Capítulo Dois.

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Após as primeiras cinco horas de aula, Ramona deixou o Lincoln Center e seguiu para a Times Square. Tinha combinado de almoçar com a mãe naquela tarde e já estava um pouco atrasada. Carmen tinha pedido para encontrá-la no teatro em que estava trabalhando atualmente. A mãe de Ramona cuidava do figurino da nova produção de Mean Girls, mais um trabalho que pagaria os custos de aluguel e tudo mais daquele mês.


Ramona seguiu de bicicleta pelas ruas até o Belasco Theatre e foi até a parte de descarga do teatro, prendendo a bicicleta no local e em seguida indo até a porta de entrada dos funcionários. Dava algumas batidas na porta até abrirem. Um homem fitava Ramona de forma curiosa, sem entender o porquê ela estava ali.


⸻ A entrada das bailarinas é do outro lado. ⸻ O homem informava.


⸻ Não, eu não sou bailarina desse teatro. Na verdade, de teatro nenhum, vim encontrar minha mãe. Carmen Guerra, ela é figurinista. ⸻ Ramona dizia ao fita-lo.


⸻ Ah, você é a Ramona. A Carmen falou que você vinha. ⸻ Dizia ele ao abrir a porta para que Ramona entrasse. ⸻ Vem, vou te levar até a área das costureiras. ⸻ O homem informava enquanto caminhava pelo local. Ramona atravessava alguns corredores em meio a cortinas e escadas apertadas. Mona já estava habituada com aquele tipo de lugar, vivia em teatros como aquele desde que se entendia como gente e sempre, desde pequena queria estar ali, só que do lado de fora da cortina e não como sua mãe.


⸻ Eu não sei o seu nome.. ⸻ Ramona falou ao chamar a atenção do homem.


⸻ Pode me chamar de Joe. ⸻ Ele respondia ao sorrir por cima do ombro. Joe era alto e forte, devia ter uns trinta e poucos e provavelmente era um dos contrarregras, ou seja, um faz tudo do teatro. Ele tinha cara de faz tudo. De quem literalmente fazia tudo ali, inclusive buscar a filha da costureira na entrada de serviço.


⸻ Certo, Joe. ⸻ Ramona respondia, porém, o seu olhar corria pelo local ao observar a correria que acontecia ali. Alguns bailarinos caminhavam e fofocavam enquanto outras pessoas iam caminhando com alguns figurinos e objetos de cenário. 


Ela reconhecia uma outra costureira, Jane era amiga de sua mãe há anos e elas sempre pegavam trabalho juntas. Ambas acenavam de forma tranquila uma para a outra ao sorrirem, mas Jane saía correndo com algumas roupas em mãos. Quando chegaram a uma pequena porta, Joe dava duas batidas e logo a voz de Carmen soava com o "entra" de sempre.

O homem abria a porta para Ramona entrar. ⸻ Está entregue, Carmen. ⸻ Ele dizia e logo Mona entrava na "sala" de Carmen. Aquela ao menos era maior do que as outras em que sua mãe trabalhava. 

Havia algumas cadeiras ali e uma poltrona confortável, além de três manequins de tamanhos variados, duas máquinas de costura e diversas araras de roupas. Um espelho de quase dois metros de altura estava num canto com uma luz sob ele.

Carmen erguia o olhar para Ramona, sorrindo e levantando-se. Era uma mulher de quarenta e poucos anos com longos cabelos pretos presos num coque desarrumado, mas com alguns cachos caindo pela sua face. Era magra e tinha uma pele mais clara que a de Ramona, mas a semelhança entre as duas era gritante, principalmente as maçãs protuberantes das bochechas.


⸻ Gracías, Joe! Fico lhe devendo essa. ⸻ Carmen dizia ao jogar charme para o homem, Ramona percebendo é claro.

Um espetáculo de CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora