Prefácio

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A tarde estava calma. Os pássaros cantavam, algumas crianças brincavam na rua, aproveitando seus últimos dias de férias.  Los Angeles estava quente, mas não muito; era um calor agradável. O céu escurecido, avisava que a noite estava por vir. Se podia ver o sol se pondo ao fundo. O restaurante tinha uma visão ampla da tão conhecida roda gigante no pier de Santa Mônica.

Era um lugar lindo de se estar. Um restaurante praiano, amadeirado, uma sensação de liberdade. Dava-se para ouvir as batidas das ondas, que não ficavam tão distantes dali. O ambiente era calmo, a brisa do mar trazia leveza e os pratos, incríveis.

Mas toda aquela sensação de felicidade, naquele momento, se tornou um misto de desespero e confusão. Aquele não era um bom dia, nem uma boa notícia para se receber em seu local favorito.

Dali em diante, para Lauren, o restaurante The Albright, se tornaria o lugar onde recebeu a notícia mais inusitada de sua vida;

— Grávida? — indagou novamente, segurando o papel em suas mãos.

Lauren não tinha costume de beber durante a tarde, principalmente quando mais tarde iria visitar seus pais, mas desde que chegou naquele restaurante, algumas horas antes, ela sentiu que precisava daqueles copos de uísque, mais do que precisava de ar em seus pulmões. E ela, de fato, esqueceu como se respirava por diversas vezes, naquele dia. Aquela tarde de terça-feira carecia de uma boa dose de uísque.

— Eu preciso repetir isso quantas vezes? — Camila, sem paciência.

Lauren piscou por alguns segundos, tentando buscar algum sentido naquelas palavras. Havia desistido, enfim, de achar algum erro naquele exame em suas mãos. Não tinha erro, não era brincadeira, nem piada. Ela estava grávida.

Era até cômico.

Elas praticamente cresceram juntas, por conta de suas famílias. Filhas de dois melhores amigos que saíram juntos de Cuba com suas respectivas famílias para tentar algo na cidade dos sonhos; Los Angeles.

Desde sempre, praticamente obrigadas a passarem tempo juntas. Por terem alguns meses de diferença, até estudaram juntas. As mesmas classes, os mesmos professores, tudo. O maior problema era que, por mais que a pequena Camila tentasse, a pequena Lauren não gostava muito daquelas interações. Odiava ter que passar tempo com a latina e sempre que podia, implicava com a pobre garota.

Mas as coisas mudaram com a chegada da vida adulta. Lauren passou a ver a latina com outros olhos; uma mulher e tanto. 1,57 de pura malemolencia cubana. Olhos castanhos, cabelos longos, um sorriso de tirar o fôlego e um corpo esculpido por Deuses. Lauren não saberia explicar o exato momento em que percebeu aquela evolução de garotinha magrela e chata, para uma mulher linda e chata.

Mas, lá estava ela, dois anos depois. No mesmo lugar de sempre, recebendo aquela notícia.

— Deixa eu ver se entendi... — pigarreou a mais velha, deixando os papéis na mesa. — Você está grávida.

— Sim. Fazem exatamente meia hora que eu estou te dizendo isso.

— Não entra na minha cabeça, Camila!

— Uma coisa específica sua entrou num lugar específico meu e eu engravidei. O quê não entra na sua cabeça?

— É meu..?

— Você acha que eu estaria aqui, testando a minha paciência, se não fosse seu, Jauregui?

— Não sei, Camila. Você tem certeza que é meu?

— Sim, meu bem. É seu filho. Mais alguma pergunta óbvia?

— Não. — Lauren encosta na cadeira e bebe o último gole de seu uísque. — Do quê você precisa?

Baby on board! (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora