava de mim, o professor de natação.

Ele dava 5 de mim, então ver aquele gigante parado me olhando me deu uma opção, assustar.

- Professor... - falei suspreso com um sorrisinho.

- Oi Adam, você é mesmo um milagre - começou ele ignorando o que eu estava fazendo lá. - O meu assistente quebrou a perna, preciso de alguém. Você se incomoda? 

- Eu não sei nadar - falei sem respirar.

- Que bom! O assistente só cuida do cronômetro. Vamos lá! - disse o professor me empurrando, não tive opção, a força dele de urso marrom fazia me sentir um palito de dente. 

Minhas bochechas ficaram vermelhas mesmo antes de entrar no local, e quando entrei foi pior ainda. De longe vi os olhares, aqueles malditos olhares, me encarando como se eu fosse um indesejado.

- Foi mal o atraso pessoal, hoje Adam vai ser meu assistente - avisou dando tapinhas nas minhas costas.

O professor me passou as ordem. Colocar cronômetros de 10 minutos e avisá-lo a cada 10 minutos que passam. Já havia passado uma hora e Theo nem se quer percebia que eu estava ali. 

De longe vi um garoto de sunga correndo até mim, era Jake. Um antigo companheiro do grupo de robótica, ele fazia natação, mas não importa a modalidade, só vive atrasado.

- E aí, Adam! Entrou pro time? - Ele sabia que a resposta era não.

Jake jogou sua bolsa perto dos demais e pulou na piscina em bola de canhão, jogando água para todos os lados, inclusive no meu, ou seja, em todo meu corpo. O professor se aproximou e deu um cascudo em Jake, deixando eu trocar de roupa no vestiário.

Senti meio perdido no caminho, mas no fim, achei o vestiário. Era bem comum, só que as cabines tinham portas e não era nojento ou fedido.

Aquela água com cloro estava irritando meus olhos, então decidi tomar um banho rápido. A água forte estava tão boa, mas lembrei que marquei de me encontrar com Amanda no shopping. Desliguei o chuveiro e peguei uma das toalhas dobradas no banco e me esfreguei sentindo a rainha com aquela toalha de algodão.

Pûs apenas a cueca e me encobri com a toalha olhando no espelho. Esse chute que Theo me deu estava insurpotável, ardia no toque. 

Lavei minha bochecha com um pouco de água da torneira. Após abri meus olhos molhados percebi que tinha alguém na porta, pelo tamanho devia ser o professor. Mas não era. 

Era Theo.

Sua face seca me fitando como se visse algo que detestasse me partiu no meio. Ele olhava meu corpo de cima para baixo com os braços cruzados e os beiços retorcidos.

Minha única opção foi dar um passo para trás, mas a cada passo, ele dava um. Fiquei sem saída, e ele começou a caminhar na minha direção, molhado e apenas de sunga. 

Odiava o fato de amar alguém que me odeia, e isso doia mais que os socos de Theo. 

Coloquei meus braços na frente do meu rosto e reprimi meu corpo, fazendo a toalha cair sobre meus pés. Não tive coragem de abaixar para pegar, não ele me olhando desse jeito. 

Entre tantos pensamentos... senti um toque... um toquei no meu peito. Ele estava tocando na minha ferida roxa que eles fizeram na manhã. Abaixei os braços, e ele tocou na minha face, sem mudar a expressão que me dava arrepios.

- Fui eu que fez... isso? - perguntou ele, foi a primeira vez que ouvi sua voz tão de perto.

Respondendo, eu gaguejaria, então apenas assenti balançando a cabeça. 

Esperando alguma trapaça, talvez um soco na barriga desprevinido ou um cuecão, continuei com os olhos marejados, que secaram completamente quando o vi mudar sua expressão para uma expressão triste tocando nos meus ferimentos.

Ele abriu a boca para tentar dizer algo. Essa frase podia acabar aqui, mas infelizmente ela continua. Theo não conseguiu pronunciar nada, pois Spancer e Brian adentraram o local com aquelas risadas grotescas que me davam pesadelos.

- Theo, tá pegando alguém? - perguntou Spancer enquanto não me viu, mas quando me viu, deu um sorriso estranho. - Encurralou o brasileiro, bem pensado Theo.

Tentei correr. Mas Brian me puxou pelos cabelos me jogando na pia. Encarei Theodor, só ele podia fazer algo nesse momento. E ele não fez nada.

O que eu esperava de um hétero babaca? Apenas ilusões. Brian agarrou meus cabelos e bateu minha testa contra o vidro do espelho. A dor foi imensa e gritei de dor.

- Olha para você! Um magrelo e pobre! É isso que sua raça merece! - gritou no meu ouvido batendo minha testa no espelho.

- BRIAN! - gritou Theo. 

- Calma aí, irmão! Já já é sua vez - respondeu.

- Se o espelho quebrar o treinador vai comer nosso rabo, já deu! - falou me soltando das mãos dele e me empurrando no chão.

- Vê se manca! Desde quando tu liga pra isso? - respondeu Spancer pegando na minha cabeça e fazendo a mesma coisa, só que com uma força absurda, repartindo o espelho na minha testa.

O barulho foi tão alto que os 3 dispararam para fora. Enquanto a mim, deitei no chão em meio aos cacos, refletindo se o problema dessa merda de vida, era eu.