1. Robin

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Olá o meu nome é Mar e decidi escrever esta história baseada em alguns problemas de adolescentes e o importante que é ter alguém para nós quando precisamos. Sem mais demoras vamos para a história:

Eu sou a Robin Buckley, uma pessoa que claramente não se encaixa com facilidade em 1986.
Não tenho muitas pessoas em quem confio cegamente mas no Steve... eu confiava a minha vida.
A nossa amizade começou de uma forma estranha, fomos obrigados a dar-nos bem por trabalharmos juntos e, passarmos praticamente o dia todo a tolerar-nos um ao outro. No entanto, tudo mudou quando confiei nele e lhe contei algo muito importante para mim. Não estava à espera que ele aceitasse tão bem! Eu na verdade não gosto de homens, e deu-nos bastante que falar... ahahhaah. Conversas muito interessantes surgiram e tudo por ter confiado um segredo que me fazia não ser eu.
Estou mais genuína agora, pelo menos para o Steve.
E desde aí temos um trato:
"Prometo dizer a verdade e apenas a verdade no que se refere aos "casos" de cada um"
E temos cumprido isso cegamente!

Mas... há ainda uma coisa que não lhe contei! E que provavelmente vai abalar a nossa amizade decidi manter esse segredo.

Estamos sentados atrás do balcão do videoclube, onde trabalhamos agora, e comecei a ouvi-lo respirar de maneira estranha.
"Tudo bem Steve?"- perguntei, eu já sabia que ele não estava bem e que me ia mentir sobre o assunto mas perguntei na mesma.
"Ahhh, sim acho que sim mas..." Ao mesmo tempo que falava as suas mãos começaram a tremer, mais e mais, o que significava que tudo aquilo que dissesse seria mentira, tal como eu previ.
Não o deixei acabar a frase e dei-lhe um abraço. Um abraço apertado, para que deixasse de tremer e voltasse a respirar normalmente.
Ficamos sem falar durante uns minutos, só a ouvir os barulhos de fundo. Tudo parecia calmo à nossa volta não havia clientes há algum tempo.
"Está tudo bem eu estou aqui! Não precisas de me dizer o que se passa. Mas eu estou aqui, sempre!"- disse-lhe enquanto o segurava, como se os meus braços fossem um escudo contra tudo o que lhe estava a causar dor. Ultimamente, tem acontecido com alguma recorrência, estou preocupada com ele!

Quando achei que ele estava mais calmo, sugeri sair daquele lugar para um sítio mais sossegado.
Já não havia clientes e mesmo que houvesse não estaríamos em condições para os receber. Foi assim que acabámos no telhado do videoclube, no meio da noite e do nosso turno.
Ele sentou-se ao meu lado e eu passei um braço por cima dele.
Estava uma noite quente e tudo o que ouvi durante algum tempo foi a respiração dele. Estava acelerada e ele a tremer. Já tínhamos passado por isto antes e é isso que mais me preocupa.
Ele não disse nada durante algum tempo. Quando começou a falar a sua voz saiu rouca e triste quase como um sussurro.
"Robin? Achas que alguma vez vais olhar para ti como eu te vejo?"
Não estava à espera desta pergunta e respondi meio atabalhoada e com a minha típica ironia.
"Não sei, talvez daqui a alguns anos" - isso fê-lo rir. Depois da minha resposta pareceu que o clima mudou e ele abraçou-me com força e falou ainda com uma voz que não era a dele:
"Eu gosto muito de ti sabias?"
Eu sorri e devolvi o abraço.
Adoro fazê-lo rir e gosto muito dele também, por isso custa-me muito vê-lo assim. Tudo o que eu quero é que ele seja feliz.

Até hoje não sei o que o fez chorar tenho os meus palpites, nada de concreto... Ele pode transparecer para as outras pessoas que está bem, no entanto, é muito fácil de perceber quando não está... basta conhecê-lo. E comigo, não dá para esconder.

Não sei se entenderam mas nenhum de nós está mentalmente estável e é provavelmente por causa disso que nos damos tão bem! Estamos na mesma jangada, se afundar, vamos os dois!

Obrigada por lerem, gosto muito de todos vocês.
- Mar Falcão-

Friendship is more importantOnde histórias criam vida. Descubra agora