Capítulo 15: Você não está sozinho

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O final de semana formou um novo casal em Manaus. A vida poderia ter muitos obstáculos, mas Enzo Gabriel se sentiu indestrutível naquela segunda-feira pela manhã. O jovem vestiu as melhores roupas, passou o perfume favorito e comprou um café da manhã reforçado. Ele passou na casa de Noslen, que já o esperava para mais um dia de trabalho.

A recepção do venezuelano foi um beijo doce, lento e apaixonado. Com uma das mãos, Noslen acariciou o rosto de Enzo, que se entregou e aproveitou cada toque. Um casal apaixonado não quer guerra com ninguém. Infelizmente, eles não poderiam ir além dos beijos, pelo menos, naquele momento.

Ao som de Francisca Valenzuela, uma cantora chilena que virou meio que a trilha sonora delas, os dois seguiram caminho. A canção da vez era "Ya No Se Trata de Ti". Por um momento, Noslen até esqueceu da reunião que teria com o homem misterioso. A música era uma das poucas coisas que o faziam relaxar e aproveitar.

Nos últimos meses, a relação dele com o Enzo se tornou um porto seguro. Havia uma cumplicidade entre o casal, algo que ultrapassava todas as barreiras internas, isso era válido para os dois. Enzo se tornou alguém mais leve, enquanto o Noslen deixou de lado a tristeza que o consumia por dentro.

Há muito tempo, o jovem venezuelano não se sentia um estranho em Manaus. Ele conseguiu construir uma rede de amigos que supria todas as suas necessidades sociais e emocionais, principalmente, a família de Enzo. Afinal, Erick se tornou uma figura fraternal para Noslen e o aconselhava de diversas maneiras.

Por outro lado, o empresário Ian D'ávila ficou encurralado devido às suas próprias mentiras e planos malignos. No fundo, ele se arrependeu, mas não queria dar o braço a torcer. Muito pelo contrário, ele manteve a sua pose e criou uma armadilha para Diana.

A jovem secretária nem de longe parecia a que entrou na empresa meses atrás. Ela estava mais segura de si e se sentia poderosa, ainda mais por estar ameaçando o seu irmão postiço. Isso mesmo. Diana entrou na Techland para dificultar a vida de Ian e sua família.

— O Ben quer saber se você já tem a primeira parte do dinheiro? — perguntou Diana ao entrar na sala de Ian.

— Claro, irmã. — respondeu Ian com um tom irônico. — O dinheiro está aqui. — colocando um maço de dinheiro sobre a mesa.

— Do que você me chamou? — questionou a secretária, arrumando os óculos.

— Irmã! — disse Ian, quase soletrando a palavra. — Achou mesmo que eu não descobri a sua origem, bastarda?

— Você está ficando louco. Isso é...

— Verdade. Bem, não foi difícil descobrir a verdade, afinal, parecemos ter o mesmo sangue. Você é muito patética. Porque veio atrás de mim, uma vez que poderia entrar na empresa do velho? — quis saber Ian, cruzando as pernas e curioso para saber a verdade, mas não obteve nenhuma resposta da irmã. — Qual é, bastardinha. Conta logo eu não tenho o dia todo.

— Eu não sou bastarda! — gritou Diana se exaltando, mas recobrando a compostura. — Eu descobri isso através de uma carta da minha mamãe. Ela trabalhou para a sua família e, aparentemente, o teu pai não conseguia manter o pinto dentro das calças. E cá estou eu. — abrindo os braços. — Feliz, irmão?

— Claro, — soltou Ian. — velho asqueroso. — murmurou. — Bem, bastarda. Sinto muito lhe dizer, mas veio para o lado errado da família. Deveria ter investido no Iago ou Icaro, eles são os tapados da família. — garantiu.

— Acha que eu não tentei? Seu pai logo descobriu a minha origem e não tive nem chance de ir para as entrevistas na empresa dele. Eu soube que você trabalhava aqui e tentei a sorte.

Um Venezuelano na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora