Prólogo

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   Pouco antes dos primeiros colonizadores, pessoas viviam um estilo de vida diferente e tranquilo, a adoração por deuses antigos era algo comum e sagrado. A fé posta em ídolos antigos era surpreendente, os sacrifícios ocorriam de tempos em tempos, pessoas davam a sua vida com orgulho pela busca do progresso e para no futuro os seus filhos aproveitarem um mundo próspero. Os seus costumes eram totalmente diferentes dos demais povos que habitavam regiões próximas, causando conflitos entre eles, mas nada grave em comparação com o que estava por vir.

   A invasão de povos antigos era comum na época, pessoas lutavam pela posse de terras que eram consideradas sagradas pelos deuses antigos, em que mesmo com tanta seca nas regiões vizinhas, a terra lá era fértil, havendo períodos de chuvas intensas e longas, favorecendo a agricultura da época. Coisas do tipo despertam a cobiça entre os humanos, quanto mais posse, mais poder, essa era a visão dos recém chegados. Os invasores de terras distantes chegaram pelo litoral, uma grande caravana explorava o novo mundo em busca de especiarias, pedras preciosas e o mais importante para eles, escravos. Diversos boatos rondavam por toda a região, pessoas de outro mundo estavam chegando.

   Não se sabia ao certo o que, ou quem, os povos antigos  adoravam, mas era algo maligno e perigoso, com um poder intenso, tão forte que era capaz de quebrar as leis climáticas. Os cultos realizados no local que supostamente era chamado de Banlahaar, traduzido para o nosso idioma, significa “Reino dos Deuses”, para ser mais específica, Ban significa Reino e Haal deuses. A civilização adorava os deuses da luz e das trevas, eles mantinham o equilíbrio perfeito do bom e do mal, potencializando o seu poder em apenas um império, criando assim, uma grande adversidade com os povos ao seu redor. O espírito de guerra e a inveja fez com que pessoas se matassem no sol escaldante em busca de água e alimento de qualidade, coisa que os Khaw, o maior império da região e o único adorador da arte das trevas, possuía.

   Os "Shakaw", como eram chamados os videntes do local, foram pessoas importantes para o então progresso, eles eram responsáveis pela conexão entre os outros mundos, ordenando o tempo certo para plantio, colheita e sacrifícios, agradando sempre os deuses e recebendo em troca um império dominado pela chuva. Muitas vezes os mesmos previam ataques de invasores, criando assim, uma vaga profecia, em que pessoas de outro mundo viriam para as nossas terras. Mas assim como tudo no mundo, a vidência era limitada apenas para a chegada dos mesmos, a partir da sua chegada, uma nova história irá começar. A vidente Axal, adoradora apenas da arte das trevas, conseguiu conectar-se com parte do mundo sobrenatural, poucos acreditavam nela e assim foi queimada na fogueira, não como sacrifício, mas como uma maneira de destruir a sua alma devido ao alto potencial das trevas, restando dela apenas os seus discípulos que acreditavam em um grande massacre futuro.

   Durante a época o local foi considerado um Império, um local totalmente bem planejado, com muros extensos e fortificações enormes, mas com pouco poder militar. A adoração pelos deuses antigos era tão forte que eles acreditavam que o poder da fé é mais forte que a força humana, e realmente foi.

 Os recém chegados eram pessoas diferentes, muitos os consideravam salvadores, realizando a profecia da chegada de um extensa serpente d'água que iria cortar toda a terra e encharcá-la para sempre. Mas os nativos locais não sabiam das pretensões dos misteriosos homens, apenas Axal sabia, mas ela estava morta para contar o resto da profecia, quando chegaram ao local, tomaram posse de tudo ao seu redor, trazendo morte e destruição. Porém, muitos deles sofreram a ira dos deuses do povo, havendo milhares de sacrifícios humanos e um extenso rio de sangue que levava até o oceano foi formado no meio do Khaw, trazendo assim prosperidade e proteção para todos da região, garantindo uma colheita produtiva e terra fértil em todos os períodos do ano. A população com o passar do tempo tornou-se sedentária, usufruindo de todos os recursos e um novo imperador governa, o seu nome é Fart, que na língua Khaw, significa O Tirano. 

 Fart se recusava a estocar os alimentos, a abundância parecia ser algo que jamais iria terminar, o extenso rio de sangue com o passar dos anos virou água e, logo em seguida, ficou completamente seco. Os sacrifícios pararam gradativamente, a sede tornou-se presente como nas regiões ao redor e os deuses ficaram irritados.

   Com o passar do tempo, uma intensa seca chegou, as pessoas pararam de fazer sacrifícios, não haviam mais Shakaws, apenas discípulos da Axal, que partiram para o sul, causando morte em massa e extinguindo toda a população do lugar. O alimento e a água eram coisas raras de se encontrar, havia dias que o sol era tão cruel que as casas se incendiaram, as edificações derreteram a ponto de se transformarem em enormes rochas, matando diversas pessoas e escondendo toda a sua história e cultura, deixando-os em cinzas. 

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