A Importante Conversa

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Quando chegamos ao Beco a Selena dá-me uma chave.

S: É a chave da casa da mãe!

Sp: Obrigado filha.

Peguei na chave e sai do carro. Quando entro na casa, a Renata está no banheiro a vomitar. Vou até a cozinha buscar um copo com água.

Sp: Toma linda. Vem que eu te ajudo a sentar aqui na cama!

R: Obrigada!

Sp: Já comeste algo desde que saíste do HP?

R: Não...

Sp: Então espera aqui, vou buscar alguma coisa à cozinha para comeres.

R: Mas o que estás aqui a fazer? – gritou ela do quarto.

Sp: Só encontrei estas bolachas. Come para enganares o estomago.

R: Não respondeste à minha pergunta! – falou ela na defensiva.

Sp: A Selena me chamou.

R: Pra quê? Foi só um mau estar.

Sp: É sério que vais fingir que nada aconteceu? Ou vais me dizer que tudo não passa de ansiedade ou stress como me disseste na viagem?

R: ... - Ela não me respondeu.

Sp: Porquê que não me contaste?

R: Não tens esse direito Spok! O bebé nem teu filho é...

Sp: Tens a certeza que não tenho direito de saber? Tens a certeza que não existe uma hipótese de ser meu filho?

R: Tenho, esta criança não é teu filho!

Sp: Sabes ao menos de quantas semanas estás?

R: Três semanas.

Sp: Tens a certeza?

R: Tenho, não existe qualquer hipótese...

Sp: Renata, eu falei com o Gustavo. Ele contou-me tudo, incluindo as semanas. – disse o mais calmo possível – Estás com 5/6 semanas de gravidez. Ainda achas que não existe uma hipótese?

R: Spok...

Sp: 6 semanas Renata! Estivemos juntos há 6 semanas atrás, 11 dias depois voltamos a estar juntos e tu já não estavas bem. Não acredito que não exista uma mínima possibilidade.

R: Spok... - os olhos dela começam a encher-se de lágrimas.

Sp: Está tudo bem! Eu estou aqui...

R: Não, não estás. Não estás aqui já faz 4 meses.

Sp: Como assim?

Estava a tentar entender toda esta situação, mas ela não queria nem olhar para a minha cara quanto mais explicar-me as coisas.

Sp: Renata, deixa-me ajudar. Deixa-me entender...

R: Achas que vale mesmo a pena? Achas que consegues mesmo ajudar-me? – diz ela indo em direção à sala.

Sp: Como assim? Não estou entendendo.

Ela claramente estava abalada. A sua voz tremula indicava que a qualquer momento ela desabaria...Mas porquê que ela estava assim?

Sp: Renata...Explica-me, deixa-me ajudar!

R: Como é que me queres ajudar Spok? Não fui eu que abandonei os meus dois filhos e o meu marido há três meses atrás por causa de uma viajem, depois de ter voltado de uma outra viagem. Foram quatro meses Spok! Quatro meses de abandono! – e ela só desabou.

Sp: Mas...

Nem sabia o que dizer ao certo! Não tinha nem palavras para confortar naquele momento a mulher que eu amava. Apenas abracei-lhe e deixei ela chorar tudo o que tinha para chorar!

Mas porquê que ela nunca me disse isso? Porquê que ela não me ligou a pedir para voltar? Porquê que ela nunca partilhou comigo essa dor que ela tinha? Como é possível eu tê-la magoado tanto?

Uma gravidez no meio da SeparaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora