Bella enganchou o telefone e olhou para Alexey.
-coloque seus sapatos, temos que ir pra casa de Igor, o coitado está se acabando de chorar.
A moça correu para o próprio quarto e saiu de lá de casaco e carregando meias. Ela desajeitadamente colocou uma meia em cada pé e foi em direção a pequena estante de sapatos perto da porta.
-as meias estão diferentes, Bella.
Observou Alexey.
Bella olhou para baixo e viu suas meias, uma rosa e outra listrada.
-ah não tem importância! Vamos!
Ela colocou suas botas, abriu a porta para Alexey passar e depois a trancou com as chaves tilintando em sua mão.
-vamos pegar o metrô.
Ela falou descendo rápido as escadas.
-chegaremos lá mais rápido.
Alexey concordou em silêncio e os dois começaram a caminhar rápido pelas calçadas escuras da área trabalhadora de Moscou.
Eram cinco minutos de caminhada do prédio de Bella até a estação de metrô mais próxima.
Logo eles viram a fachada da estação, uma placa longa vermelha com letras elaboradas "Estação de metrô Liev Tolstoi". A entrada da estação parecia uma grande boca saindo do chão apenas esperando uma vítima deliciosa para fechar a grande mandíbula, os afrescos geométricos brancos na entrada não ajudavam nada para tirar essa impressão, pareciam dentes irregulares.
A boca, ou melhor, a entrada, era decorada com listras cavadas no concreto de que foi feita. Uma tentativa de manter a art-déco por toda a extensão da entrada, mas fazia a grande entrada tubular parecer uma minhoca, um grande verme saindo do chão.
Para entrar, descia-se pelas escadas rolantes, mesma coisa para sair, só que subia-se. Se não pudesse usar escadas rolantes, existia um elevador de vidro adornado por afrescos de ferro.
Todos se mantinham do lado esquerdo da escada, para caso alguém estivesse com pressa, corressem pelo lado direito, e foi isso que Bella e Alexey fizeram.
A estação era um grande tubo iluminado por lustres e decorado com figuras geométricas e linhas que formavam espirais cavados diretamente na parede. Também existiam intrínsecos murais de mosaicos, vários deles trazendo cor aos desenhos cinzas e retos. Os murais mostram trabalhadores, cidadãos, crianças, mostravam a força da união, mostravam a foice e o martelo e várias estrelas douradas e vermelhas.
Era tudo grandioso, grandioso demais.
Bella e Alexey correram até a bilheteria, compraram suas passagens e o registro de sua viagem ficou em pequenos cartões de plástico magnetizados que usavam para registrar passagens e créditos para pagar ônibus, trens, metrôs e táxis. A passagem foi barata, apenas 50 centavos cada um. Alexey se sentou num banco de madeira, Bella continuava de pé, ansiosamente cutucando os cantos de suas unhas longas, sempre olhando para os trilhos, esperando o metrô da linha correta.
Alexey olhou bem para Bella. Bella tinha um rosto bastante feminino.
Bella era naturalmente bonita, lábios grossos, olhos misteriosos em formato de amêndoas de íris marrom com detalhes verdes que se destacavam como esmeraldas, cílios grandes e escuros que destacavam o olhar. Corpo magro, porém com cintura bastante destacada, o que dava a impressão de seu quadril e ombros serem do mesmo tamanho, mesmo que não fossem. Bella não mostrava seu corpo pois estava usando roupas largas e masculinas, por conforto e proteção ao frio de primavera. Bella era esperta e teimosa, mas também gentil e inteligente, às vezes seu cérebro trabalhava tão rápido que seu corpo não respondia a tempo, aí que ele encontrava problemas, ou quando ela tem mil coisas na cabeça e não consegue se concentrar em nada.
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Ao Futuro
Historical FictionNuma utopia retro-futurista soviética, acompanhamos 4 amigos: Belladona, Alexey, Oleg e Igor em um mundo onde nem tudo, nem ninguém, é o que parece. E o que era uma vida normal de jovens russos se torna uma batalha contra poderes muito maiores que...