XI

1.5K 139 24
                                    

A chuva açoitava a jovem, que andava sem rumo na noite, toda molhada. O som de passos atrás de si fez com que ela parasse. Alguém corria atrás dela e ela sabia muito bem quem era.

-Sakura! –ele gritou, um pouco longe dela, a alcançando minutos depois, se colocando de frente para ela, que estava cabisbaixa.

-O que você quer, Sasuke?

-Eu quero muitas coisas, mas no momento, quero uma pessoa em especial.

-Pare com isso! –ela gritava. Aquela situação estava indo longe demais –Por favor, não diga que me quer! Também não diga que está apaixonado, ou que me ama, porque nós dois sabemos que não é verdade!

-Como você pode saber? –ele perguntou, sem se exaltar –Como pode saber se o que sinto é ou não verdadeiro?

Ela o empurrou para longe e voltou a andar, mas teve seu braço segurado por uma mão firme. Ele realmente queria saber a resposta para aquelas perguntas.

-Você não gosta de mim, Sasuke. Você não tinha uma figura feminina por perto desde que a Mei morreu. Você simplesmente me associa à ela.

-No começo, talvez eu fizesse isso, é verdade. Mas depois vi que me enganei. Eu me apaixo...

-Por favor, não complete essa frase –ela o interrompeu –Não brinque com meus sentimentos dessa forma, por favor.

-Não estou brincando com você. Talvez tenha sido quando te conheci, ou talvez tenha sido quando vi você sorrir pela primeira vez. Talvez tenha sido quando comecei a te desenhar, ou quem sabe não tenha sido somente naquela noite, na danceteria, quando eu quase te beijei. Mas, seja lá quando foi, ou por qual motivo foi... Eu me apaixonei por você. E foi com uma força arrebatadora! Sakura, eu te amo tanto que chega a doer fisicamente! Não diga que eu vejo a Mei em você, porque não é verdade. Vocês são muito diferentes, mas tem uma diferença quase gritante entre vocês.

Relutante, ela perguntou, em voz baixa:

-Qual é a diferença?

-Levei cerca de dois meses para começar a gostar da Mei. Com você, em menos de uma semana eu já estava perdidamente apaixonado.

Talvez fosse a sinceridade no tom de voz com que ele proferiu aquelas palavras, ou talvez tenha sido sua expressão suplicante. Ou que sabe fosse simplesmente porque também estava apaixonada por ele. Fosse qual fosse o motivo, Sakura acreditou nele.

A respiração de Sasuke estava ofegante e ele tinha abaixado a cabeça para olha-la nos olhos, já que ela era um tanto mais baixa que ele. A intensidade com que se encaravam era incrível. Ele levou a mão ao queixo dela, levantando-o com delicadeza e pouco a pouco, se abaixava cada vez mais. A mão dele que estava no queixo dela viajou para a nuca dela, trazendo-a para si. Os narizes se tocaram e as respirações alteradas se misturavam. A chuva ainda caia, mas nenhum deles se importava. A única coisa que sentiam naquele momento, era o toque suave e terno de seus lábios se tocando.

Quente e macia, a boca de Sakura era exatamente como Sasuke imaginava. O contato íntimo enviou arrepios por todo o seu corpo e, enquanto explorava cada canto da boca dela, instintivamente, sua mão livre foi para a cintura dela, envolvendo-a e a pressionando contra seu peito, os corpos molhados unindo-se como nunca antes.

Sakura levou suas mãos para o cabelo molhado de Sasuke, entrelaçando os dedos nos fios lisos e úmidos. Mais uma vez, ele se arrepiou, sentindo cada sensação que o toque delicado dela lhe causava.

Ela o sentiu sorrir e retribuiu, separando-se finalmente. Ele encarou os olhos esmeraldinos dela, que tinham um brilho novo, um pouco ofuscado pelas pupilas dilatadas. E naquele simples olhar, ele percebeu o que viria a seguir. Eles iriam para casa. Dessa vez, juntos.

E naquela noite chuvosa, eles se perderiam um no outro.

Assim que acordou, Sasuke sorriu. Não era pela luz do sol penetrar seu quarto, iluminado aquele cômodo que não seria mais só dele. Era porque a primeira coisa que vira ao abrir os olhos, fora uma cabeleira rosa. Então a noite passada não fora apenas um sonho.

Ele a abraçava, com medo de que ela fosse apenas um truque de sua mente traiçoeira, mas, quando inspirou o aroma de cereja que o cabelo dela emanava, sabia que ela era real. Aquela era mesmo a Sakura. Ela estava mesmo ali, em sua cama, despida de qualquer peça de roupa, dormindo profundamente.

Ele acariciou o cabelo dela, com um sorriso um tanto abobalhado nos lábios. A sensação de acordar com Sakura em seus braços era indescritível. Queria muito acorda-la com beijos, mas pensou que talvez não fosse uma boa ideia. Cuidadosamente, ele se desvencilhou dela e se levantou, caminhando cautelosamente, sem querer fazer nenhum barulho.

Pegou uma calça escura e uma camisa também escura numa gaveta de seu armário e foi para o banheiro. Tomou um banho, as lembranças da noite anterior vívidas em sua memória. Depois que terminou o banho, se vestiu e decidiu preparar o café da manhã. Fez café, mas, assim como naquela primeira vez em que Sakura passara a noite ali, não havia pão.

Mais uma vez, foi até a padaria, repetindo o mesmo que fizera naquela vez. Comprou pães, leite e um pedaço de bolo para Sakura. Naquele dia, ela tinha dito que gostava de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Na volta para casa, não tirou seu sorriso idiota do rosto nem por um segundo e desejava aos estranhos que cruzavam seu caminho um bom dia. Eles estranhavam, mas seguiam seus caminhos, como se um desconhecido com cara de idiota não os tivesse desejado um bom dia sem nenhum motivo aparente.

Em casa, o silêncio indicou que Sakura ainda dormia. Ele colocou o que comprou sobre a mesa e se viu num dilema. Será que ele deveria acordar Sakura? Achava que sim, mas não sabia como seria a reação dela. Devagar, andou até o quarto (que não era mais só seu) e abriu a porta.

Ela ainda dormia tranquilamente, a expressão serena e imperturbável. Caminhou até ela e sentou-se na beirada da cama.

-Sakura? –ele chamou, tocando o ombro desnudo dela. Ela se mexeu, reagindo ao toque dele –Sakura, acorde.

Lentamente, ele viu ela abrir seus olhos, parecendo um pouco confusa com o lugar onde estava. Ela então olhou na direção de Sasuke, presenteando-o com seus olhos verdes. Então ela pareceu se lembrar do que tinha acontecido e corou, apertando o lençol negro contra seu corpo, constrangida.

-Sasuke...

Ele não a deixou falar. Tinha certo receio do que ela diria, então a interrompeu, depositando um beijo terno nos lábios rosados. Aprofundou o beijo, sentindo as pequenas e delicadas mãos dela se prenderem ao seu cabelo negro. Ele rompeu o contato entre sua boca com a dela, colando suas testas.

-Bom dia... –ele sussurrou, sorrindo abertamente e acrescentou: - ...Meu amor.

—————————————————————————————————————

Tchau, gente :3

Vou postar o epílogo em breve ;)

My LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora