10 anos depois...
Alicia
Sinto uma leve impressão na barriga, os nervos estão dando cabo de mim. Faltam cerca de 10 para chegar à casa da minha mãe.
Não sei o que ela vai dizer quando me vir entrar pela porta, se me vai mandar embora,se me vai abraçar eu tenho medo, muito medo que ela me rejeite diga que não sou sua filha.
Mas espero que ela compreenda que eu não conseguia ficar aqui a culpa consumia-me a cada minuto que eu passava nesta cidade onde tanta coisa aconteceu de mal.
Neste momento estou a passar pela avenida principal da cidade,já ninguém me conhece e eu dou graças a deus por isso,não ia aguentar ouvir toda a gente a comentar sobre o meu regresso à cidade.
Vou andando calmamente até que ouço uma voz que faz meu coração bater fora do compasso:
-Aly...
Nada digo apenas continuo a andar, ele volta a chamar e agora já não tenho dúvidas é ele, é Kyle...
A única pessoa que me podia reconhecer passados todos estes anos eu começo a andar mais depressa e ouço os seus passos atrás de mim,começo a correr em direção ao bosque até que uma mão me agarra e me faz virar,fico a cm de distância dele,sinto sua respiração na minha pele.
-Aly, porque fugiste de mim?
Ao ouvir estas palavras meu coração parou olho para ele com os olhos marejados mas não deixo nenhuma das lágrimas que ficaram guardadas durante este tempo todo cair e digo:
-A Aly já não existe, a Aly morreu à 10 anos naquele bosque,agora o que restou foi apenas uma menina fria e sem sentimentos chamada Alicia...
Dito isto viro-me e continuo o meu caminho em direção aquilo que outrora eu chamara de lar, agora as lágrimas escorrem pela minha cara com toda a força e um soluço escapa da minha garganta.
Eu achava que estava preparada para voltar mas as lembranças daquele dia ainda estão bem presentes na minha mente e acho que elas nunca vão desaparecer.
Chego à minha casa e os nervos tomam conta do meu corpo minhas mãos mexem-se na freneticamente enquanto o meu cérebro se prepara para mil reacções diferentes.
Olho em volta esta exatamente tudo igual como estava à 10 anos quando parti, a velha cadeira de balanço da minha mãe ainda está na varanda debaixo do alpendre, o canteiro de flores ao lado da casa continua verdejante como sempre.
Finalmente ganho coragem e bato à porta, o som ecoa pela clareira onde se situa a minha casa,ouço o som da fechadura a rodar e a porta abre-se revelando a figura esbelta de minha mãe.------------------------------------------------------
Kyle na Multimédia