Before And Now - Chaesoo

Capítulo 9

Jisoo POV

"Você se lembra de alguma coisa?"

Ela balançou a cabeça lentamente em decepção, olhando para o chão.

"Eu pensei que se eu... eu viesse aqui eu... iria... lembrar de algo. Eu estava... tão esperançosa. Aquela foto... eu... eu senti isso, você sabe. Pela... primeira vez."

Ela se virou para mim, as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto e tudo que eu queria era enxugá-las antes que marcassem seu rosto, mas não consegui. Eu precisava me conter e precisei de todo o meu ser para fazê-lo, porque eu ainda era uma estranha aos olhos dela. Eu não podia invadir seu espaço pessoal como eu costumava fazer.

Um nó começou a se formar na minha garganta novamente, eu odiava vê-la sofrer assim. Desejei que tivesse sido eu, naquele acidente.

Oh, como eu desejava isso.

Ao olhar nos olhos dela, pela primeira vez desde o acidente vi uma raiva clara e não sabia de onde vinha. Segundos atrás, ela estava angustiada, mas agora algo a irritava. Eu gostaria de poder entrar em seu cérebro para ver o que estava acontecendo lá dentro, mas tudo que eu podia fazer era esperar que ela falasse comigo.

Ficamos um momento em silêncio antes que ela falasse.

"As pessoas sempre me dizem que vai... vai levar tempo... e eu... eu as odeio por isso."

Olhei para ela, ainda sem dizer uma palavra. Eu podia ver que ela precisava tirar as coisas do peito, então esperei que ela continuasse enquanto as lágrimas começaram a se formar em meus olhos.

"Elas me dizem que vai... vai ficar tudo bem. Que eu só tenho que esperar e vai voltar, mas elas não entendem que eu estou... viva. Enquanto isso eu sinto que estou apenas... vazia." Ela soltou entre soluços.

Uma primeira lágrima rolou pelo meu rosto enquanto meu coração se partia lentamente.

O que eu poderia dizer a esse tipo de revelação? O que eu deveria fazer?

Eu mesma tinha sido uma concha vazia, mas não pelos mesmos motivos. O que eu vivia e o que ela estava vivendo eram coisas diferentes. Eu simpatizava com a situação dela, mas era verdade que eu não conseguia compreendê-la completamente, nem ninguém.

Tudo o que eu podia fazer era apoiá-la durante todo o processo, mesmo que não parecesse o suficiente. Eu queria tomá-la em meus braços e sussurrar para ela que tudo vai ficar bem, eu queria poder desbloquear seu cérebro milagrosamente como nos filmes, mas eu era inútil.

"Eu não sei o que você está passando agora. Eu gostaria de poder, mas não posso. Eu só... quero que você saiba que pode falar comigo sobre qualquer coisa. Serei totalmente honesta com você de agora em diante..."

Ela sorriu enquanto limpava seus olhos e eu fiz o mesmo.

"Obrigada." Ela murmurou e olhou de volta para a casa da árvore.

"Por que você não me contou?"

Sua pergunta me surpreendeu, pois eu não tinha ideia do que ela estava se referindo. Eu não disse a ela um monte de coisas.

"Sobre?"

"Nós." Ela imediatamente respondeu, olhando para mim. Ela não estava mais com raiva, seus olhos estavam cheios de expectativas.

"Honesta, certo?" Ela disse calmamente.

Desviei o olhar ansiosamente. Ela estava certa, honestidade era tudo que eu podia dar a ela. Ela merecia pelo menos isso, mas isso não fez aquele nó no estômago desaparecer. Eu tinha que dizer a ela e aceitar as consequências, eu não podia voltar atrás.