Boa leitura ❤️🔥
CAPÍTULO DOIS
Após mãe e filho jantarem em total silêncio e desconforto com o barulho dos talheres batendo nos pratos mais alto do que as próprias respirações, Fabinho foi para o seu quarto o mais rápido para tentar não pensar em nada ao mesmo tempo que tentava pensar em como sair daquela mediocridade que a sua vida se encontrava, e no caminho para o cômodo roubou da mãe uma revista qualquer que estava jogada no centro da mesa da sala de estar assim que notou quem estava estampada naquela capa.
— Mayara, quer dizer, Amora, você que deu sorte nessa merda toda, e nem merecia. — Resmungou o garoto ao observar a antiga "amiga" com o rosto sensual naquela capa de revista famosa usando roupas de grife favorecendo a marca.
Eles nunca haviam se gostado, isso era um fato, Fabinho nunca havia ido com a cara de Mayara, era igual aquela famosa frase, o santo dos dois não se batiam, e isso foi desde o primeiro momento que cruzaram os olhos um no outro, e os dois eram apenas crianças, mas era como se não conseguissem ficar muito tempo em um ambiente sem brigar.
Mas não eram brigas iguais que ele tinha com Giane, onde tudo era provocativo como um jogo interno entre os dois que se divertiam – mesmo sem admitir – que adoravam se provocar, com Mayara eram brigas feias quase como se fossem sair da briga de boca a boca e partir para o físico.
ANTES
Crescer em um lar de adoção não era fácil, não que pudesse reclamar do tio Gilson e da tia Selma, eles eram ótimos com Fabinho, mas crescer sabendo que foi abandonado pelos pais era quase insuportável de aguentar.
Por mais que adorasse os seus cuidadores, eles ainda não eram capazes de curar as feridas de um coração de uma criança abandonada.
Todos os dias antes de dormir, Fabinho se questionava porquê do abandono que sofrera, e na maioria das vezes tentava não se culpar por aquilo, tentava não se auto depreciar, mas era extremamente difícil nos momentos que se encontrava sozinho no quarto que dividia com Bento.
Naqueles momentos, enrolando em um cobertor de seus super-heróis preferidos era tão inevitável não se sentir um inútil ao ponto de nem os próprios pais o quererem que quando menos percebia já estava chorando agarrado ao seu ursinho Ted que era o único objeto que seus pais biológicos haviam deixado com ele antes de partir.
Aquela sensação de insegurança e inutilidade o arremessava com ainda mais força no fundo do poço quando todos daquela maldita casa pareciam somente enxergar os seus erros enquanto passavam a mão na cabeça de Bento.
Ele jurou que tentaria ser amigo de Bento e por um momento achou que isso era possível, mas logo a realidade se fez presente e Fabinho jamais conseguiu ter alguma simpatia pelo colega de quarto.
O que era irônico já que ambos tinham muito em comum na visão de Fabinho, ambos foram indesejados pelos próprios pais, mas mesmo com essa carga que carregavam em suas costas que daria a oportunidade de se aproximarem e se identificarem, as diferenças ainda eram bem visíveis.
Bento era o perfeitinho, o queridinho, o bonzinho.
Fabinho era o próprio poço de defeitos, aquele que ninguém parecia querer por perto, o vilão.
Todas aquelas crianças dali cometiam erros, mas Fabinho, por ser o mais bocudo e sem papas na língua, era o único que apontavam sempre o dedo para criticar toda vez que errava um único passo.
Se Bento quebrasse um vaso jogando futebol dentro de casa, coitado, não foi culpa dele que a bola foi acertar justamente o vaso da sala de estar.
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nothing is like us - história fabine
RomanceCansado da vida que leva após o seu pai adotivo falir, Fabinho decide voltar para a casa verde em busca não somente do seu pai biológico como também em busca da sua herança, porém voltar ao antigo bairro que morava é também voltar nas memórias do pa...