My Love

III

Depois do jantar, Sasuke foi para seu quarto. Durante a tarde ele não havia feito progresso algum com o desenho. Na verdade, ele e Sakura passaram a tarde inteira fora de casa.

Eles haviam almoçado fora e depois, fizeram uma caminhada pelo parque. Depois, concordaram que precisavam comprar mantimentos para a casa, pois a dispensa estava quase vazia. Sendo assim, compraram tudo o que precisavam. Só que aquilo demorou mais do que o planejado. No fim, chegaram em casa às quatro da tarde.

Sakura se ofereceu para guardar as compras e Sasuke disse que ajudaria ela. E aqueles poucos minutos que dividiram enquanto guardavam as compras, fizeram com que ele se lembrasse cada vez mais de Mei. Era incrível como a personalidade dela e de Sakura eram parecidas. E quando a caixinha de chá caiu de um armário alto direto na cabeça de Sasuke, ele viu algo que o deixou encantado. O sorriso de Sakura.

Aquela era a primeira vez que ele a via sorrir. Foi por um momento curto, mas ainda assim... ele sabia que aquela imagem ficaria gravada em sua memória pelo resto de sua vida.

E mesmo ali, deitado em sua cama, horas depois daquele feito, a imagem ainda estava clara para Sasuke. O caderno de desenhos estava em sua mão e o lápis rabiscava o papel em branco. E uma silhueta feminina começou a surgir, sem querer.

O contorno do rosto lhe era familiar, mas decidiu ignorar esse fato. Acrescentou longos cabelos lisos à mulher e desenhou um daqueles vestidos que Mei adorava usar. Isso mesmo. Talvez aquela mulher fosse Mei. Ele chegou ao rosto e desenhou os olhos dela. Um pouco maiores do que os de Mei, mas não parecia certo arrumar esse detalhe. Perguntou-se se aqueles olhos seriam azuis como os de Mei. Ou quem sabe fossem negros como os de sua mãe. Balançou a cabeça, saindo daquele transe em que aqueles olhos induziram.

Desenhou o nariz da mulher e então passou para a boca. O contorno daqueles lábios também lhe eram familiares, mas não ligou. Tinha desenhado ela séria, mas apagou a boca e a desenhou de novo, sorrindo dessa vez. Parecia mais certo que ela sorrisse.

Olhou o trabalho finalizado, surpreso com a mulher que acabara de desenhar. Mais uma vez, olhou os olhos dela, desta vez sem dúvida alguma quanto à sua cor. Não eram azuis. Tampouco eram negros ou castanhos.

Eles eram verdes como esmeraldas.

Naquela manhã, quando Sasuke acordou, o café da manhã já estava pronto. Ele agradeceu a Sakura por ter preparado a refeição e ficou surpreso ao ver que ela tinha feito um bolo de chocolate. Sasuke não gostava muito de bolos em geral. Mas sempre abria uma exceção quando o bolo era de chocolate. Era o único sabor de bolo que ele gostava.

Logo depois de terem tomado café da manhã, Sakura lavou a louça. Ela estava séria, como sempre. Sasuke se perguntou se algum dia iria ver o sorriso dela outra vez. Receava que não. Não mostrou a ela o desenho que fizera na noite passada dela sorrindo, porque talvez ela pensasse que ele estivesse tentando adiantar o máximo a pintura para que ela fosse embora logo. E era exatamente o contrário.

A cada segundo que se passava, Sasuke se sentia mais a vontade na companhia dela. E não fazia nem uma semana desde que a conhecera. Ele queria adiar o máximo que podia aquela pintura. Queria conhecer melhor aquela mulher que mais se parecia com uma boneca de porcelana. Além disso, lembrou-se que Naruto e Hinata queriam conhecê-la também.

Dado o fato que não queria se apressar com aquele retrato, ele sugeriu que naquela manhã, eles transferissem as roupas de Mei para o quarto de hóspedes, para que não fosse necessário que ela pedisse a Sasuke para pegar uma roupa toda vez que fosse se trocar.

Ele abriu o guarda-roupa de madeira onde estavam as suas roupas e as de Mei e, de uma vez só, pegou mais da metade das roupas, levando-as para o quarto de hóspedes, tomando cuidado para não esbarrar em nada. Sakura pegou o resto das coisas, mas não parecia bem com aquilo.

Ela não concordava em ficar vestindo as roupas de Mei, tampouco queria que todas aquelas peças ficassem no quarto. Não via motivos para isso, já que não achava que o retrato fosse demorar tanto assim para ficar pronto. Mas concordava, porque na verdade gostava da companhia de Sasuke.

Sendo assim, eles arrumaram as roupas de Mei na cômoda do quarto de hóspedes. E por volta das onze da manhã, o telefone tocou. Sasuke se levantou e atendeu a ligação.

-Oi, Sasuke! Já está almoçando?

-Oi, Naruto. Não, não almocei ainda, por que?

-O que acha de você e aquela moça de que me falou virem almoçar aqui na minha casa junto com a gente. Eu e a Hinata queremos conhecer ela.

-Eu não sei, Naruto. Me ligue novamente daqui a cinco minutos, vou tentar convencer a Sakura.

-Sakura? É esse o nome dela?

-Sim. Por que?

-Eu conheço uma garota chamada Sakura. Sakura Haruno. Mas eu não a vejo há quase um ano. Parece que houve um incêndio na casa deles, mas ninguém sobreviveu.

-Naruto. Nós estamos falando na mesma pessoa.

-Quer dizer que a Saky sobreviveu? Puxa, não vejo a hora de rever ela! Diga a ela que é o Naruo quem está oferecendo o jantar. Quando ela souber que sou eu, vai se animar para vir, eu aposto!

-Tudo bem. Me ligue de novo daqui a cinco minutos.

Sasuke desligou o telefone, atônito. Sakura conhecia Naruto. Ele fez o caminho de volta ao quarto de hóspedes, onde Sakura estava sentada na cama, olhando para o nada.

-Ei -Sasuke chamou e ela olhou -Um amigo nos convidou para um almoço. Você quer ir?

-Não sei...

-Você também o conhece.

-Conheço?

-O nome dele é Naruto Uzumaki.

-O Naruto? -os olhos dela até brilharam ao ouvir que esse amigo era o Naruto.

-Ele mesmo.

-Então eu vou! Que saudades do Naruto! -ela sorria.

Sasuke não pôde deixar de ficar um pouco desapontado consigo mesmo. Só de ouvir falar no Naruto, Sakura abria um sorriso de orelha a orelha. Enquanto ele só conseguiu que ela lhe desse um sorriso tímido depois de deixar cair uma caixa de chá em sua cabeça. Era frustrante.

-Então se apronte. Estaremos lá até o meio dia.

Ele saiu do quarto bem na hora em que o telefone voltou a tocar.

-Ela vem? -Naruto perguntou no instante em que Sasuke atendeu o telefone.

-Sim. Nos vemos ao meio dia.