Capítulo 18 - Flutuando

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A confiança é algo que ganhamos com o tempo. Veja o exemplo de Ian D'ávila, que aproveitou o excesso de confiança do seu chefe e tentou lhe aplicar um golpe. Por causa disso, ele estava em busca de redenção e topou ajudar os colegas de trabalho.

Ian acordou na casa de André, após ficar de babá de Arnoldo. Ao chegar, André se surpreendeu com o crush que estava preparando o café da manhã. Pela primeira vez, Ian não estava usando roupas de trabalho, mas vestia as roupas de André.

— Tá bom. — disse André em tom de deboche. — Cadê o Ian, o que fizeram com ele?

— Seu babaca. — desdenhou Ian, que fazia ovos fritos. — E que história é essa de invadir o escritório do avô do venezuelano?

— Bem, a gente precisa do endereço do Noslen. O avô dele guarda no escritório. — explicou André sentando à mesa e deixando a mochila de lado.

— O Enzo vai atrás do venezuelano? Que loucura. — comentou Ian. — Enfim, estou em dívida com ele. — colocando um prato com ovos fritos na mesa.

— Tá mesmo. — retrucou André, que sentiu o seu coração ficar mais quente.

— Cala a boca e come. Ah, o teu irmão foi para a escola. Dei dinheiro para ele pegar um táxi. — contou Ian.

— Ele estuda aqui do lado...

— Garoto esperto. Garoto esperto. — repetiu Ian dando uma risada que iluminou o coração de André.

Ilhado em Roraima, Noslen passou quatro horas tentando conseguir uma carona. Ele desistiu quando a fome bateu. Ainda chateado por não haver ônibus para a Venezuela, Noslen seguiu para um restaurante ao lado da rodoviária.

Com fome e frustração, o jovem comeu quase um quilo de comida. Ele quase passou mal, mas não desistiu do prato. No auge de sua raiva, o venezuelano escutou uma conversa em uma mesa paralela. Um dos caminhoneiros seguia viagem para a Venezuela e estava reclamando com seus colegas.

Faltava pouco para o grupo chegar em Boa Vista, em Roraima. Celine assumia a direção e como regra colocou Enzo do seu lado como copiloto. Enquanto isso, Erick aproveitava para descansar, quer dizer, com a namorado e o irmão cantando "Evidências" se tornou algo impossível.

"E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração
Eu sei que te amo"

A música estremeceu o sistema de som do automóvel. E o lipsync dos dois fazia os ouvidos de Erick arder. Porém, ele nunca se sentiu mais feliz na vida. Afinal, os seus dois grandes amores estavam se dando bem e não precisavam de nada para manter uma conversa.

— Fiz a escolha certa. — pensou Erick, antes de pegar no sono.

Em Manaus, um grupo de pessoas chegou ao prédio do escritório de advocacia Yilmaz. Era a trupe de Enzo: Ian, André e Kleber. Os três precisam bolar um plano para 'invadir' o escritório do avô de Noslen e, assim, conseguir o bendito endereço da casa do venezuelano.

O trio ficou sentado na sala de espera, pois Yilmaz estava em uma importante reunião com empresários argentinos. A secretaria ofereceu água e eles aceitaram.

— André, você tem certeza que o endereço está no escritório desse velho? — quis saber Ian, quase cochichando.

— Sim.

— O Noslen contou para o Enzo, que o avô possui vários documentos e fotos da casa. Só precisamos encontrá-los. — explicou Kleber, que usava um bigode falso e uma boina.

— Claro. Uma informação nada vaga. — reclamou Ian, cruzando as pernas e tomando a água.

— Uê, você não é o rei do crime? — questionou Kleber fazendo Ian jogar um pouco da água para fora. — Use toda a sua expertise.

— Kleber. — interveio André.

— Eu só disse a verdade.

— Garoto de programa. — Ian soltou.

— Trambiqueiro. — Kleber disse de volta.

— Ei, — André gritou, mas logo baixou o tom de voz. — vocês dois. Estamos aqui para ajudar o Enzo. Parem de brigar. Meu Deus. Parecem duas crianças.

— Ele que começou. — se defendeu Ian, antes de terminar de tomar a sua água.

— Ele que começou. — Kleber imitou Ian e cruzou os braços.

Um Venezuelano na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora