Capítulo 13

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Rosé POV

Duas semanas se passaram desde o incidente. Eu havia consumido os dois diários em um fim de semana após meu encontro com Jisoo. Era como entrar no País das Maravilhas, descobrir um mundo que pertencia a outra pessoa. Foi bastante estressante quando me lembrei de que era eu. Eu era a personagem principal de uma história que eu não me lembrava.

Eu andava tanto no meu quarto depois de ler algumas passagens alucinantes demais para mim. No entanto, assim que terminei, queria saber o que aconteceria a seguir. Mas o que vinha a seguir era o agora. A menina sofreu um acidente, perdeu a memória e ela era eu.

Eu não sabia o que fazer depois de tudo isso. Então confessei minhas preocupações para Jisoo que escutou tudo sem o menor aborrecimento em seu rosto. Ela foi paciente comigo, andando no meu ritmo, massageando minha perna que por sinal foi muito bom. Ela aparentemente aprendeu várias técnicas através de tutoriais na internet e posso dizer que funcionou. Desejei que ela também pudesse massagear minhas dores de cabeça.

Nas últimas duas semanas, nos encontramos o máximo que pudemos na casa da árvore. Bem, quando eu podia. Eu dizia aos meus pais que estava com as meninas e dizia às meninas que estava em casa. Foi imprudente? Provavelmente, mas eu sabia que, se fosse pega, sempre poderia dizer que estava tendo algum tempo sozinha.

Em consequência, me distanciei de todos, menos de Jisoo. Aprendi muito sobre ela através dos diários e continuei a aprender cada vez que saíamos juntas. Ela não fez nenhuma aproximação brusca e eu sabia que ela não faria. Sua prioridade era meu conforto e meu bem-estar, mesmo que custasse o dela. Eu podia ver como às vezes ela estava se contendo ou estava prestes a fazer ou dizer algo, mas congelava por alguns segundos antes de seguir em frente como se nada tivesse acontecido.

Essa quinta-feira foi como qualquer outra. Menti para ambas as partes e planejei sair com Jisoo na casa da árvore, mesmo que a escada ainda fosse o caminho para o inferno, mas ei, sem dor, sem recompensa, certo?

"Ainda não entendo por que temos que fazer todo esse dever de casa no livro quando já fizemos isso na aula." Jisoo sussurrou, suspirando.

Eu ri quando passei pela porta que leva ao corredor.

"Sou eu ou você está... reclamando muito essa semana?"

Ela fingiu uma expressão de mágoa, colocando a mão no coração, o que me fez rir ainda mais, mas estávamos em público, então parei rapidamente. Continuamos andando pelo corredor não muito perto uma da outra.

"Que classe você tem?"

"Uma que vai me dar dor de cabeça."

"Então... matemática." Ela concluiu, sorrindo para mim com o canto dos olhos.

"Eu odiava essa aula antes também?"

"Uhum... é um grande sim." Ela riu.

Suspirei pesadamente, não surpresa com a resposta.

"Bem, eu tenho cálculo com a Sra. Lee, então não é melhor. Vejo você mais tarde." Ela disse virando para outro corredor, saindo.

Olhei para cima e parei no meio do caminho. Lisa estava a poucos metros de distância com os olhos arregalados. Meu coração começou a bater. Quanto ela viu? De qualquer forma, eu precisava jogar com calma, como Jisoo disse. Aproximei-me dela com um largo sorriso falso.

"Ei, Lisa! Está... pronta para a tortura mental?"

Ela continuou me encarando, piscando.

"Lisa? Você está bem?"

"O que você estava fazendo com Kim Jisoo? O que ela disse para você?"

"Eu..."

"Não diga que não, eu vi você." Ela exclamou, levantando um dedo antes de rapidamente olhar ao redor timidamente e retraí-lo.

Neste ponto, eu sabia que ela não iria deixar isso passar batido. Lisa era uma garota curiosa, sempre era ela quem descobria a verdade sobre todos os rumores e boatos que circulavam. Então eu decidi mentir.

