Capítulo 1 - De volta para casa

41 4 0
                                    

- Caramba, você está bem!?
- Estou sim, foi só uma bolada - disse ela ainda se recompondo da queda.
- Qual é o seu nome?
- Melissa e o seu?
- Prazer, meu nome é Aqua. Sim, eu sei! É um nome bem diferente mas... - Melissa rebateu o que eu estava prestes a dizer.
- Eu gostei, é bem diferente mas original também. É um prazer te conhecer Aqua. - disse ela com um sorriso amigo.
Me senti muito bem conversando com ela, senti que dali poderia nascer uma grande amizade.

- Mãeeeee, cheguei!!!
- Oi, minha querida, como foi!? Gostou da aula experimental?
- Gostei bastante! Até conversei com uma menina já.
- Que bom que você gostou, amanhã mesmo faço sua matrícula.
- Valeu mãe!
Depois que terminamos a conversa, segui imediatamente para o quarto. Estava tão cansada da aula, que fui direto para a minha cama. Mas meu soninho não durou muito tempo, depois de uns 20 minutos, escutei gritos dizendo:
- Aquaaaaa, vem lanchar!
Era a minha mãe. Minha reação imediata foi cair da cama de susto, depois corri para o banheiro. Precisava que tomar banho logo e ir comer. Mais tarde encontraria uma pessoa importante.

- O que tem aí? - perguntei
- Fiz um misto quente e um café gelado para você.
- Obrigada mamis, estava com muita fome!
Eu era tão grata por tudo que minha mãe fazia por mim. Desde que meu pai faleceu, nossa relação evoluiu muito, viramos parceiras. Antes, eu era bem mais próxima do meu pai do que dela e acho que nós duas sentíamos isso.
- Não esquece que mais tarde vamos na festa de boas vindas do Christian! - disse ela animada.
- Tudo bem mãe.
Como se eu pudesse esquecer...

Enquanto estava me arrumando, pensei como seria reencontrar ele depois de dois anos. Fazia tanto tempo que nós não nos falávamos, será que o jeito dele mudou? Ou talvez a voz... voz de menino geralmente muda muito em pouco tempo! Na última vez que nos vimos, as coisas ficaram tensas...
Nem tive muito tempo para ficar remoendo como ele estaria ou como iria ser o nosso reencontro, em poucos instantes minha mãe me chamou para irmos para a festa. No caminho, eu estava super nervosa, minha mãos suavam frio e minha barriga estava doendo. Minha cabeça estava há mil. Apesar de não gostar mais dele, ainda era o Christian.

O reencontro
-Menino!! Como você cresceu! Quero saber tudo sobre o intercâmbio! - disse minha mãe extremamente empolgada ao vê-lo.
- Oii tia! Quanto tempo! Como a senhora está? Que saudade!!
-Oh menino! Não me chame de senhora, eu me sinto uns dez anos mais velha. - minha mãe falou rindo.
- Tudo bem, como a senhora quiser. Caramba, desculpe. É força do hábito! - Christian disse rindo.
Era legal ver como eles se davam bem. Eu e Christian tínhamos crescido juntos e nossas mães eram muito amigas desde que estavam no ensino médio, o que fez com que fôssemos muito próximos desde sempre.
- Olha quem veio junto comigo! - disse minha mãe super animada, me puxando para a frente dela.
E lá estava ele, com aquele jeito todo gentil, aquele sorriso encantador e aqueles olhos cor de mel. Apesar de ter ficado muito mais alto e forte, ele ainda parecia o mesmo Christian que tinha feito meu coração acelerar durante tanto tempo.
- Oiii pequena Sereia! Como você cresceu!
De fato, ele não mudou. Ainda me chamava do apelido carinhoso que me deu quando éramos crianças.
- Oiii, quanto tempo! Como foi a viagem? Quero saber tudo.
- Foi incrível demais! Você iria adorar aquilo, a Inglaterra é linda demais.
-Eu quero ver todas as fotos!
- Mas é claro! Vou pegar minha câmera agora mesmo para você ver. Vamos lá no meu quarto!
Christian adorava tirar fotos, amava fotografar literalmente tudo e tinha um talento danado para isso. Me lembro de quando ficávamos até tarde, escolhendo fotos para revelar e comendo chocolate. Era tão bom, confesso que sinto falta disso! Sinto falta desses momentos com ele.
- Eii! Tá no mundo da lua? - disse ele rindo.
- Ahhhh! Para com isso menino! - eu falei caindo na gargalhada.
- Cara, você tem que ver essas fotos! Estão incríveis.
- Cadê?
Realmente, ele tinha nascido para aquilo. As fotos estavam surreais! Pareciam até que tinham saído de alguma capa de filme.
- Nossa! Elas são maravilhosas, você tem muito talento.
- Ahhh obrigada! - disse ele corado.
De repente, a luz de toda a região acabou e inclusive a da casa de Christian.
- Christian? Oi? Cadê você?
Ele havia sumido, e eu não conseguia enxergar nada.
No meio da escuridão senti uma mão na minha bochecha, que me levava cada vez mais perto a um outro rosto, a uma outra respiração. Pera, O QUE?
- Que isso Christian!?
A mão se afastou e ouvi passos rápidos até a porta. Foi quando Christian disse:
- Melhor voltarmos lá para baixo, até a luz voltar. Tem algumas lanternas.
- Onde você estava? Eu fui no quarto da minha mãe ver se tinha alguma lanterna, por que?
Estranho. Quem será que tinha tentado me beijar há segundos atrás?
- Nada não! Vamos descer.
-Mê dê a sua mão, vamos juntos. - Christian disse.
Nossas mãos se encontraram, e ele começou a me guiar em direção as escadas.
- Mais para a direita, agora segue em frente.
- Christian, deixa eu passar na sua frente aí.
- Não Aqua,você pode cair.
-Eu não vou cair, relaxa!
-Tá bom então, vem.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAA, tem alguma coisa no meu pé!!!- alguém grita.
Barulhos fortes na escada.
- Aqua!!!! - Christian grita.
Minha perna doía e eu sentia um pouco de dor de cabeça. Não entendia o que tinha acontecido para eu sentir aquela dor, então resolvi abrir os olhos para olhar minha perna.
-Acho que ela acordou. - Disse Christian.
Todos na sala estavam olhando para mim com um olhar de pena, me senti envergonhada.
-O que aconteceu? - eu perguntei
-Você levou um susto e acabou caindo da escada. - disse Christian.
- Melhor deixarmos ela descansar um pouco. - disse minha mãe.
Logo em seguida todos deixaram a sala, menos Christian.
- Fiquei com tanto medo, pensei que poderia acontecer algo sério com você. - disse Christian me dando um abraço.
- Eu estou bem, pode ficar despreocupado.
Ele sorriu. E exatamente naquele momento eu lembrei porque tinha gostado tanto dele, o jeito que ele se preocupava comigo era diferente, era como se eu fosse uma flor que ele precisasse cuidar com todo o carinho e eu amava isso, amava o jeito que ele se preocupava comigo. Será que um dia haveria a possibilidade de gostar dele novamente? Mesmo depois do que aconteceu há dois anos atrás? Mesmo não tendo resposta para nenhuma dessas perguntas, de uma coisa eu sabia. Eu e Christian sempre teríamos uma conexão.

O verão de nossas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora