ᶦ ᵖᵘᵗ ᵃ ˢᵖᵉˡˡ ᵒⁿ ʸᵒᵘ

ʰᵒʷ ᶦ ʷᶦˢʰ ʸᵒᵘ ᶜᵒᵘˡᵈ ˢᵉᵉ ᵗʰᵉ ᵖᵒᵗᵉⁿᵗᶦᵃˡ

- Por favor, alguém me ajude... - A voz desesperada ecoou no meio da escuridão. Chris tateava as paredes do lugar para não se desequilibrar. Não havia sequer um ponto de luz onde ele pudesse se guiar. Tudo era apenas escuridão e nada mais. A única coisa que servia como uma espécie de bússola, era a voz do rapaz. 

Era a voz de Seungmin. 

- Não faça isso, por favor... - Ele implorou pelo o que Chris idealizou ser a milésima vez. Sentia que cada vez que chegava mais perto, na verdade estava mais longe ainda de encontrar o rapaz. Tentou gritar, mas sua voz morria na garganta. Sentia o ar esvair dolorosamente dos pulmões pelo tamanho esforço de tentar dizer alguma coisa, sem sucesso algum. Apertou com força as paredes, sentindo as unhas rasparem grosseiramente por elas. 

Sua mente gritava o que sua garganta não conseguia, repetindo por diversas vezes o nome de Seungmin e o reassegurando que estava indo de encontro a ele. Dizia que iria o ajudar, iria salvá-lo do que quer que fosse. Dizia que faria alguma coisa. 

O desespero o fez cair de joelhos no chão. O corpo inteiro tremia como se a temperatura do lugar tivesse despencado. O ar quente escapava pela boca e ele abraçou o próprio corpo numa tentativa de se esquentar. Em meio aos calafrios, sentiu a pele se arrepiar por inteiro, mas não era de frio. Era ele. 

- Encontre-me... - A voz rosnada, soando quase como um animal selvagem, cheio de ódio, passeou indiscretamente por seu canal auditivo. - Chris...

- Chris! - Abriu os olhos, a visão demorando um pouco para se ajustar a claridade que batia contra seu rosto através da janela do carro. - Acorda, cara... Você estava tendo um pesadelo...

- Difícil é não ter um agora. - Minho suspirou, tirando os olhos do volante, observando Chris pelo retrovisor do carro. Os olhos intimidantes fizeram o acastanhado se arrepiar - Você está bem? - Perguntou preocupado. 

- Mhmm - Murmurou concordando, meio desconfortável por ter chamado tanta atenção. Ajeitou as costas no banco do carro, sentindo o pescoço meio dolorido por estar a muito tempo na mesma posição. - Já estamos chegando? 

- Quase lá... - Respondeu, sorrindo breve. Chris assentiu, desviando o olhar para observar a paisagem familiar. Não queria ter que voltar a pisar naquela cidade nunca mais, mas as circunstâncias não trabalhavam ao seu favor. Péssimas lembranças voltavam a tona cada vez que o carro adentrava mais profundamente naquele lugar. Colocou a mão no bolso, sentindo a pele dos dedos ferverem ao tocar no pedaço de papel dobrado. O papel que o fez voltar a ter pesadelos depois de muito tempo. 

Há dois dias atrás, seu melhor amigo Changbin o havia ligado. A voz rouca e meio tremulada não assustou Chris, estava acostumado a ver o amigo naquele estado pois já sabia que este estava tomando umas em algum bar. Só que havia alguma coisa diferente daquela vez. Seu amigo tocou no nome de alguém que prometeram nunca mais conversar sobre. Seungmin. 

- Fique bêbado o quanto quiser, mas não cite o nome dele. - Disse raivoso, pressionando o celular com tanta força que talvez pudesse parti-lo. O amigo gostava de fazer piadas com tudo e quase sempre passava dos limites, mas isso... isso era demais até pra Chris aguentar. Todo mundo sabia que aquele assunto era delicado, principalmente pra ele. 

- Escuta, Chris, eu não...eu não estou feliz em falar sobre isso, mas eu preciso contar isso pra alguém, caramba! - O rapaz berrou, assustado. Se Chris estivesse próximo a ele, o veria tremendo e olhando de um lado para o outro como se estivesse sendo perseguido ou observado. - Você é o meu melhor amigo, cara... eu não sei o que fazer, eu não sei...

- Contar o que? O que você pensa que tem a dizer sobre ele? Hm? Porque eu não quero ouvir nada! - Chris sabia que não valia a pena discutir com alguém bêbado, mas o tom sério de seu amigo o estava deixando nervoso. Não só por saber que dificilmente Changbin usava desse tom para falar de alguma coisa, mas porque estava com medo de onde o amigo queria chegar.