"Ok... Ok, ela também fez anotações para mim... na aula e nós conversamos sobre nosso próximo dever de casa. Isso é tudo." Era meio que a verdade.

"Ok." Ela simplesmente respondeu depois de um momento, pegando meu braço e nos levando em direção a nossa classe.

Era muito estranho, ela costumava fazer muitas perguntas mesmo para coisas simples. Ela era o pesadelo de uma professora, sempre questionando as coisas, pedindo mais detalhes, etc.

"Você sabia que Jang Mi está grávida?" Lisa deixou escapar do nada tão inocentemente como se ela não tivesse acabado de revelar um segredo inteiro.

"Seriamente?"

[...]

"Arghh..." Eu bufei, caindo sobre o saco de feijão que Jisoo instalou em um canto da casa da árvore. "Nós realmente precisamos fazer algo sobre essa escada."

Jisoo se ajoelhou na minha frente tirando garrafas estranhas de sua bolsa.

"Desculpe dizer isso senhorita, mas nós realmente não podemos fazer nada sobre isso. A menos que eu arraste você para cima com uma corda." Ela sorriu.

"Haha... muito engraçado." Eu respondi batendo levemente em seu braço. "O que... o que é tudo isso... afinal?" Apontei para a exibição de 6 garrafas que ela tirou de sua bolsa.

"Bem..." Ela começou a coçar a nuca, um pouco envergonhada. "Por favor, não ria."

Sua expressão sozinha me fez querer rir. Suas bochechas começaram a ficar tão vermelhas.

"Jisoo, fala!" Eu choraminguei.

"Ok, bem... eu estive pensando muito sobre sua perna e suas dores de cabeça, você sabe. Eu pesquisei muito e me deparei com isso." Ela apontou para as garrafas. "São poções que fiz com óleos essenciais."

Depois de ficar chocada por um momento, meu sorriso se espalhou amplamente e meus olhos ficaram um pouco lacrimejantes.

"Jisoo... é tão doce."

Ela continuou coçando o pescoço, ainda envergonhada, mas eu podia ver o sorrisinho orgulhoso que ela tinha.

"Não me agradeça ainda. Vamos ver se funciona."

"Você vai tentar agora?"

"Posso tentar um para sua perna?" Ela propôs.

"Claro."

Foi uma coisa boa eu ter calças de moletom para que eu pudesse puxá-las facilmente. Uma coisa que eu tinha percebido na semana passada era que eu não me importava com o contato físico com Jisoo. Eu era muito sensata com as pessoas me tocando, especialmente quando se tratava de meus ferimentos. No entanto, não tive nenhum problema em deixar Jisoo me massagear, mesmo que isso significasse que ela visse minhas cicatrizes.

Ao abrir uma das garrafas, o cheiro forte invadiu o local em pouco tempo.

"Ai credo." Tentei impedir que o ar entrasse no meu nariz. "Jisoo.. é... não."

Ela se aproximou de mim.

"Eu sei que esse cheira mal, mas é supostamente o melhor de todos."

Ela colocou um pouco em sua mão e eu meio que engasguei.

"Não... Jisoo. Você não vai passar isso em mim." Tentei afastá-la, não deixando sua mão alcançar minha perna. "Jisoo, não."

Ela começou a rir, um olhar travesso apareceu em seus olhos e ela se tornou brincalhona com a mão.

"Vem aqui..." Ela riu. Sua outra mão agarrou minha panturrilha, mas não com muita força para não me machucar. Ela sempre foi muito delicada e eu apreciei que mesmo nessa comoção ela continuasse a mesma.

"JISOO... NÃO." Eu gritei enquanto ria.

"Vamos, vai ser bom." Ela riu novamente.

Em um ponto, sua mão conseguiu encontrar um caminho para o meu joelho e o líquido oleoso parecia gelo na minha pele.

"PARE." Alguém gritou alto.

Ambas as nossas cabeças viraram na direção da entrada da casa da árvore.

Lá, Lisa estava de pé com uma expressão de raiva.

Before And Now - Chaesoo Onde histórias criam vida. Descubra agora