Sob a brisa fria de um final de tarde, Daehyeon puxou uma cadeira e se sentou em uma das mesas que ficavam na calçada de uma cafeteria.
Ele pediu dois cafés para a viagem, colocou as mãos nos bolsos do casaco e cruzou as pernas, pondo-se a esperar.
Em sua espera, vagou os olhos ao redor.
Vislumbrou a rua pouco movimentada à sua frente, se iluminando com as luzes dos postes e das vitrines das lojas. Viu uma criança calçando galochas amarelas atravessar a rua de mãos dadas com sua mãe e um casal de idosos passeando com um cachorro.
Ele sorriu.
Movendo o rosto para o outro lado, avistou a vitrine da cafeteria. Pôde ver os funcionários caminhando de um lado para o outro, atendendo as mesas; as plantinhas pelo peitoril movendo timidamente conforme o vento soprava; uma garota de gorro cor-de-avelã atravessando a saída com um bigode de chantilly.
Daehyeon sorriu novamente.
Era impressionante como ele conseguia se perder nos detalhes da vida, em coisas mínimas e tão bobas que por vezes passam batidas na agitação impiedosa do cotidiano. E Daehyeon se perdia não somente naquilo que seus olhos podiam ver. Se perdia no que seus ouvidos escutavam. Se perdia no que seus dedos tocavam. E se perdia também em seus infinitos pensamentos.
E, olhando aquela rua calma, banhada à luz do entardecer, Daehyeon se perdeu na ideia de que a palavra "amor" podia ser escrita com outras letras do alfabeto, como por exemplo, com o "S" do sorriso da criança que há pouco subia a calçada com suas galochas amarelas, ou com o "C" do chantilly que pintava o rosto da jovem que em passos lentos dobrava a esquina, ou até mesmo com o "B" da brisa brincalhona que tocava cada bochecha e ponta do nariz dos transeuntes naquele exato momento.
Outro sorriso despontou de sua boca, mas foi a voz suave do rapaz parado em sua frente que o fez despertar dos devaneios.
— Te fiz esperar muito?
Daehyeon ergueu a cabeça e avistou Yongha, com seu casaco preto e os cabelos compridos e soltos à sorte do vento.
Ainda sorrindo, meneou a cabeça para os lados, dizendo em silêncio que poderia esperar o tempo que fosse preciso.
A atendente então entregou os dois copos de café.
Daehyeon pagou, se despediu com um sorriso gentil e, segurando na mão de Yongha, atravessou para o outro lado da rua.
O céu cor-de-rosa tornava-se lentamente escuro, enquanto Daehyeon e Yongha caminhavam lado a lado, trilhando o percurso de volta para casa. E, ao som de seus próprios passos, com o gosto do café em seu paladar e o cheiro de camomila do xampú que Yongha usava preenchendo seus pulmões, Daehyeon constatou que a palavra "amor" também podia ser escrita com a letra "Y".
Com o mesmo "Y" de Yoo Yongha.
Daehyeon sorriu e entrelaçou seu braço ao braço de Yongha, que lhe sorriu de volta.
Notas:
só para não dizer que eu não escrevo finais fofinhos :) kkkkk
muitíssimo obrigada por ler, um abraço e se cuida♡♡
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"Amor" também se escreve com "Y"
Fiksi PenggemarDe "a" à "z", naquele final de tarde, Daehyeon percebeu que a palavra "amor" também se escreve com "y". |•oneshot•|