Capítulo 3 - O afogamento

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Acordei com o barulho do despertador, sem entender porque ele estava tocando. Tentei lembrar se tinha algo para fazer até que...
- Ai caramba!!! A aula!!!!!! - eu disse gritando.
Esqueci que além da aula experimental de vôlei, eu também tinha uma aula experimental de natação marcada. E ela era hoje! Fui imediatamente olhar a hora, eram exatamente 9:40 da manhã, a aula começava às 10 horas. Eu tinha pouco menos de 20 minutos para me trocar e ir correndo para o clube. Corri para me arrumar, tomei um suco e saí.
Caramba, são 9:59 já. Preciso correr de verdade agora, então eu corri o mais rápido que pude em direção a área em que ficavam as piscinas.
- Aqua!!
Olhei para trás, era a Melissa. O que será que ela estava fazendo no clube hoje também? Acenei para ela enquanto continuava andando em direção a piscina.
- Menina! Olha pra frente! - escutei algumas pessoas gritando.
Não deu tempo, em poucos segundos eu já havia caído dentro da piscina olímpica com a minha mochila. A piscina era muito funda, de modo que tomei um susto com a profundidade e entrei em desespero.
- Ela está se afogando! - as pessoas gritavam do lado de fora.
Eu não aguentava mais prender o ar, e meu corpo ficava mais leve a cada instante. Meus olhos pretendiam fechar quando de repente, senti braços fortes me envolvendo e me puxando para cima. Não conseguia ver nada, não sabia quem era. Cheguei à superfície assustada, pensei que iria morrer.
- Você está bem!? - disse ele.
Quando olhei em direção a aquela voz, meus olhos pararam. Me deparei com um menino muito diferente, o olhar dele... era único. Nunca tinha visto nada parecido, seus olhos estavam brilhando. Senti algo diferente ali, estranho. Como podia sentir aquilo sem nem conhecê-lo?
Estou bem sim. - disse ainda me recuperando.
- Você quer alguma coisa para beber ou comer? Precisa de um médico? - ele disse com um toz de voz preocupado.
- Não precisa, obrigada.
- Qual é o seu nome?
- Aqua e o seu?
- Uau, que nome espetacular. Meu nome é João Gabriel. - ele disse sorrindo.
- Obrigada por ter me salvado João, não sei o que poderia ter acontecido se...
Minha fala foi interrompida, por uma pergunta inesperada.
- Posso te dar um abraço? - ele disse.
- Pode? - eu disse um pouco insegura.
- Perdoe-me pelo pedido, mas sinto que preciso fazer isso.
Em seguida, ele me abraçou. Era exatamente o que eu precisava naquele momento. Como ele sabia? Desabei em seus braços. Ele não disse uma palavra até que eu comecei a falar.
- Fiquei com tanto medo. - eu disse em prantos.
- Eu entendo, mas está tudo bem agora. Está tudo bem... - disse ele com uma voz extremamente suave.
Ficamos ali abraçados durante um bom tempo, enquanto eu me acalmava. Agradeci a Deus por ter enviado ele para me salvar e estar comigo naquele momento difícil. Então, me lembrei de uma coisa. Não podia acreditar que talvez pudesse ser ele.
- Mãe, cheguei. - eu disse cansada.
- O que aconteceu filha!? - disse minha mãe preocupada ao ver minha expressão facial.
- Caí na piscina e quase me afoguei, se não fosse um menino. Não sei o que iria acontecer. Hoje, eu nasci de novo.
- Ai minha filha, porque você não me ligou para eu ir lá?!! - disse minha mãe vindo me abraçar quase chorando.
Nunca iria esquecer aquele dia, tinha me marcado. Vi o cuidado de Deus comigo e ao mesmo tempo desconfiava ter conhecido o menino que tanto desejei e imaginei a minha vida toda. Estava tão confusa.

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